quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Malditos Novos Tempos

Ah, os falsos sorrisos nas redes sociais.
Como é triste constatar tanta felicidade de fumaça.
É alguém realmente feliz a esse ponto? O tempo todo, como faz parecer?
Não confundem essas pessoas todas, instantes curtos de alegria, às vezes até moderada, com felicidade?
Braços dados e abraços com estranhos, pessoas de pouca afinidade.
Copos nas mãos representando a notória necessidade de um apoio moral para suportar o momento, quem sabe a vida.
Quase sempre são festas ou ambientes coloridos, lugares lindos, em que ao invés de admirá-los, na ânsia insana de mostrar a alguém, que na verdade pouco se importa conosco ou com o que estamos fazendo, nos distrai e desvia a atenção, contraditoriamente diminuindo nosso próprio aproveitamento do momento.
Eu mesmo uso muito das redes sociais.
Gosto de divulgar o trabalho da empresa, estampar as atividades do meu grupo político, de quando em vez deixar registrado algum "flash" de família reunida, ou ainda fazer minha crítica contundente e permanente do governo espúrio que fizemos chegar ao poder.
Mas também sei que não tem muito sentido.  Pouquíssimo ou nenhum resultado prático.
Facebook, Instagram, Twiter, WhatsApp e outros, tornaram fácil a comunicação, mas a banalizaram também.
Dezenas de outros aplicativos, aproximam pessoas que são capazes de destruir uma vida, enquanto nos colocam em desvantagem no contato com quem verdadeiramente amamos.
Deviam ser proibidos, vigiados, abertos, afim de que não fizessem tanto mal ao mundo.
As evidentes e indiscutíveis facilidades trazidas pela internet, trouxe também consigo um mundo novo e diferente, que sem perceber, excluiu uma boa parcela de seres humanos.
Gente sem acesso ou das antigas que ainda prefere o telefone ou a campainha da sala, estão de fora desse grande jogo, desses brinquedos impróprios para maiores de 50, 60 anos, ou que vivem em lugares onde nem luz elétrica chegou.
Inadequados para quem ama seus filhos, seu cônjuge, seus velhos pais.
Trazem amigos desconhecidos do alem mar, enquanto nos impedem de conhecer o vizinho da casa ao lado.
O que fazer então?  Desligar-se de todas elas?  Das redes sociais mais conhecidas?  Dos aplicativos de relacionamentos?  Como que numa vacina contra a desumanização e o carinho?
Sim.  Às vezes estamos querendo ali, carinho e atenção que vamos buscar no teclado, desprezando o filho que brinca ao lado esperando as migalhas que quase nunca rolam da escrivaninha.
Palavras fáceis de se digitarem, nos encantam e conquistam, enquanto o companheiro ou companheira espera no sofá da sala com um saco de pipocas para um bom filme que de novo, ficará adiado.
Eu não sei.  Penso mesmo que já não há mais lugar para a felicidade nesse mundo de tão ágil informação.
Apenas para instantes de alegria.  Tão passageiros e insólitos quanto o são os novos modelos de APs a serem baixados e aprendidos.
Tenho acordado muito cedo.  E me dedicado um pouco a leitura. Isso tem me feito muita diferença e minha vida toda está mudando, acredite, muito por causa disso.
Mas só consigo seguir esse plano com disciplina se acordar bem cedinho, pois o faço enquanto todos dormem.  Até que um filho, do quarto ao lado, cutuque o WhatsApp afim de perguntar-me se está na hora de levantar.
Sim, meu filho.  Está na hora de todos levantarmos... da mesa do computador ou a cabeça nos ombros distanciando-nos do celular.  Pois a vida está passando e muitos de nós ficando pelo caminho.

Um comentário:

  1. Sábias palavras, meu caro. A passagem mais preciosa, aquela sobre a leitura mudar vidas. Uma forma de viver mais vidas sem ter que morrer nesta. Sim a flor está logo ali esperando pra ser apreciada com a retina e não em megapixels. Sorte de quem percebe isso antes.

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