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Um terceiro grupo de porta-aviões, liderado pelo porta-aviões de propulsão nuclear CVN 69 Dwight Eisenhower, está agora no Mediterrâneo oriental, depois de partir da costa leste dos EUA, na semana passada. O porta-aviões norte-americano passou, às 9:00 horas de 28 de outubro, pelo Estreito de Gibraltar. Uma pergunta é inevitável: três grupos de porta-aviões para lutar contra uma pequena milícia cercada e quase desarmada, como o Hamas? Nem o mais ingênuo, entre soldados rasos, acreditaria nisso. A forma de fazer a guerra da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte é conhecida e consiste em devastar com artilharia e aviação países frágeis, para depois lançar a infantaria. Mas três grupos de porta-aviões contra a Faixa de Gaza, um território com cerca de 368 Km2?! Ria! Seria piada de mau gosto. Muitos governos temem que, caso Israel entre na Faixa de Gaza, pode eclodir a Terceira Guerra Mundial.
Mas se os fatores iniciais da equação forem alterados, pode fazer mais sentido. A República Islâmica do Irã está avisando que poderá entrar em combate, caso Israel entre em Gaza. E isso já está acontecendo, ainda que as forças israelenses e norte-americanas estejam sendo repelidas e estejam sofrendo pesadas baixas nas tentativas de infiltração. O que, ainda, não se sabe é se Israel e os EUA vão iniciar a invasão em larga escala, para destruir o movimento de resistência palestino Hamas ou não. Do lado palestino, é crucial repelir toda e qualquer tentativa de infiltração do inimigo genocida, porque o território de Gaza é tão pequeno que não tem profundidade para recuos táticos. E há o risco de os colonialistas israelenses tentarem anexar, também, a Faixa de Gaza e irem exterminando gradativamente seus habitantes palestinos. Desse modo, por lógica, todas as perguntas anteriores são respondidas por si mesmas.
Qual o objetivo dos EUA, ao entrar numa guerra no Oriente Médio? A extrema direita israelense querer se livrar do HAMAS e dos palestinos da Faixa de Gaza é, apenas, um pretexto para os EUA, já que não faz nenhum sentido o imperialismo norte-americano lutar por uma pequeníssima faixa de terra desértica, mesmo tendo costa marítima. O que interessa para a alta burguesia dos EUA é tentar se apropriar dos recursos naturais de países da região.
Nos últimos dias, Israel tem bombardeado constantemente os aeroportos sírios de Damasco e Alepo, com a intenção de destruir bases e armas iranianas. Porém, os iranianos já informaram que não perderam nada, porque ocultaram suas armas, munições e equipamentos em outros lugares. Por outro lado, Israel poderia desejar impedir que a Rússia trasladasse milhares de tropas para a região. Inútil, porque os russos já estão fazendo isso e nem Israel nem EUA conseguem impedir. Os aviões de transporte de tropas já chegaram às bases russas na Síria.
O vice-presidente de segurança russo, Dimitry Medvedev disse que a situação, no mundo, continua sendo extremamente tensa e que a culpa é, em grande parte, da OTAN que continua aumentando seu potencial militar, não só ameaçando a Rússia, mas também outros países. Dimitry Medvedev fez essas declarações numa reunião sobre dotação de pessoal das Forças Armadas Russas, referindo-se não só à zona de operações especiais na Ucrânia, mas também aos países vizinhos.
Diante disso, a Rússia reforçará suas forças e melhorará o abastecimento de suas tropas que operam na parte oriental da Ucrânia. Entre outros desdobramentos, em 2024, será formado outro corpo de exército, com 07 divisões, 19 brigadas, 49 regimentos e uma flotilha. Anteriormente, o KP.RU informou que até o final de 2023 haveria expansão e modernização significativa das Forças Armadas Russas com a criação de dois novos exércitos. É, nesse contexto, que mais mil efetivos russos já chegaram à Síria, desde 10 de outubro. E a Síria é a porta de entrada para a África. Isso significa que a Rússia não diminuirá o combate ao terrorismo islâmico, não recuará diante do conflito na Palestina ocupada e continuará avançando na Ucrânia, onde dois exércitos criados pela OTAN já foram destruídos e um terceiro terá o mesmo destino.
O enfrentamento é geral. Grupos terroristas, financiados e treinados por países da OTAN, estão preparando ataques na zona de distensão de Idlib, na fronteira sírio-turca, contra civis e tropas russas e sírias, informou o contra-almirante Vadim Kulit, Vice-Presidente do Centro Russo para a Reconciliação das Partes Combatentes (CPVS). Também, informou que a Síria e a Rússia tomarão as medidas pertinentes. Ainda, disse que a aviação da “coalisão antiterrorista ocidental”, lideradas pelos EUA, continua criando situações perigosas nos céus da Síria, por não respeitar os protocolos de desescalada e do espaço aéreo sírio. De fato, a aviação norte-americana dá constante apoio a operações de bandidos e terroristas.
Enquanto isso, o Ministro de Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir Abdollahian, disse que se os EUA não cessarem o apoio a Israel, o Irã poderá criar novas frentes contra os interesses norte-americanos. O Irã apelou para que os EUA considerem os interesses de todas as partes e pediu à Rússia que bloqueie, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, qualquer resolução que não corresponda aos interesses do povo palestino. O Irã está em consulta permanente com a China Popular, para criar uma frente unida, na ONU, contra as ações de Israel e dos EUA.
A entrada da infantaria israelense e norte-americana em Gaza pode provocar a precipitação de grandes confrontos no Oriente Médio. O braço armado do movimento HAMAS, a Brigada Kataib al-Qassam, assumiu a responsabilidade pelo ataque com foguetes contra a base militar de Raim, de Israel, localizada perto de Gaza, onde estavam concentradas grandes forças israelenses. Sabe-se que o ataque foi efetivo. Os combates não cessam e há possibilidade de a Brigada Kataib al-Qassam receber, por meio de túneis subterrâneos, novos armamentos iranianos, inclusive, mísseis portáteis antiaéreos.
No terreno, segundo o Hamas, a invasão israelense e norte-americana já começou, com ataques em três eixos principais, rompendo a linha de frente, em três pontos, no norte da Faixa de Gaza. Também, há fortes combates ao centro. Ainda que os invasores tenham içado bandeiras em alguns prédios, até o momento, seus avanços foram mínimos. Enquanto isso, a resistência palestina cresce continuamente, aumentando as baixas israelenses e norte-americanas.
O Hamas passou a utilizar táticas de guerrilha, atacando os agressores com armas ATGM e RPG, acossando sem cessar o inimigo e obrigando sua infantaria a combater em túneis estreitos, onde não podem empregar suas vantagens tecnológicas e em recursos. Nos combates iniciais, foi possível perceber o alto grau de preparação e adestramento das forças do HAMAS, mesmo considerando que se trata, apenas, de uma milícia, quando se compara a outras milícias que os imperialistas norte-americanos enfrentaram no Oriente Médio.
A ironia é que o movimento HAMAS foi criado pela Central de Inteligência Americana – CIA e por serviços de inteligência israelenses, para derrubar Yasser Arafat, o grande líder palestino. Por isso, conhecem muitas das táticas usadas pelas forças especiais norte-americanas. Por outro lado, em tempos mais recentes, receberam intenso treinamento no Irã e contam com forte apoio das autoridades desse país. Ainda que se trate de guerrilhas e que não contem com o mesmo adestramento de forças especiais de exércitos regulares, estão melhor preparadas do que os talibãs afegãos que conseguiram expulsar os EUA e seus aliados anões da OTAN de seu país. As guerrilhas do Hamas passaram a ser uma ameaça sem precedentes para os EUA.
É preciso considerar que os palestinos contam com um complicado sistema de fortificações, túneis e bunkers sob a Faixa de Gaza que visam a isolar e destruir qualquer força atacante e foi o que aconteceu às forças israelenses e norte-americanas, no início dos combates terrestres. Não esperavam tamanha resistência palestina. Puderam perceber que as fortalezas que há sob a Faixa de Gaza são muito extensas e perigosas do que supunham. A maior parte dos analistas militares concorda que a sondagem feita pelas forças israelenses, para calcular a capacidade de combate palestina, chegou a conclusões insuficientes.
Nos próximos dias, israelenses e norte-americanos tentarão, novamente, fragmentar as linhas de defesa palestinas, porque sabem que qualquer rompimento traria consequências catastróficas para os defensores. A Franja de Gaza tem profundidade nula, sendo ao norte de, apenas, 6 km e ao sul de 11 km, numa extensão de 40 km, numa área que não ultrapassa 368 km2. É um enclave muito pequeno. Por isso, mesmo com as vitórias iniciais da Resistência Palestina, os colonialistas israelenses e norte-americanos, mesmo numa guerra de desgaste custosa, têm todas as possibilidades de vencer, exceto se os palestinos convencerem os agressores de que os resultados da batalha não valerão a pena. O convencimento só terá efeito pela via militar, porque, de resto, simplesmente, não levam a sério e nem dão ouvidos a “conversas”.
Em outra frente, há dois dias, ao anoitecer, caças F-16 norte-americanos lançaram dois ataques contra grupos pró-iranianos na província síria de Deir Ez-Zor. Os alvos eram o posto de comando, na aldeia de Abu Kemal, e um depósito de armas, na cidade de Mayadin. Segundo informações da linha de frente, não houve baixas e os militantes foram evacuados a tempo. O chefe do Pentágono informou que esses ataques ocorreram como represália por ataques a bases norte-americanas no Iraque e na Síria. Mais uma vez, em resposta, as forças pró-iranianas lançaram ataque com drones contra a guarnição norte-americana do aeroporto iraquiano de Erbil e outro ataque contra Camp Umar, na Síria. Os imperialistas norte-americanos, então, aceleraram a retirada de efetivos do Iraque.
O desespero norte-americano é perfeitamente compreensível. Com a economia em bancarrota e risco de guerra civil interna generalizada, a alta burguesia norte-americana está tentando controlar todo o petróleo do Oriente Médio, o que é vital, também, para todos os países da OTAN, privados de gás e petróleo russo, como consequência de sanções que aplicaram contra a Rússia, com a intenção ingênua de colocá-la de joelhos, imaginando que se tratava de mais um país quase colônia que dominariam facilmente pelas armas ou de um país, onde poderiam mudar o governo, facilmente, tal como aconteceu, em 2016, com o Brasil.
E as chamas da guerra total vão se acendendo. Ainda, durante sua visita à China, V. Putin ordenou que aviões MIG 31K passassem a patrulhar o Mar Negro, para o caso de ocorrer alguma tentativa da OTAN de chegar às costas da Ucrânia ou caso seja necessário mandar para o fundo do mar os porta-aviões norte-americanos no Mediterrâneo.
Também, não se sabe quantos Posseidon estão nos oceanos, prontos para riscar do mapa tudo que houver nas costas marítimas dos EUA. O Posseidon é o veículo submarino multipropósito de propulsão nuclear não tripulado equipado com uma ogiva termonuclear de 100 megatons, o que equivale a 6250 bombas atômicas semelhantes às lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. É impensável seu poder destrutivo. Também, mais e mais silos com mísseis Avangard estão sendo posicionados. É praticamente impossível a defesa contra o Posseidon e contra os Avangard. E essas são, apenas, três das novas armas russas contra as quais os EUA não têm defesa.
Se a alta burguesia norte-americana tomar a pior decisão, o desastre será inevitável. Os acontecimentos no Oriente Médio podem ser o fiel da balança, porque o Irã, também, já avisou que arrasará Israel com seus mísseis hipersônicos Fattah, construídos com a ajuda tecnológica russa... E assim por diante, rumo ao precipício.
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