quinta-feira, 26 de setembro de 2019


Como se o caso fosse torcer

Texto Publicado no DL News -
6/08/2019 
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Dos 147.306.294 eleitores brasileiros aptos a votar em 2018, somente 39,24%, praticamente um terço do eleitorado, votou em Bolsonaro. Hoje o índice de apoio ao atual presidente é o mais baixo da história, registrado para o mesmo tempo de mandato, consolidado em 33%. Mas observe que nesse caso, o percentual é sobre os entrevistados e não necessariamente só eleitores.
E pasme na coincidência.  É de 17% (alusão ao seu número de campanha) a quantidade de brasileiros que dá nota zero ao seu desempenho. E sou eu quem torço contra?  Sou eu quem não apoia o cara? Sofro acusações desse tipo sempre que posto algo, nas redes sociais, em crítica ao governo.

Então vejamos. Será que dá para definir, em linha geral, quais as principais ações positivas do governo Bolsonaro?  Ou fica mais fácil apontar as "patuscadas”, para não falar dos grandes desastres provocados até agora?

Quando abre a boca, Bolsonaro gera problemas gravíssimos nas relações exteriores, perante grupos de defesa dos Direitos Humanos, com impactos negativos imediatos ao Mercado, junto ao Congresso e resvalando em vários setores da sociedade. Antes mesmo da posse, suas falas desastrosas já davam prejuízos, com exemplo, a saída dos médicos cubanos, causando um "buraco” não preenchido em centenas de municípios até o momento desassistidos.

Enquanto escrevo essas linhas, ainda repercute "no mundo” a deselegância e crueldade de Bolsonaro na sua declaração sobre a morte do pai do presidente da OAB nos porões da ditadura que ele, contraditoriamente, insiste em afirmar que não aconteceu.

Sua agenda é uma piada.  Outro dia, foi ao cinema com a esposa em meio ao expediente.  E teve o famoso almoço com Amado Batista em Goiás.  Sem falar em vácuos inexplicáveis sem quaisquer compromissos, num dia a dia de presidente da República cujo país está desesperadamente necessitando de ações concretas e urgentes. E ainda é preciso lembrar que durante uma viagem sua, o filho, que é vereador no Rio de Janeiro, foi a Brasília para "tocar a agenda” do pai, num flagrante desrespeito ao que seria uma "agenda oficial de presidente”.

Acabar com o horário de verão, flexibilizar leis de trânsito, facilitar o acesso a armas para o cidadão comum (mesmo contrário à maioria da população), regulamentar o ensino domiciliar, foram algumas atitudes do governo que geraram gozação e crítica.  E veja que nem citei o fim da tomada de três pinos.

Sobre as questões que envolvem ou indicam nepotismo, nem dá para a gente se afirmar surpreso.  Não bastasse a contratação de fantasmas como prática anterior à presidência, nos gabinetes da família, a nomeação de um sobrinho para assessor sem cargo já indicava que haveria outros apadrinhamentos do tipo durante seu mandato.  Mas o que ninguém sonhava era com a nomeação do próprio filho, sem qualificativos, para uma embaixada, sobretudo a americana. O ministério montado por ele, além do largo aproveitamento de militares em cargos de primeiro e segundo escalão, também carrega em si, todas as vergonhas do que se poderia esperar de uma equipe de comando da nação.  

Dentre os componentes, o desgaste também é diário.  Como no caso do primeiro Ministro da Educação que gerou polêmicas ao chamar brasileiros de "canibais” ao viajar.  O contingenciamento nas universidades, mal explicado com o uso de chocolates pelo seu substituto, provou depois que trocamos seis por meia dúzia. Ambos, aliás, indicados por Olavo de Carvalho, o guru do presidente que defende que a Terra é plana, ou pelo menos diz que nada refute isso.

Mas continuando a mencionar seu "primeiro escalão”, lembremos das falas desastradas da Ministra Damares que começou com o famoso "menino veste azul” e foi ao manual de bruxaria nas escolas. E não foi só ela quem forjou currículo. Passando rápido pelos demais, lembramos o caixa 2 de Onix, que "arrependido”, foi perdoado pelo colega Moro.  Tem ainda a demissão de Bebianno, num episódio digno de "casos de família”, o despreparo cintilante do Ministro das Relações Exteriores e os vazamentos do ex-juiz e atual ministro da Justiça, que torna dispensável comentar sobre a derrota na questão do COAF.

Eu poderia parar por aqui.  Mas não dá pra esquecer o discurso em Davos de apenas 6 minutos que, por sinal, disse absolutamente "nada”.  Nem posso fingir que não me incomodei com o "lamber de botas” perante o governo norte-americano, sobretudo na entrega gratuita da Base de Alcântara, no "bater continência” para a bandeira estadunidense e na desobrigação (unilateral) do visto para que os americanos entrem no Brasil.

Enquanto se lutou insanamente pela aprovação da Reforma da Previdência, discutível sob todos os aspectos, a economia brasileira se viu prejudicada por contratos rompidos, vendas canceladas e outras represálias de "parceiros” que já preferiram procurar outros mercados.

Enfim, dá para encher folhas e folhas de motivos para que esse governo não dê certo e não deixe o Brasil crescer. Quem faz vista grossa para tudo isso é que não apoia o país.  E apenas para manter uma posição equivocada que defendeu durante o pleito. São cidadãos permanecem na defesa cega de um projeto prejudicial que já promoveu a devassa em riquezas naturais, empresas públicas e outros itens de nossa soberania. Insistir nisso é que representa não torcer pelo país.

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