terça-feira, 30 de março de 2010

Mania de espiar (Big Brother).


A opinião pública, chefiada evidentemente pela mídia de massa, dá mais atenção ao caso da menina Isabela que ao do ex-governador Arruda, do Distrito Federal.
Algúem poderá me corrigir e dizer: "Esse insensível não vê a gravidade composta pelo drama de uma família"? Eu responderia: "Tu o disses". É o drama de uma família. Sem dúvidas algo grave. Uma criança indefesa, vítima de doentes, ou no mínimo, desprotegida por quem devia ter zelado por sua segurança. Mas é o caso particular de uma família. Hà muitas Isabelas no dia-a-dia, tenha certeza. Crianças que são desamparadas por quem devia delas tomar conta. Crianças violentadas, agredidas ou abusadas por pais, padrastos, tios, vizinhos... Que passam incólume por não pertencerem sequer à classe média.
Há dois anos este caso toma as manchetes, burila as discussões nos barzinhos numa insana necessidade de "meter-se na vida alheia" que todos adquirimos.
Ao inverso de tudo isso, questões públicas como o desvio de dinheiro evidentes em casos como do governo do Distrito Federal ficam em segundo ou terceiro plano. Ninguém sequer comentou o fato da Interpol ter colocado os Maluf no código vermelho.
A dengue em Rio Preto segue violenta. E por aí vamos.
Sim, são notícias que saem, aparecem... mas em "caixa pequena".
Enquanto isso ficamos valentes, nos achando justificados porque os Nardoni pegaram 30 anos de prisão.
Partilho sim da dor desta mãe, como partilho da dor da mãe de todas as crianças assassinadas, esfomeadas, agredidas, desaparecidas... Mas desejo de coração que nossa imprensa se paute em questões menos particulares e tripudie menos sobre a dor das pessoas, dedicando-se à relevância do conjunto (sociedade). Desculpe se pareço cruel.

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