segunda-feira, 1 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher - 8 de março



Texto retirado do Boletim Eletrônico do Movimento de Mulheres Camponesas especial do 8 de março.

Todo o ano ao se aproximar o
Dia Internacional da Mulher – 8
de março a sociedade se mobiliza
de muitas formas. As mulheres são
convidadas para participar de audiências
públicas, festas, homenagens, recebem
flores, enquanto isso muitas mulheres
se reúnem, denunciam, reivindicam direitos,
estudam, questionam agindo no
meio em que atuam. São atividades com
objetivos bem diferentes. Algumas visam
acomodar as mulheres para suportar
e aceitar a tripla jornada de trabalho, outras,
fazem da data uma reflexão do papel
da mulher na sociedade e denunciam
a exploração dos poderosos, a opressão
patriarcal propondo novas relações.
Na historia de organização do
Movimento de Mulheres Camponesas
aprendemos e ensinamos que o Dia Internacional
da Mulher tem origem em
uma greve, que aconteceu em Nova Iorque,
em 1857. Neste fato 129 operárias
morreram depois de os patrões terem
incendiado a fábrica ocupada por elas.
Registros deste acontecimento foram encontrados
em março de 1955, na França
e também em Berlin Alemanha em 1966.
Mas será que foi assim mesmo?
O fato acima mencionado
tem sido repetido
muitas vezes, de diversas
formas e consolidou essa
idéia de que a origem
do 8 de março se deve à
morte das 129 operárias
queimadas na fábrica1.
Entretanto, alguns estudos2
que buscaram aprofundar
a importância da
luta histórica das mulheres
trabalhadoras, encontraram
registro de duas
greves que aconteceram
em épocas diferentes. A
primeira foi uma greve
geral, de costureiras, que
durou de 22 de novembro
de 1909 a 15 de fevereiro de 1910.
Durante a segunda greve em 1911, em
Nova Iorque - Estados Unidos, no dia
25 de março houve um incêndio, causado
pela falta de segurança nas péssimas
instalações de uma fábrica têxtil. Morreram
146 pessoas, na maioria mulheres
imigrantes judias e italianas. Este acontecimento
muito triste onde uma fábrica
pegando fogo, com dezenas de operárias
se jogando do oitavo andar, em chamas,
comoveu e chamou atenção de muitas
pessoas para a denúncia dos crimes cometidos
pelos patrões e pelo processo
de industrialização capitalista contra as
trabalhadoras(es). Daí a relação entre o
fato divulgado e sua relação com a data
comemorativa de luta das mulheres.
É importante lembrar que no inicio
do século XX, as mulheres enfrentavam
muitas dificuldades de trabalho na
indústria. Isso influenciou para que muitas
mulheres e homens se organizassem
propondo práticas, princípios, valores e
idéias para construir uma nova sociedade.
A jornada de trabalho das mulheres
chegava até 17 horas diárias. Trabalhavam
em condições insalubres,
eram submetidas
a espancamentos e abusos
sexuais sem contar que o
salário das mulheres chegava
a ser 60% menores
que o salário dos homens.
Esta realidade fez
com que as mulheres desencadeassem
formas de
organização e reivindicação
em muitos países. As
lutas das mulheres foram
assumindo dimensões e
perspectivas nacionais e
internacionais. Eram lutas
locais, específicas e
gerais que foram fazendo
com que às mulheres
conquistassem visibilidade. Durante a II
Conferência Internacional de Mulheres
Socialista, realizada em 1910 na Dinamarca,
Clara Zetkin, propôs que o 8 de
março fosse declarado como o Dia Internacional
da Mulher Lutadora. No ano
seguinte, muitas mulheres se manifestaram
denunciando as injustiças, violência
e exploração exigindo direitos sociais e
direito ao voto. E assim sucessivamente
o dia 8 de março ficou consolidado com
DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
Na Rússia em 1913, foi realizada a
Primeira Jornada Internacional das
Trabalhadoras pelo voto feminino. As
manifestantes foram reprimidas pelo rei.
No ano seguinte todas as líderes organizadoras
da jornada foram presas. Nem a
perseguição, nem a prisão silenciaram as
mulheres. Alexandra Kolontai, dirigente
feminista da revolução socialista escreveu
em 1917: “as mulheres russas deixam
o trabalho e saem às ruas corajosamente,
no dia internacional das mulheres denunciando
a fome, a guerra e a opressão do
rei”. Esta decisão das mulheres mudou
a história da Rússia e confirmou o Dia
Internacional da Mulher como um dia de
luta por direitos e denúncia da opressão
patriarcal e da exploração do capital.
Assim em todo mundo as mulheres
se mobilizavam pelo direito ao voto,
a participação política na sociedade
e direitos sociais.
A sociedade capitalista e patriarcal
sempre tentou esconder e desvirtuar
a luta universal das mulheres por
uma nova sociedade. Para alcançar este
objetivo a ONU institui a década da mulher
de 1975 a 1985 e permite o reconhecimento
do 8 de março como o seu dia.
Logo após, em 1977, a Unesco oficializa
este dia como o Dia da Mulher, fazendo
referência às 129 operárias queimadas
vivas. Em pouco tempo o mundo todo
conta esta história desta maneira. Mas
isso não impediu a visibilidade da luta
das mulheres trabalhadoras.
As lutas pela libertação da mulher
nasceram em terra fértil do movimento
socialista mundial, no final do século
XIX e começo do século XX. Compartilhamos
das idéias de que a origem do 8
de março está associada a um conjunto
de fatos, acontecimentos e lutas contra a
exploração dos patrões, contra o machismo,
contra a desigualdade social entre
mulheres o homens, mais especificamente
nos dias atuais contra a violência do
agronegócio, do latifúndio, dos monocultivos,
que se aproveitam das desigualdades
criadas historicamente e culturalmente
para continuar impondo sobre as
mulheres uma dupla carga de opressão/
exploração.
Histórias de mulheres lutadoras,
contadas e resignificadas!
1 - http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/dia-internacional-da-mulher/historia-de-8-de-marco-1.php, p1. acessado em 6 de fevereiro de 2010.
2 - 8 de março. Dia Internacional da Mulher: em busca da memória perdida. SOF - Sempreviva Organização Feminista. SOF: www.sof.org.br - sof@sof.org.br
O 8 de março continua
sendo dia de luta por
novas relações de
gênero e classe, direitos
sociais, políticas públicas
e transformação social.
Esta data vem sendo
construída em todos
os lugares por mãos
de muitas mulheres
lutadoras que desejam
e sonham com uma
vida justa, baseada na
igualdade, condição
para ser feliz.

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