sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

O Bolsonarismo sem Bolsonaro: Um movimento abandonado pelo seu líder?

Imagem UOL Notícias 





O bolsonarismo, movimento que emergiu como uma força política significativa em 2018, hoje parece órfão de seu principal ícone: Jair Bolsonaro.





Enquanto o ex-presidente enfrenta uma série de investigações, incluindo uma denúncia da Procuradoria-Geral da União (PGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por suposto envolvimento em tentativas de golpe de Estado e até planos para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes , ele não se declara inocente. Em vez disso, pede anistia, o que muitos interpretam como uma clara admissão de culpa.

Essa postura, somada ao seu distanciamento do movimento que criou, reforça a percepção de que Bolsonaro está mais focado em sua própria sobrevivência política e jurídica do que no futuro do bolsonarismo.

Nos próximos dias, apoiadores de Bolsonaro planejam manifestações públicas em seu apoio. No entanto, diferentemente de 2022, quando o bolsonarismo reunia milhares em atos marcados por unidade e propósito, o movimento hoje parece desarticulado. A ausência de Bolsonaro no centro das atenções e a falta de um discurso mobilizador podem limitar a adesão, tornando essas manifestações pouco relevantes. Além disso, o próprio Bolsonaro evita apoiá-las abertamente, temendo que sejam interpretadas como desrespeito às instituições.

Enquanto Bolsonaro se afasta, figuras como seus filhos, Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro, além de figurinhas carimbadas do universo bolsonarista como Nicola Ferreira e Silas Malafaia, tentam manter o movimento vivo. No entanto, nenhum deles possui o mesmo carisma ou capacidade de mobilização do ex-presidente.

Em um esforço desesperado, chegaram a buscar apoio de figuras como Donald Trump, que hoje divide até mesmo a direita nos Estados Unidos e no mundo. Essa tentativa de importar respaldo internacional apenas evidencia a fragilidade do movimento no Brasil.

Enquanto Bolsonaro pede anistia, o Congresso parece evitar o debate sobre o tema. A anistia a golpistas, especialmente líderes e financiadores, seria um precedente perigoso. Bolsonaro e os figurões das Forças Armadas que o apoiaram devem responder na justa medida de seu envolvimento ou prevaricação. A impunidade não só minaria a credibilidade das instituições, mas também enviaria uma mensagem errada à sociedade: a de que tentativas de golpe e ataques à democracia podem ser perdoados.

O bolsonarismo, outrora um movimento vibrante, pelo menos para eles, hoje parece definhar. Com seu líder mais preocupado em evitar a prisão, especialmente após as graves acusações evidenciadas pela delação premiada de seu Ajudante de Ordens e pelo próprio acusado pedindo anistia em vez de se declarar inocente, o movimento corre o risco de se tornar um fenômeno político do passado.

As manifestações programadas para os próximos dias podem ser um teste importante, mas tudo indica que, sem a liderança ativa de Bolsonaro, elas tendem a ser pouco relevantes ou mesmo um fiasco. Assim esperamos.

Enquanto Bolsonaro luta para se manter livre, o bolsonarismo parece cada vez mais abandonado, deixando seus apoiadores feito "cachorro sem dono". A democracia, no entanto, não pode compactuar com a impunidade. Golpistas e seus apoiadores devem ser responsabilizados, sem anistias ou atalhos.

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