segunda-feira, 22 de março de 2010
Democracia, utopia ou ficção?
Crônica do amigo Antônio Cáprio de Tanabi.
Lendo aqui e ali e escrevendo, em algumas vezes encontramos textos ou artigos que nos encantam pela simplicidade e objetividade, bem como um realismo que transcende a qualquer amontoado de palavras. Rubens Alves é um destes estudiosos que merece destaque. Seu livro ‘Desfiz 75 anos’ da ed.Papirus,2009, trás um artigo denominado ‘ Lições de Política’, que, resumidamente diz: em razão da democracia, os cidadãos escolhem seus representantes nas três esferas de governo por meio de votos. Atenas fazia assim há um bom tempo. O sistema de voto representativo lembra nossa Atenas. Desta forma, eleito um vereador, um deputado, um senador, um prefeito, um governador, um presidente, estes abrem mão de seus interesses para cuidar apenas dos interesses do povo que eles representam. É assim na teoria.
Na prática, as raposas, devotas de são Francisco, sabem que é dando que se recebe. Assim, movidas por esse ideal espiritual, elas dão muito milho para as galinhas. As galinhas, interesseiras e tolas, tomam esse gesto das raposas como expressão de amizade. A abundância do milho as faz confiar nas raposas. E como expressão da sua confiança nascida do milho, elas elegem as raposas como suas representantes. Eleitas por voto democrático, às raposas é dado o direito de fazer as leis que regularão o comportamento das galinhas.
As leis que regem o comportamento das raposas não são as mesmas que regem o comportamento das galinhas. Sendo representantes do povo, precisam de proteção especial. Essa proteção tem o nome de ‘privilégios’, isto é, leis privadas que se aplicam aos poucos especiais. Privilégio é assim: raposa julga galinha. Mas galinha não julga raposa. Raposa julga raposa. Logo, raposa absolve raposa.
Na democracia todos os cidadãos são livres e têm o direito de exercer a sua liberdade. As galinhas são vegetarianas e têm direito de comer milho. As raposas são carnívoras e têm o direito de comer as galinhas. A vontade das galinhas, ainda que seja a vontade de todas as galinhas, não tem valia. Vontade de galinha solitária só serve para escolher seus representantes. A vontade que tem poder é a das raposas.
Permanece a sabedoria secular de santo Agostinho, que diz: tudo começa com uma quadrilha de tipos fora da lei – criminosos,ladrões,corruptos,doleiros,burladores do fisco,mafiosos,mentirosos,traficantes. Se essa quadrilha de criminosos se expande, aumenta em número, toma posse de lugar, de cargos, de ministérios, da presidência de empresas e fica poderosa a ponto de dominar e intimidar os cidadãos, estabelecendo suas leis sobre como repartir a corrupção, e então ela deixa de ser chamada de quadrilha e passa a ser chamada de Estado. Não por ter-se tornado justa, mas porque aos seus crimes se agregou a impunidade.
O livro de George Orwell (Eric Blair), A Revolução dos Bichos( Animal Farm), publicado em 1945,não diz diferente o mesmo assunto e há muito tempo. Os jornais repetem esta situação de forma cotidiana. Isto nos força a afirmar que a democracia é uma das formas mais perfeitas da regulação entre os homens,mas, pode tornar o homem mais escravo do que os métodos instituídos pelos mais perversos sistemas de dominação.
Tanabi, março de 2010.
Prof. Antonio Caprio
Analista político, escritor e membro do IHGG – Rio Preto.
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A questão é que no jogo político convivemos com partidos. E se um partido tem em seus quadros o ladrão, o burlador de fisco, o mafioso ou coisa assim, é interessante discutir o Partido na verdade é uma quadrilha de criminosos, e diante disto trabalha para o crime organizado. E se buscarmos nas maiores bancadas do Congresso lá estão os quadrilheiros seja do DEM do PSDB, alguns do PT,PMDB, trabalham para o bem não sei de quem e povo avaliza vota, e se desgraça cotidianamente. Este país é uma comédia as raias da tragédia.Mas uma velha frase sertaneja diz, Tá ruim mas tá bom.
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