Depois de sofrer um ano e meio
de devastação nos negócios, fazer uma autocrítica e avaliar o que aconteceu “de
verdade” pode ser muito valioso para o futuro.
Essa análise não pode ser
descuidada e nem viciada. Nesse caso a
melhor forma de poder classificar erros e acertos é saindo de “dentro da
caixinha” para uma visão ampliada.
Como disse Einstein: “Nenhum
problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou. É preciso ir mais longe”. Então, o ideal é
afastar-se e olhar para o conjunto.
Em primeiro lugar vamos
separar duas questões. A pandemia e a
crise natural da empresa.
A pandemia, contribuiu
sobremaneira para o fechamento de muitas empresas no Brasil. Estima-se que mais de 800 mil encerraram suas
atividades, até agora, em consequência direta ou indireta da crise Econômica
gerada por ela. Mas a despeito do cenário atual, as empresas continuamente
enfrentam problemas internos, oriundos principalmente da má gestão ou de erros
ocasionais, que contribuem para seu enfraquecimento e morte. E é sobre isso que
trato aqui, sem negligenciar os efeitos devastadores da COVID. Mas vale lembrar que a Economia oscila
sempre, mesmo quando não existem fatores como pandemias ocorrendo. Administrar
com competência e se aproveitando das lições vivenciadas ao longo da gestão,
faz toda a diferença nesse enfrentamento.
Para elencar desses erros,
destaco que muitos deles se apresentam disfarçados e podem passar sem serem
percebidos.
Um deles, por exemplo, é o
excesso de confiança dos gestores, que é quando se acredita que tudo está bem e
que nada de mal pode acontecer se continuarem sendo aplicadas as mesmas
estratégias de sempre.
Outra falha grave é não
estabelecer metas progressivas e mais audaciosas. Quando estamos faturando e “pagando as
contas”, temos a falsa impressão de que está tudo bem. Mas sem um orçamento que mostre o crescimento
das despesas e custos, não nos damos conta da consequente necessidade de
aumentar as metas de produção e vendas gradativa e continuamente.
Ficar voltado para dentro de si
mesmo, é outro entrave no crescimento e segurança do negócio. Há que se perceber as mudanças do mercado, as
tendências de produtos e serviços mais viáveis e principalmente, o clamor dos
clientes. Tem empresas que se esquecem dos clientes, achando que eles
simplesmente vão continuar comprando e usando os seus serviços, independentemente
de quando ou como são atendidos.
Mas aqui vai o principal
equívoco, segundo apurei, para que uma empresa perca posição e agonize mesmo depois
de estar em uma confortável posição.
Desprezar os sinais contínuos, pequenos e simbólicos. Reclamações de clientes, insatisfação e alta
rotatividade de colaboradores, aumento da inadimplência dos devedores, a não
análise de custos ao se investir, comprar ou negociar e a falta de planejamento
(pensar) do gestor.
Esses sinais ocorrem o tempo
todo e por isso é preciso aos gestores não desprezá-los, tratando-os com
atenção. Uma prática que administradores precisam manter é a de pensar, pensar
e pensar sempre, praticar essa arte, principalmente antes de comprar, vender,
contratar, demitir e mesmo criar qualquer coisa.
Todos já vimos microempresas
que, ao crescer de repente, logo saem do jogo.
E por quê? Por não se atentarem a
esses sinais logo que se iniciam. Não se criaram estratagemas e métodos como se
deve fazer em um jogo de xadrez. Fica-se
muito preocupado com grandes e novos problemas como concorrência, ampliação,
posição no cenário e não se nota o tabuleiro se movimentando rápido. Estabelece-se
um novo foco no crescimento, em detrimento aos cuidados habituais. Há uma
máxima bem clara sobre isso. “Ninguém
tropeça em montanhas. A gente cai por
não perceber as pequenas pedras pelo caminho”.
E essas pedras são esses sinais.
Um gestor eficaz, não
desperdiça qualquer indício. Ele observa os detalhes. Além disso é em
circunstâncias assim que se apresenta como líder. Motiva e dá exemplos.
Quando temos funcionários que
acreditam estar dando seu máximo, então estamos mal servidos. Pessoas comprometidas sabem que nunca
conseguem dar seu máximo. Estão sempre
buscando melhorar.
Quantas vezes você viu sua
equipe buscando, por conta própria, informações para uma melhor formação,
treinamentos para ampliar a performance?
E você, os incentiva e favorece essa possibilidade?
E o exemplo? Como gestor você é o primeiro a chegar, o
último a ir embora? Está sempre lendo
algo novo e promovendo reuniões engrandecedoras? Ou deixa tudo nas mãos de gerentes e outras
lideranças? Devia saber que os chefes
são admirados (quando bons) e isso faz com que os funcionários comentem suas
falas a noite em casa, pois aprenderam algo importante no trabalho, naquele dia
e desejam partilhar com a família. Ao contrário sentem desprezo ao verem um
líder fraco, preguiçoso, vaidoso, arrogante ou que simplesmente exige mas não
faz, não mostra e não dá exemplos. Geralmente esses funcionários trocam seu
emprego por qualquer outro, pois não estão só atrás de salário, mas da
segurança que um bom administrador inspira.
Um verdadeiro líder, quase não
precisa mandar. Suas boas ideias sendo
apregoadas mostram o caminho. Além
disso, sua presença constante na empresa já é suficiente para ganhar, de todos,
o comprometimento.
Repetindo. Um gestor admirado
inspira. Ao desejar e projetar o crescimento da empresa, gera lucros para todos
à sua volta e assim muitos quererão trabalhar ao seu lado por confiar e crer
num futuro promissor.
Seja criativo, dedicado, faça
o que prega, promova a confiança e o reconhecimento. Se torne uma grife e será copiado e temido
pelos concorrentes e adversários.
Líderes que vivem querendo provar que estão certos afastam, mas quando
ouvem seu grupo com humildade, geram afeição e motivação. Seja atento às ideias boas. O mar é
grandioso, pois colocando-se a níveis abaixo dos rios, recebe desses as águas
que compõem sua grandeza.
Veja. A culpa de todas as mazelas, não é apenas da
gestão. Mas passa obrigatoriamente por
ela. Seja um gestor diferenciado e
dificultará a queda nos resultados. Seja atento aos pequenos sinais e não caia
naqueles erros disfarçados.
Por fim, não se pode deixar de
ousar. Evitar maus resultados é
indispensável. Mas se quiser manter a
empresa em um nível de vida razoável e promissor diante de crises, não basta se
manter. Devemos também querer crescer. E
crescer é um verbo que sucede o arriscar. Mas isso é uma outra conversa.
Texto Publicado DLNEWS - 02/06/2021
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