*Elder Vieira,
54 anos, é escritor, autor de Os Anos Verdes de Lindaura – crônicas e
histórias curtas (Editora Serra Azul), gestor público, e Secretário de
Formação e Propaganda do PCdoB-SP.
Dia do Trabalho, ou Dia do Trabalhador? A diferença, aparentemente
sutil, é grande, e merece consideração.
A história começa em 1866: a Associação Internacional do Trabalhadores
lança a campanha pelas 8 horas de trabalho. À época, um operário trabalhava de
12 a 16 horas por dia, sem descanso remunerado (algo muito parecido com o que
acontece hoje com os trabalhadores de aplicativos – Uber, Ifood, etc. Há deles
que pedalam 80 km por dia numa jornada extenuante).
Como parte da campanha, nos anos seguintes, greves e manifestações se
multiplicam pelos centros urbanos de diferentes países. Em 1886, operários de
Chicago decretam, a 1º de Maio, uma poderosa greve, que é reprimida com extrema
violência pelo patronato dos Estados Unidos. Líderes são presos, julgados e
condenados: cinco, à forca; dois, à prisão perpétua; um, a 15 anos de detenção.
Em 1891, a II Internacional dos Trabalhadores, ou Internacional
Socialista, aprova em seu congresso o 1º de Maio como Dia dos Trabalhadores, a
ser comemorado em todos os países. Daí, Dia do Trabalhador, ou dos
Trabalhadores: dia de lutas e manifestações pelos direitos daqueles que geram
as riquezas do mundo e que somente têm de seu a sua força de trabalho.
“Dia do Trabalho” é uma forma que o patronato encontrou para se
apropriar da data e descaracterizá-la. Sendo “Dia do Trabalho”, e não do
trabalhador, seria dia também do patrão, pois que seria de todos os que
supostamente pertenceriam a uma imprecisa “classe produtiva”.
Ocorre que os trabalhadores conscientes de todo o mundo não são bobos:
mantiveram, como até hoje mantém, o 1º de Maio como Dia Internacional de Luta
do Trabalhadores, e rejeitam parentesco com aqueles que lhes arrancam o couro
todos os dias, por saberem que, das horas de jornada que cumprem, trabalham
muitas de graça para o patrão.
Por isso é que a principal bandeira do 1º de Maio continua a ser a
redução da jornada de trabalho sem redução de salário e direitos. “Trabalhar
menos, para valorizar o trabalho e mais gente poder trabalhar” – eis o lema.
E, no Brasil de 2021, por que lutam os trabalhadores? Lutam pela vida e
contra um presidente genocida. Querem o retorno de seus direitos roubados pela
Reforma Trabalhista. Exigem respeito à democracia, à Constituição e à soberania
nacional. Lutam pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde e por vacina para
todos. Por isso, será incontornável que neste 1º de Maio proponham uma Frente
Ampla pela Vida e pela Democracia, e gritem bem alto: Fora, Bolsonaro! – traidor
da Pátria, inimigo da liberdade, carrasco do povo brasileiro.
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