terça-feira, 11 de maio de 2021

Empreender no Brasil – parte 1. Esperar condições objetivas?

 

É justamente nos momentos de crise que devemos dar um passo adiante.  Enquanto todos se recolhem por medo ou excesso de cautela, um passo á frente fará toda a diferença no mundo dos negócios.

Foi assim que muitas vezes dei grandes saltos na maneira como empreendi.  E se não poucas vezes tropecei, ter ido rápido e corajosamente na direção dos propósitos enquanto a concorrência reavaliava seus procedimentos, impediu que eu sofresse perdas maiores.

Ficar esperando o melhor momento, a oportunidade perfeita ou o capital necessário, só irá nos segurar.  Quantos amigos eu vejo falando: “Se eu fosse mais jovem” ou “se conseguir um sócio investidor, daí vou botar aquela ótima ideia em prática”.

Oras, devemos fazer oportunidades e só conquistaremos investidores quando esses olharem para algo que se destaca.

Me lembro de uma oportunidade em que tive uma ideia fantástica.  Também não havia capital, dentre outras coisas.  Mas convidei parceiros, criamos um layout, uma marca e saímos a captura de um investidor.

Quando chegamos a um nome que, com certeza, faria toda a diferença, ele disse: “A ideia é linda, inteligente.  Bote pra rodar.  Quando estiver na estrada, então me procure”.

Por mais que fosse compreensível sua decisão, sua negativa nos impulsionou. Moral da história, nunca mais precisamos dele.  O negócio avançou de tal feita que até hoje está consolidado no Mercado Brasileiro.

Já disse várias vezes que empreender não é para todo mundo. E também não é tão simples como fazem parecer.  Virou moda falar em empreendedorismo como se isso fosse apenas uma questão de decisão ou “dom” natural.

Esse tipo de conversa, impulsionada sobretudo em propagandas na internet, já fez gente deixar o emprego fixo por conta de uma aventura.

A pessoa pode empreender dentro de seu próprio emprego, contribuindo com ideias na função que desempenha, melhorando substancialmente os resultados ou melhorando a vida de seus colegas.

Quantos produtos e soluções em grandes marcas não foram criação de funcionários indispensáveis que pensaram “fora da caixinha”?

Em suma, não é preciso arriscar tudo para se botar um sonho em ação.  O segredo é aproveitar a segurança de que desfruta, para deixar fluir o pensamento e ao mesmo tempo observar tudo com grande atenção.

Mesmo assim, equilíbrio é preciso. Nem tanto ao céu, nem tanto á terra.  Há quem jamais sairá da zona de conforto, ainda que lhe esfreguem oportunidades na cara.  Quantos preferem a solidez de uma carteira assinada ou a estabilidade de um concurso público ao invés da loucura de uma vida instável economicamente, ainda que isso represente uma bela chance de crescimento?

Por isso prudência deve se misturar com coragem.  Mas é imprescindível viver à cata de informações, leituras as mais diversas e observação apurada.

O que é extremamente necessário no momento?  O que pode realmente oferecer o que a maioria das pessoas busca em um produto ou serviço? Isso mudará de fato a vida dos outros pra melhor?

Ao responder essas questões teremos a certeza se o negócio é promissor ou não.

Bem, a grande luta é muito maior do que apenas ter bons ou maus resultados.  Ela começa interiormente quando buscamos compensar pequenos traumas do passado. Criados em uma esfera competitiva desde a formação escolar, que impõem provas para avaliar se aprendemos ou não, quase sempre criamos a impressão, sempre que vamos mal, de que não somos capazes ou competentes.

Daí esse pensamento: “e se não der certo” nos acompanhará, de maneira perversa, sempre que tivermos que tomar uma decisão.

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