quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Especial de Natal - Porta dos Fundos - O grupo terá passado da conta?

Um dos mais inteligentes grupos humorísticos do momento, o pessoal do Porta dos Fundos é indispensável em tempos atuais.

Dentre os componentes principais, destacam-se Gregório Duvivier, Antônio Tabet, Fábio Porchat, Karina Ramil, Rafael Portugal e Gabriel Totoro.
Tido como o sexto maior canal brasileiro no YouTube, o Porta dos Fundos surgiu a partir de influências do Monty Python e Gato Fedorento em 2012, no Rio de Janeiro.  Hoje são cerca de 16,2 milhões seus inscritos.
Com grande talento e um toque especial de irreverência, os criadores do canal negociaram, dias atrás, a maior parte do controle para a Viacom, empresa americana proprietária da MTV e Nickelodeon. Cada um dos cinco sócios do Canal ficou com cerca de R$ 8 milhões e ainda se livraram de Luciano Huck, também sócio, que cedeu seus 16% para compor os 51% adquiridos pela nova investidora.  O objetivo dessa negociação é expandir a marca e seus trabalhos para outros países.
São conhecidos e admirados os diversos episódios que divertem internautas de todas as idades e correntes políticas, quase sempre deixando evidente sua tendência para a esquerda.
Recentemente um de seus vídeos, lançado pela Netflix para o Especial de Natal do canal, denominado "A primeira tentação de Cristo”, decepciona.  Não só pelo teor inferior ao produzido para o ano passado, mas também pelo excesso de agressões aos que seguem a fé cristã.
Não há o que discutir do ponto de vista de nossa defesa à livre expressão, direito irretocável e indiscutível.  Mas, ao passar "um teco considerável” da curva, o programa escandaliza religiosos. Ao conferir, é necessária uma dose extra de paciência, pois a temática é fraca e as "brincadeiras” com figuras sagradas para os cristãos, ferem o bom gosto.
Se por um lado deve ser duro aos ateus terem que se defender, todo o tempo, daqueles que os afirmam "sem Deus no coração”, por outro os ataques exagerados aos religiosos demonstram o "ar de superioridade” que o pessoal do Porta adquiriu com o tempo e faz questão de ressaltar.
Tenho a impressão de que ateus conscientes de sua condição, por certo, não subscrevem o enredo e o texto que coloca a fé num humor que, em certos momentos, perde a graça, mesmo para quem não segue qualquer denominação cristã.
Imaginem algo semelhante feito contra a religião do Islã. Ou, em caso contrário, uma zombaria aos homens de pura ciência, desprendidos de dogmas ou qualquer proselitismo. Nada agregaria à fé, como seu inverso nada agrega para o desnudar dos dogmas.
Em suma, as piadas não justificam a defesa da livre expressão, sequer soam como crítica ao fundamentalismo religioso, hoje tão presente.
Tornam sim, desconfortável, mesmo aos mais ecléticos, o seguimento até o final do filme.
Se considerarmos a configuração atual de polaridade política, com todo um fundo religioso por trás, o grupo abre uma guerra declarada sem qualquer critério, fazendo com que ganhem vozes os mais evidentes defensores do governo atual com seu exacerbado reacionarismo.
Prova disso são as manifestações de gente como Marco Feliciano, Pastor e Deputado Federal, que acaba lucrando nessa guerra e juntando gente, que poderia ter ficado no "umbral” em que se encontrava.
Foi insensata e desnecessária a intensidade impressa pelo canal no último especial de natal, o que pode, inclusive, tirar dele muitos de seus seguidores e quem sabe, algumas vantagens no mundo corporativo.
(Artigo publicado no DL News de 09 de dezembro de 2019)

domingo, 17 de novembro de 2019

Café amargo.

SEM SEGURO

Para se vingar de um desafeto, o presidente extinguiu o DPVAT (seguro obrigatório de veículos), que protegia sobretudo os pobres diante de um acidente ocasionado por veículos.
Além das coberturas básicas do seguro, 45% de sua arrecadação eram destinados ao SUS.
Luciano Bivar, que se tornou recentemente adversário de Bolsonaro após a briga pelo poder no PSL, é presidente de uma seguradora que respondia por cerca de 1% do que esse seguro arrecadava.  Mas para atingi-lo, o "capitão" não poupou sua caneta azul.
Com isso, desferiu um golpe certeiro e extremamente dolorido nos mais carentes, para variar.

POLOS

A polarização que se manifesta, no momento, entre Lula e Bolsonaro,  acabou fazendo com que pessoas recentemente arrependidas de terem dado seu voto ao despreparo, voltassem a se unir em torno do político de extrema direita.
Se Lula não voltar logo a exercer um papel conciliador e atrair para junto de si nomes como Ciro Gomes e outros, terá um confronto muito mais duro e ainda correrá o risco sério de voltar à cadeia.
O momento agora é de ampliação.  Os mais conscientes analistas assim avaliam.

INTERNET

Indiscutível o poder que a internet continua exercendo em favor do "comando mundial".  Primaveras como a árabe, se manifestam por toda a América Latina, ora confundindo as pessoas, ora sequestrando justas reivindicações.
Como resultado, bagunça, quebradeira e mortes sem muito entendimento e resultado prático.
Chile, Bolívia, Venezuela, Equador, Brasil, Argentina...
Por essas bandas os EUA gastam muito pouco nas suas intervenções.

GREG

O programa humorístico de Gregorio Duvivier no canal HBO se supera.  No entanto, o último dessa temporada foi exibido sexta-feira passada, dia 15.  Ele traz à baila lembretes durante boa parte do programa, afim de não deixar ninguém esquecer as recentes coincidências, ligações ou resvalos dos amigos do presidente no caso da vereadora assassinada Marielle Franco. 
Greg fala abertamente no programa que não adianta tentar distrair as pessoas, pois ele (Gregorio) não deixará ninguém esquecer.

SINISTRO

É assustador olharmos para um ministério e notarmos as atitudes de certas figuras.
Após conseguir diminuir a exposição da Ministra Damares com seus inúmeros absurdos, o governo tem o desafio de fazer evaporar as constantes e ridículas atitudes do ministro Weintraub.
Destemperado, beirando a infantilidade, o personagem de alto escalão do governo se mete em "briguinhas" pouco ortodoxas nas redes sociais, totalmente fora da condição de seu cargo.

TERCEIRAS VIAS

Enquanto preocupados com a polarização esquerda/direita ou Bolsonaro/Lula, correm por fora algumas figuras tão complicadas quanto.
Dória, ou Bolsonaro de Cachemir (como diz um amigo), está mirando na possibilidade de chegar ao Planalto.  Nem mesmo tem se preocupado com o crescente boato de que seu partido tem preferências por uma figura mais popular da televisão.

DISTRAÇÃO

Falando em distração, enquanto seguem as patuscadas, mal-feitos e outras aparentes asneiras, o Ministro Guedes continua cumprindo sua tarefa de garantir a entrega de TUDO para a elite financeira.  
Aos poucos e em silêncio, ele segue aprovando suas propostas e transformando o Brasil naquilo que, na verdade, nunca deixou de ser: uma colônia.
Respaldado por Guedes, Moro e outros agentes da desconstrução nacional, o governo segue na toada de mitigar a miséria, não pelas suas causas, mas fazendo desaparecer, aos poucos, os miseráveis.  
Pra isso, vale tudo, de liberar armas que só ricos podem comprar, esterilizar pobres, tirar a culpa da polícia pelos assassinatos realizados "sob forte emoção", ou garantindo que ninguém coma, tenha empregos, saúde descente ou aposentadoria.  É só uma questão de tempo e os pobres terão diminuído muito.

domingo, 3 de novembro de 2019

Um espião ao seu lado todo o tempo, o tempo todo.

Resultado de imagem para Edward Snowden


Iris dos olhos, impressões digitais, leitura do rosto... até o seu jeito de andar.
Todos esses métodos de reconhecimento digital, estão inseridos em uma base de dados.  E esses dados, falam quem é você, onde está, com quem passou a noite, o que fez e o que acessou.
Tudo salvo.  Tudo armazenado.  Em um único lugar. À disposição para ser usado assim que necessário. Absurda gestão de vigilância em massa.
Você não vê.  Nem eu. Não percebemos por que essas informações correm em ondas invisíveis, ligando nossos equipamentos móveis às antenas por toda parte.
Quanto mais oferecemos gratuitamente e voluntariamente esses dados, mais fortalecemos essa violação de nossa liberdade. E como fazemos isso?  Ao nos inscrevermos em aplicativos, redes sociais, bate-papos, compras pela internet ou mesmo ao adquirirmos equipamentos e cadastrarmos neles nossas digitais, rostos etc.
Quem faz a denúncia é de novo Edward Snowden, ex-administrador de sistemas da CIA e ex-contratado da NSA.
Temos em casa, no bolso, no escritório e no carro, um espião poderosíssimo e extremamente eficiente.  E além de não recebermos pela informação que cedemos a ele gratuitamente, pagamos pelo aparelho, pelo plano.
Um aparelho individualizado e não coletivo.  Cada um tem o seu.  E com suas características específicas registradas nele.
Cada vez que teclamos em "concordo" em um daqueles termos, instalamos, baixamos, preenchemos dados, alimentamos uma imensa "máquina" de manipulação universal. 
Plataformas que trabalham nosso gosto, nossas intenções e nos induzem, nos alienam para que consumamos o que querem.  Elas são criadas por imensas corporações tecnológicas que utilizam tudo isso para uso publicitário e comercial, mas retribuem depois a órgãos de administração duvidosa ligados à Deus sabe quem, passando-lhes nossos dados mais íntimos sem nosso "consciente" consentimento.
Teoria da conspiração?  Vai saber.  E se não for?
Nos julgamos donos do nosso próprio nariz, mas na verdade, somos escravos. Verdadeiros fantoches desse poder.
"Café pequeno", pode ser que não despertemos nenhum interesse específico de imediato. Mas em situações futuras, bastará acessarem e "pronto".  Está lá tudo sobre nós. Tudo mesmo.  Desde o número de nossos sapatos, ao sabor preferido de nossas pizzas, cartões de crédito, dados bancários, informações de saúde, ideologia política, religiosa etc. etc. etc.
Diante disso, podemos afirmar com segurança que fazemos e falamos o que pensamos, ou aquilo que querem que façamos ou falemos?
Fantasia de Snowden?
E se for verdade.  
Assista ao vídeo: Edward Snowden revela como o seu celular pode estar sendo espionado. 

sábado, 2 de novembro de 2019

Banneg - Banco de Negócios - Novos Franqueados

Resultado de imagem para Banneg - Banco de Negócios

Acontece, a partir dessa segunda-feira dia 4, mais um Treinamento de Novos Franqueados da Rede Banneg - Banco de Negócios em sua sede nacional na cidade paulista de São José do Rio Preto.
Criado em 2008 na capital de São Paulo, intermediadora de negócios mais inovadora do Mercado, entrou para o "franchising" só em 2017 com o objetivo de complementar sua marca irmã (San Martin Corretora de Seguros) com produtos e soluções financeiras para pessoas físicas e jurídicas.
Com uma vasta e diferenciada gama de produtos, a empresa desponta como uma das grandes novidades.  Já são mais de 170 unidades espalhadas pelo território nacional num crescente avanço que promete trazer muitas novidades para 2020.
E já são inúmeras as oportunidades da franquia.  Dentre elas, destaca-se o financiamento direto para aquisição e instalação de placas fotovoltaicas que promovem a economia do usuário de energia elétrica ao mesmo tempo que contribui para o ecossistema.
Financiamentos com garantia de imóveis, crédito pessoal com ótimas taxas, empréstimos consignados e outros produtos dividem espaço com consórcios, máquinas de cartão de crédito e outros.
Financeiras e bancos renomados emprestam sua solidez à empresa que persegue a melhoria continuada de seu suporte a franqueados afim de proporcionar a satisfação do cliente final.
O treinamento dessa semana objetiva preparar os novos franqueados para iniciarem suas atividades, se organizarem para o início e suas peculiaridades, bem como apresentar-lhes sistemas, modus operandi e outras peculiaridades do negócio.
A sequência é fazer a franquia rodar e claro, prosperar na sua área de atuação.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Por que criar um Blog. Qual o sentido disso?


Resultado de imagem para autocrítica

Criei esse blog para desabafar, refletir e também para extravasar minhas opiniões. Registrar minha autocrítica acerca do que faço, penso ou sou.
Na verdade, acho que fiz isso porque sempre sonhei ser jornalista, mas nunca tive coragem ou competência.
Comecei por duas vezes o curso de Direito. Na segunda vez cursei até o início do quarto ano, mas não terminei. Minha formação acadêmica só se deu muito tempo depois e no curso de Administração Pública, que concluí, com minha mulher, pela Universidade Federal de Ouro Preto, de Minas Gerais.
Sou nascido em São José do Rio Preto, cidade do interior paulista, em janeiro de 1968, precisamente às 20h30 do dia 18, uma quinta-feira.
Embora brasileiro de nascimento, tenho dupla cidadania.
Neto de Antunes pelo lado materno e Gomes de Castro pelo paterno, não me restou alternativas senão buscar a cidadania portuguesa.
Sabe de uma coisa? Não posso reclamar de minhas origens. Uma miscelânea genética e de gênio muito forte herdados desses dois e das avós, uma filha de italianos (Pontalti Pelozo) e outra espanhola legítima (Molina).
Assim, posso me dizer um "vira-latas" no bom sentido, qual seja o de ter raça indefinida.
Sou apaixonado pelo Brasil e ser brasileiro é isso mesmo. Ser fruto de uma grande mistura. E com certeza em meu sangue tem também a força das raças negra e indígena, o que espero.
Reparti cada minuto dos melhores anos da infância com um irmão super companheiro, o Marcelo. Hoje é um brilhante doutor em Ciências Sociais pela UNICAMP.
Perdi uma irmãzinha ainda bebê, a Denise, mas Marcelo e sua mulher Vanessa me deram uma sobrinha linda, a Annia Yeva.
Sou filho de um casal batalhador, o Carlos e a Darci. Minha mãe já foi dona de escola de música em Mirassol, estilista em sua própria confecção, professora do Estado e agora, aposentada é uma fantástica artesã. O meu pai já foi vendedor de livros, corretor de seguros por muito tempo, professor e diretor de escola municipal. Agora aposentado é escritor e poeta. Baita responsabilidade ser filho dessa dupla.
Me casei com Caroline Prosdoskimys Gouvêa, depois também Gomes, sobre quem vou falar em detalhes mais à frente. Desse enlace vieram três filhos, que também vou citar adiante.
Ainda criança colecionei experiências diferentes das outras.
Com amigos preciosos de cabeça muito diferente das crianças e adolescentes que conheço hoje, fundei um clubinho que tinha atas, eleições, boletim informativo e tudo mais. Não sei de onde tiramos essas referências. E funcionava muito bem.  Havia uma parte ritual com velas e oração e outra administrativa.  Semelhante às irmandades que eu viria participar bem mais tarde.  Quem sabe fruto de antigas memórias.
Quase todos tínhamos por volta de 12 a 13 anos. Isso tomava o nosso tempo e preenchia com qualidade nossas tardes. O “clubinho” durou anos. Seus antigos participantes são hoje grandes homens, seja no campo pessoal, quanto profissional. Talvez essa saudável brincadeira nos tenha ajudado um pouco, vai saber. 
O fato é que sempre gostei de grupos, coletivos, fraternidades.
Logo na sequência, já um pouco mais velho, me liguei a jovens religiosos.
O mais importante dos grupos em que atuei foi o JUCA, da Paróquia de São Judas Tadeu, comunidade católica na qual, com uma turma incrível, revolucionamos a arte de participar de movimentos juvenis da Igreja. Ali aprendemos, com os inesquecíveis Missionários Combonianos, a pensar de forma avançada na política e mesmo em como conduzir nossa atuação cristã de maneira a realmente fazer a diferença na sociedade.
Depois, levado por um interesse místico, radicalizei um pouco.  Estudar “bem de leve” ciências ocultas, me encaminhou para movimentos diferentes.
Fui iniciado e me tornei Mestre Conselheiro e em seguida Primeiro Secretário Estadual por São Paulo, da Ordem DeMolay para o Brasil, uma instituição paramaçônica que me apresentou uma forma saudável de contribuir com a coletividade.  Acabou que me aprofundei nos estudos esotéricos. Daí pra adiante minha carreira em fraternidades herméticas foi bem produtiva. Aos 20 anos fui iniciado na Antiga e Mística Ordem Rosacruz (AMORC) e na Tradicional Ordem Martinista, essa última fundada pelo filósofo francês Saint Martin.
Aos 21 anos fui iniciado na Maçonaria, pela Loja Doze de Novembro. Mais tarde, junto com valorosos companheiros, fundamos a Loja Aprendizes do Terceiro Milênio. 
Importante destacar que no meio de tudo isso, quando ainda bastante jovem, precisamente aos 15 anos, iniciei minha militância político partidária.
Nessa área, com certeza, cometi equívocos imperdoáveis, mas foram muitos os acertos também.
Numa caminhada política que reputo como evolutiva, fui simpatizante da juventude do MDB, ainda sem título de eleitor. Depois, ajudei na fundação local do PSDB, que naquele momento se formava de uma dissidência do já então PMDB.
O que me atraiu a essa nova legenda, foram nobres figuras como Franco Montoro, Ciro Gomes e companheiros honrados da luta política na minha cidade. Dentre eles destaco Carlos Feitosa (um de meus mentores políticos) e Waldemar dos Santos.
Saí mais tarde do ninho tucano antes mesmo de vê-lo entregar saudáveis empresas brasileiras no que pode ser considerada a maior devassa privatista da história.
Mal informado e nada formado, fui para o PPS acreditando ser ele o herdeiro do “partidão”. Ledo engano. Contudo, foi que ali encontrei camaradas sérios e dedicados e conquistamos a Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto em coligação com o PT.
No Partido dos Trabalhadores estavam grandes companheiros das antigas e justas batalhas comunitárias que abraçávamos.
Enquanto governo municipal mudamos inegavelmente os rumos da Gestão Pública na cidade. Foi a fase em que me uni ainda mais aos velhos combatentes da esquerda, campo do qual não me afastei mais.
Bastante inspirado pelo amigo, camarada e segundo mentor político, Roberto Vasconcelos, o Vasco, atuei com Marcelo (meu irmão), Valter De Lucca, Manoel Messias e outros guerreiros, na reorganização em Rio Preto do PCB (Partido Comunista Brasileiro) quando fundamos, por meio de seu comitê municipal, o Instituto Lúcia Galli para clarear e orientar a militância. 
Minha presença e ação nos partidos políticos sempre se caracterizou pelo cumprimento de tarefas.
Ajudei sempre que pude e sem me importar muito com bandeiras em campanhas eleitorais do campo democrático, onde estão PT, PSOL, PCdoB, PCB e caminhei com figuras importantes para nossas defesas.
Reorganizar, filiar e ajudar no crescimento de partidos da esquerda eram e ainda é, para mim, obrigação.
Sempre defendi e comprei a ideia de que partido não é fim, mas instrumento de luta. Tudo se faz para evitar que sua direção caia em mãos erradas.
O interior de São Paulo, sobretudo, tem no ambiente político peculiaridades que assustam os que se apegam a bótons.  Mas eu prendi que aqui se pode ver muita gente avançada em partidos de centro ou até de direita, enquanto há cidadãos atrasadinhos e rançosos militando na esquerda. Mas claro, não dá pra usar isso como desculpa pra “pular de galho em galho”, ou justificar possíveis deslizes ideológicos.
Mais recentemente fui filiado e membro da executiva municipal do PT – Partido dos Trabalhadores, o maior partido de massas da América Latina e cuja gestão federal deu a este país o melhor governo de sua história até então. Com contradições, gente boa e gente ruim, tenho orgulho de ter pertencido aos seus quadros.
Hoje, no entanto, estou no PCdoB para onde fui com a missão de reestruturá-lo e ajuda-lo a ser salvaguarda da sua mensagem aqui nessa cidade e região. E cumprirei, com meus camaradas, essa tarefa com grande devoção. 
Na atuação política coleciono algumas ações que me orgulham.
Após ser candidato a vereador por duas vezes, fui convidado para contribuir com o Governo que ajudamos a eleger no início dos anos 2000. Exerci na prefeitura as funções de Assessor Especial e Secretário Interino de Governo por três anos. Foi-me possível deixar rastros dessa presença na vida pública, com destaque, a fundação do Fórum de Associações de Moradores (o maior caso de participação popular organizada na história desta cidade) ao lado de Feitosa, Clayton Romano, João Paulo Rillo e outros companheiros.  
Contribuí também na organização popular dos moradores dos mais de 100 loteamentos irregulares que submetia cerca de 22 mil pessoas a um quase abandono público. Iniciei projetos que vingaram e outros que não tiveram sequência após minha saída voluntária, mas que representaram, enquanto ativos, muito e a um bom número de cidadãos envolvidos.
Isso foi fundamental para minha decisão em cursar, mais tarde, Administração Pública. 
Se por um lado havia a militância político partidária, a participação até contraditória na religião e sociedades místicas, em paralelo, me ajudaram no engajamento a outras frentes importantes. Foi assim que tive a honra de participar com gente extremamente avançada, do inesquecível GEAPOL (Grupo de Estudos e Ação Política).
Criado com apoio incondicional dos padres Valdecir Dezidério (Paróquia da Vila Maceno) e Jarbas Dutra (Paróquia da Redentora), o grupo nasceu à luz da Campanha da Fraternidade Fé e Política. Como membro da Pastoral Social Diocesana competia a mim participar de outras ações. E o GEAPOL era uma delas. Foi com este grupo que tumultuamos a vida de uns espertinhos na cidade.
Foi de dentro do GEAPOL que fundamos a Amigos de Rio Preto, um tipo de agremiação de cidadãos que acompanhavam a Câmara Municipal e contribuíam também na fiscalização do Executivo local. Com este mesmo grupo, fundamos a Universidade Aberta em parceria com a UNESP. 
Já no campo pessoal, nunca deixei de correr atrás de minha própria felicidade.
Conheci, namorei por dez anos e finalmente me casei em 1999 com a valente e combativa Caroline Prosdoskimys Gouvêa.
Trabalhadora dedicada, desde tenra idade, me deu três filhos maravilhosos: o Gabriel, o Rafael e o Daniel. Cada um deles com suas qualidades e promessas são o orgulho de toda uma vida. O meu legado definitivo a esse mundo e com certeza minha maior contribuição ao projeto “vida”.
Caroline foi fundamental para muitas de minhas escolhas.  Ficar em Rio Preto quando meus pais estavam na Capital São Paulo.  Assumir a empresa de meu pai e mais tarde fundar a nossa própria corretora.  Estudar, primeiro direito e anos mais tarde, Administração Pública.
Apoiou meus ideais políticos e suportou minhas doenças (primeiro um tumor, vencido em 1999 e dois episódios de AVC).  Enfrentou comigo crises financeiras e mesmo existenciais que vivi ao longo de minha primeira etapa de vida adulta.
Eu havia sido office-boy, professor de cursos profissionalizantes, inspetor de seguradora, consultor de franquias, dono de escolas (informática, inglês e profissionalizantes) sempre contando com sua força e incentivo. E foi também por sua forte sugestão que me habilitei em 1991 como Corretor de Seguros e finalmente fundamos, eu e ela, a San Martin Corretora de Seguros.
Com o nome inicial de Confidence, a empresa operou como corretora de seguros convencional por quase 20 anos até entrar (por insistência de Carol) no Mercado de Franquias. 
Em 1913, se tornava realidade esse sonho.  Caroline então se desfez de sua parte no contrato social em prol da entrada de sócios investidores, dentre eles o eterno amigo de ambos, Edinilson Lopes, até hoje sócio nas empresas do grupo.
Com cerca de 300 unidades espalhadas por todo o território nacional, se não nos deixou ricos, a marca transformou nossas vidas e a de muitos outros à nossa volta.
No ano que vem completaremos 25 anos desde a fundação da San Martin Corretora de Seguros.  
Com processo já iniciado, de novo por insistência de Caroline, a empresa estende suas asas e chegará a Portugal com operações programadas para o início de 2020. 
Pouco antes da San Martin se lançar no franchising, eu havia criado, com Edinilson e outros parceiros, a Maria Brasileira, também uma franquia, que conquistou muito sucesso e que ainda hoje, mesmo eu não sendo mais sócio, me enche de orgulho. 
Entre meus negócios atuais, além da San Martin, estão a Seleta Negócios, formatadora de franquias e consultoria, o BANNEG, que com representação de produtos financeiros já ocupa uma boa posição no Mercado de Franquias e por fim a SAMBA, que ainda está em fase inicial, mas promete. 
Com meio século de vida e agora divorciado, sigo motivado e continuarei dividindo meus dias entre a família, o trabalho, minha transcendência espiritual e a atuação política.
No fim dos anos 90s escrevi um livro. Pequeno, na verdade. Apesar do nome, Saindo do Fundo do Poço não é um livro de autoajuda. Fala da relação com a “depressão”. Fruto de minha própria vivência, que aliás me acompanha até hoje.
A modesta obra chegou na sexta edição e foi publicada pela Edições Paulinas. Participou da feira do livro em Frankfurt, na Alemanha.
Vaidoso, adoro falar de mim sem pudores.  Por isso então segue uma última confissão. Sou apaixonado por Ufologia, tendo na matéria um hobby que trago para as minhas noites e horas vagas.
Só pra constar, esse hábito de escrevinhar ou propagar minhas opiniões e feitos, embora seja sim fruto de uma grande vaidade, não deixa de representar um convite a outras pessoas (dentro e fora de meu convívio) para comigo abraçar a esperança em dias melhores.

Engole o Choro

Resultado de imagem para Engole o choroQuando as forças se vão e todo o chão desaparece por sob os pés, mesmo os mais experientes padecem.
Homens choram, mulheres fortes sofrem.
Tudo escurece e aquele tom de cinza cobre o jardim, pinta o céu e passa a fazer parte mesmo das roupas.
Se emagrece ou até se engorda demais. As rugas ficam salientes, destacam-se as olheiras e mesmo os cabelos se tingem.
Uns comem sem vontade e outros não tem a menor vontade de comer.
Tem aquele que só quer ficar na cama, mas há quem passe o dia todo fora, com medo de voltar pra casa.
A isso denominamos tristeza.
E a tristeza existe desde sempre, bem ali, ao ladinho da felicidade.
Alguém pode dizer que hoje a tristeza é maior que antes.  Que mais pessoas são ou estão tristes do que nos tempos idos.  E a depressão, de fato, já passou a ser tratada por todos como se fosse um resfriado, aquele pequeno desconforto que aparece de quando em quando e a todos submete sem distinção.
Pois é.
Crianças, jovens, adultos e idosos, parecem estar sempre cabisbaixos.  Não encontrando muita razão para suas vidas.  Uns por estarem velhos demais, outros porque não crescem nunca.
Nem dá pra jogar a culpa na classe, pois pobres e ricos são tão tristes ou tão felizes quando podem, desprezando o que possuem ou renegando o que jamais possuirão.
Muito magro, muito gorda, desajeitado, tímida.
Ansiedade, pânico, bipolaridade.
Escuta-se sobre doenças oportunistas que fisgam os tristonhos.  Fala-se de aumento dos suicídios.
Não parece haver saída pra ninguém.  Uma epidemia de apatia, de desarvoramento.
Ora enche as igrejas e templos de desesperados, ora lançam os acometidos desse "mal" ao descrédito total de qualquer ação divina.
O fato é que tudo isso pode até ser verdade.  Mas em comparação a que?
Como podemos quantificar a dor da tristeza se ela é sentimento?
Saudade de quem partiu, de quem partiu pra outra.  Saudade do que se viveu ou vontade daquilo que não se vai viver. Isso é real.
Então, por que sabemos tanto sobre isso, se não temos um cenário de comparação?
Pior que temos.  O tempo todo a comparação com a enorme felicidade, prosperidade, alegrias, bom humor, festejos, beleza, encantamento nos é exibida pelas telas dos celulares e computadores.
Como são felizes e sorridentes os personagens do Instagram, do Facebook. Como são perfeitas suas famílias, suas viagens, seu trabalho.  Como se divertem todos.  Como vão a festas completas.  A qualquer dia da semana.  Quanto dinheiro. Quanta beleza.  Carrões, lindas roupas. Corpos sarados.  Amigos e "peguetes" ao redor em todas as ocasiões.  Mesas fartas.  Copos na mão.
Esse comparativo é portanto o grande responsável pelo cultivo à tristeza, ao desânimo que enchem os consultórios.
E mesmo esses acometidos, feridos, atingidos, acabam por repetir o processo a ferir e maltratar as almas reais, legítimas de fora das redes sociais, só pra não ficarem por baixo.
Não que não haja a tristeza verdadeira, oriunda de perdas, dores, falta de perspectivas e mesmo incapacidade de busca das realizações pessoais.
Mas a tristeza "crônica" que parece dominar a humanidade em uma enorme crise existencial, provém sim da observação quase que permanente de "felicidade" virtual que acreditamos ser verdadeira e disponível, mas que não atingimos, pelo menos nessa plenitude.
Não seria normal que nos sentíssemos felizes ao ver tanta gente feliz e realizada?
Sim no mundo perfeito.
Quando em excesso, essa "felicidade" que todos fingem estar vivendo, deixa nas demais pessoas a frustração ou a dúvida de que se possa atingir aquele sentimento algum dia.
Por isso, cada vez mais são repetidos os "mise en scene" individuais que querem parecer ou se acreditar felizes e o círculo vicioso se propaga.
Quantos despertam pela manhã sequiosos de verem seus amigos e o que fizeram na noite anterior?
Não pra comungar de suas conquistas, mas para desejá-las com furor.
Há que se entender que a tristeza está na mesma linha da felicidade.  Se oscila para um lado aumenta a felicidade.  Se caminha para o lado inverso, aumenta a tristeza.
Se percebermos a frugalidade de quem posta tudo, desde o prato do almoço que acabou de preencher até o novo sapato comprado naquela tarde, entenderemos que nossas vidas não são tão diferentes assim de qualquer um desses de "sorriso fácil".
Qual o real objetivo de se mostrar em uma balada, em uma reunião, em um aeroporto, que não afirmar-se, de algum modo, completo e vencedor?
Não seria mais interessante curtir os momentos que registrá-los provocando em outros a inveja ou minimante a tristeza?
Cada dia mais profissionais da saúde mental tem dito, que ao abrir mão desse comportamento doentio a que está submetida toda a sociedade, 24 horas por dia olhando para uma tela com a obrigação de preenche-la, bem como à espera de uma outra imagem de vida alheia, então vamos começar a viver tristezas com causa e alegrias mais duradouras e menos fabricadas.
A tristeza com causa, tem fim, quando arrefece o motivo que a gerou.  Como a morte superada, o divórcio encarado, a dor curada etc.
A alegria verdadeira provém de dentro de nós.  Fruto, claro, de nossa decisão de prioridades, de realidades.
Essa partilha com as falsas realidades do mundo virtual, se assemelham, olha só, ao psique de quem, vendo uma novela todos os dias, já se imagina pertencente ao roteiro, amigo dos protagonistas e até mesmo do diretor.
Só a convivência real é capaz de fazer surgir em nós a luz que dissipa as sombras que cobrem as almas.  As chamas que aquecem o coração e faz derreter a espessa camada de gelo que o cobre.
É assim que recobramos a razão e sentimos eclodir a primavera, florescer os campos e colorir nossas paisagens.
No abraço sentido, consentido e por que não dizer, inchado de sentimentos, nossa história volta a fazer sentido.  Até porque é nossa e não mais aquela que procuramos nos outros. Nos completos e felizes cenários da internet.
Demorou.  Foi difícil, mas estou finalmente redescobrindo a alegria.  Compreendo que felicidade é mais completa e duradoura. Talvez seja, como diz a canção, "brinquedo que não tem".
Mas a alegria já me basta por enquanto, posto que é capaz de expulsar, com fúria, a ameaça da tristeza sem sentido que corrói a tudo que encontra pelo caminho.
Já não comparo mais.  O que não se pode tocar de verdade é só imagem.  Pixels.
Estou ciente dos vazios d'alma que povoam e emolduram as publicações quase todas.  E acordado para isso, finalmente entendi que não mais adormece, quem de fato desperta.



quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Amor, I love you.


Palavras ditas sem muito critério, começam a cair na insignificância.
Não seria nunca o caso de “eu te amo”, se não fosse tão banalizada como ultimamente.  Dita quase em toda parte, por vezes desprovida de verdade, de sentimento real.
A riqueza de nossa língua apresenta alguns detalhes no uso de palavras e expressões. E isso precisa ser valorizado. Por exemplo, no meu entendimento, amar algo é mais que gostar. 
A gente gosta de suco de laranja, mas ama a mulher da gente.
A gente quer bem a um amigo, mas ama a um filho.
Sim, podemos amar o suco de laranja e o amigo, mas amar pressupõem aquele sentimento muito forte que o gostar e querer bem, talvez não exprimam tanto. 
Podemos dizer que amar ao próximo é uma lei.  Não só cristã.  Está presente em muitas religiões e na própria condição humana.
Amar os da própria espécie, devia ser mesmo regra e não exceção. E lembremos, tem gente que ama até os de outra, como quem cultiva um carinho extra especial pelo cãozinho ou gato.
Há quem ame a matéria.  O carro, o dinheiro, o vestido.  Mas acho que aí é aquela situação em que falta entendimento ou do significado da palavra, ou do que é realmente o amor.
Poderia ficar aqui nessa discussão filosófica, infrutífera e muito pessoal.  Mas o fato é que só a produzi para tentar entender a colocação de Bolsonaro.  Equivocada ou real?  Será que ele queria dizer mesmo isso?
Se sim, o que explica o estranho amor de nosso presidente, aliás nosso não, pois não é meu, com relação ao presidente Trump e de certo modo, a tudo que cheire Estados Unidos?
Em mais uma das suas risíveis atitudes, Bolsonaro após esperar por longo tempo o presidente americano na sala G4-200 no prédio das Nações Unidas, teve com ele uma conversa que não superou os 3 minutos.
Mas foi suficiente para marcar.
A Trump, o brasileiro declarou: “I love you”.  Talvez por ser a única frase inteira que conheça em inglês.  Mas talvez, por amar mesmo.  Alguém já pensou nisso?
Já o outro respondeu apenas: “Nice to see you again”.
Realize a cena. 
Uma garota ou garoto dos seus sonhos se aproxima e você com uma produção específica para o encontro, se declara abertamente: Eu te amo.
Como resposta, a insensível paquera solta a fria frase: Bom te ver de novo.
Nem foi ótimo, que bom, excelente, maravilhoso, incrível. Foi apenas bom.  Como puro ato de cordialidade. Bom te ver de novo.
Será que Bolsonaro não se cansa de lamber as botas desses caras?  Será que não entendeu que nosso país precisa de trabalho, realizações contundentes, boas relações com o resto do planeta todo e não só com a Hollywood que ele aprendeu a gostar de tanto ver filmes do Jerry Lewis no passado?
Não está acordado para ver o despencar permanente de sua credibilidade perante seu próprio povo?
Será que não podia ter estudado melhor antes de ler um discurso tão tacanho, tão desprovido de geopolítica, de raciocínio fraterno e coletivo?
Não.  Não podia e não pode.  Goiabeiras não dão maçãs.  Dão goiabas.  E o que ele tem pra oferecer é isso aí.  E sempre foi.  Quem votou nele soube, sabe. Só falta reconhecer.
Temos que aturar vergonha atrás de vergonha, como a que produziu seu filho, logo em seguida, com as mentiras e boatos que espalhou contra a ativista adolescente Greta Thunberg.
Já não temos mais onde enfiar a cara.
Pensa que foi só isso?  Não, teve a apresentação da falsa representante das comunidades indígenas.  Sem falar em todas as críticas dos líderes mundiais desferidas contra nosso descaso ao meio ambiente.
Desde 1947, a partir de Oswaldo Aranha, o Brasil conquistou o mérito e a honra de abrir todas as Assembleias da ONU. 
A Organização das Nações Unidas e seus 193 países membros, talvez nunca imaginou que por conta dessa tradição teria que ouvir uma abertura tão pífia e tão indigna.
Com frases como: “Foro de São Paulo, organização criminosa”. “A Amazônia está praticamente intocada”.  “Líderes indígenas como Raoni são manobra de governos estrangeiros”.  Dentre outras pérolas, o presidente brasileiro demonstrou seu profundo desprezo à verdade e ao bom relacionamento mundial.
É, presidente.  Melhor declarar o amor não correspondido a Trump mesmo. 
Com isso ninguém mais presta a atenção no resto.  Se ocupa em se divertir com mais essa brincadeira de mal gosto e deixa de lado o que de fato devia importar.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Liberdade recusada voluntariamente. O preço de se entregar de graça.

Em 1563 foi publicada a obra Discurso da Servidão Voluntária de Étienne de La Boêtie.
No livro, o autor fala da obediência consentida dos oprimidos.
Alerta que o súdito de um rei perverso e tirano é quem, na verdade, concede a ele seu poder.
Reis fracos, franzinos, com moral questionável, muitas vezes, dominavam com crueldade homens aos montes pelo poder de sua "imagem" e não por sua força física ou efetiva.
Um poder que lhe era atribuído de maneira integralmente voluntária pelos servos. Seja por costumes, seja por "magia" revelada por histórias passadas de pais para filhos, seja por influência religiosa.
O autor questiona de onde um só conseguia poder de controlar todo o resto. 
Até que então afirma, de forma categórica, que é possível resistir à opressão, mesmo sem violência, bastando aos indivíduos se recusarem a consentir sua própria escravidão a esse ditador.
Muito bem.
Recentemente escrevinhei um texto em que questionava o estranho poder da internet, cuja força destruía famílias, conceitos, padrões, comportamentos e criava, ao mesmo tempo, tudo de novo, ao seu jeito e ao seu modo, com intensidade e objetivos bastante estranhos, pra não dizer malignos.
Por favor, note-se sempre que não há qualquer intenção de se destruir a visão de modernidade, de avanço, de tecnologia nova e abundante, componentes necessários do tão sonhado futuro e liberdade do Homem.
Mas num paralelo, o que desejo aqui é mostrar que também essa ferramenta de ascensão humana, pode ser tornada em uma criatura severa, tirana e ditatorial a nos comandar e usar ao seu bel prazer.
E de forma muito ruim, por concessão voluntária de todos nós.
Aplicativos os mais diversos são disponibilizados gratuitamente com o único objetivo de penetrarem nossos micros, celulares e dados.  A controlar informações e criar algorítimos que nos tornarão escravos de vícios (até mesmo sexuais, pois tornam seus dependentes mais acessíveis), comércios e sobretudo, controle social e político.
Nem me cabe condenar ninguém, sem antes confessar minha total submissão às redes sociais e mecanismos de comunicação eletrônica. Uso Blog, Facebook, Instagram, Linkedin, WhatsApp e o que mais tiverem paciência de me ensinar.
Não me orgulho.  Temo.  Estou tentando enfrentar sem fazer parecer uma "briga de brancaleone".
Esse texto é prova disso.  Levar-me, bem como quem o quiser, a uma reflexão profunda.
Se agora mesmo visito o Google para descobrir onde fica uma determinada cidade em Portugal, meu PC, meu IPed e meu celular passam a me enviar o tempo todo passagens aéreas, hotéis, aluguéis de carro, restaurantes etc. sobre o lugar ou suas imediações.
Se visito um site qualquer, tudo o que ele oferece, a partir de então, me fará visitas constantes, seja de forma direta, via lembretes eletrônicos na tela, seja por mensagens estranhas no meu SMS ou outro veículo.
Aplicativos variados, mesmo aqueles mais populares ou tidos por necessários, que permitem o relacionamento entre pessoas, são componentes de confecção de perfil que gradativamente são despejados no íntimo de grandes programas.
Para ilustrar com imagens claras, nada melhor que o filme que conta a história de Snowden. Sugiro que seja assistido pelos mais céticos.
Hoje conseguem nos ver no banheiro, na sala ou no quarto. Se quiserem, ligam sem que percebamos nossas câmeras, microfones.  São ainda capazes de saber que mensagens enviamos, pra quem, a que horas, de que modo.
Só não as utilizam todas, por falta ainda de espaço, tempo ou pouco interesse em nossas singelas existências.  Mas usam as principais. Para nos empurrarem coisas, produtos, manias, ideias. E se a pessoa consegue algum destaque, muito em breve, estará comendo nas mãos de alguém.
Não é à toa que figuras conhecedoras do mundo digital como Mark Zuckerberg ou Elon Musk, se recusam a usar a maioria dos aplicativos e cobrem seus equipamentos com adesivos nas lentes.
E porque faço essa ligação com a obra de La Boêtie.  Porque assim como ele afirma que nossa escravidão é voluntária, ele também nos diz que podemos interrompe-la.  Vencer essa tirania, bastando não mais nos entregarmos à rotina ridícula de nos fazemos mercadoria.
Parece simples, mas experimente viver à distância de tudo isso.  Não ter um WhatsApp ativo.  Não procurar pessoas em chats.  Não fazer conexões. 
Será tido por louco, eremita, fanático ou besta. Ficará ainda a parte do Mercado e terá dificuldades para crescer no mundo corporativo.
E esse será o preço da sua liberdade.
Agora mesmo, estou encaminhando essas palavras para amigos e familiares via web.  Que logo, por respeito ou consideração a mim, estarão lendo.  Alguns dizendo: "Puxa é mesmo".  Outros avaliando: "E daí?  O que pode acontecer de mal?".  E por fim aqueles que sequer se darão ao trabalho de pensar no assunto, pois estarão lendo ao mesmo tempo em que consultam seus recados ou mensagens.
Só que o fato é que as partículas terão entrando em cada componente eletrônico que quase 100% das pessoas que conheço possui.  Todas elas, como eu, escravos voluntários desse BigBrother poderosíssimo que vende caro nossos segredos e informações, conseguidos absolutamente de graça por nosso mais doce e devotado consentimento.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019


Ágatha

Texto publicado pelo DL News
 
23/09/2019 
1
Indo para escola, passeando ou voltando para casa. Portando uma mochila escolar, um guarda-chuva ou uma furadeira. Trabalhadores, crianças, mulheres.  Quase na sua totalidade negros, pobres, mortos em ações descomprometidas com as mais óbvias regras de segurança. Essa é a triste realidade da violência brasileira com forte destaque para o Rio de Janeiro.
Abatido na frente da família com 80 tiros, no próprio carro, ou morta aos 8 anos pelas costas, ao lado da mãe. No Rio se vai dos 8 aos 80, quando o lema é matar.

Sempre se acreditou na barbárie como resultado da enorme distância social que se agrava nesse país.  Mas tem sido a partir de um discurso inflamado de gente que acredita na violência para combater a violência, que tudo se transformou dessa forma.

Ah, vai dizer que antes estava tudo na paz?

Não. Nunca haverá paz enquanto houver injustiça, desigualdade, preconceito. Mas a morte de inocentes vinda de autoridade, de pessoa eleita para garantir o bem comum, ou de profissionais que deviam proteger, pode desencadear uma guerra civil trágica na nossa sociedade.

Acreditar no poder de fogo, das armas, para promoção da harmonia é visão turva, como é turva e contraditória a fé de quem se diz cristão, mas aposta na morte do pecador e não no fim do pecado.

E as mãos sujas de sangue são de quem manda, de quem obedece e de quem elege ou defende. Algum tempo atrás, alguém achou bonito esbravejar. Falar mal de todo mundo.  Babar com ódio contra isso ou aquele.  Agredir com palavras os discordantes. Vociferar contra as minorias. Defender a posse livre de armas. Combater os adversários com ferro e fogo.  Parece que funcionou.  Deu destaque em quem era tão apagado quanto um nada. Colocou-o no cargo maior.

Dali a pouco, um bando de idiotas passou a pegar carona nessa "vibe”.  Contaminou gente nas cidades e estados.  Uma onda desumana de irracionalidade. Até que um ou outro, passasse a uma posição de relevância e transformasse seu falatório eleitoreiro em plataforma de governo.

Eleito, que bom.  Bora executar.  Pouco importa se é coisa de gente ou de bicho. Da Ibope, manchete.  Bota para quebrar.  "Vamos atirar na cabeça”. Não foi bem isso?
Pronto.  E assim, agora é a pequena Ágatha Vitória, de 8 aninhos, que entra para as infelizes estatísticas.

Em queda de braços, família quer provar que não havia qualquer confronto.  A polícia, por sua vez, declara o contrário. Mas o que importa se era ou não confronto?  Quem morreu?  Quem levou a pior?  Quem foi o culpado?  Quem vai ser punido?  Quem vai trazer a menina de volta?  Quem vai garantir a tranquilidade da boa e honesta gente que mora naquele lugar e que é, sem dúvidas, a maioria?

Eu lamento.  Lamento só, não.  Eu protesto. Pouco adianta meu brado.  Vai mudar nada não.

Mas declaro assim mesmo minha indignação.  Porque acho que não vai parar.  Não vai acabar.  Não vai sequer diminuir se a gente só assistir.
Enquanto loucos estiverem no comando de qualquer coisa e enquanto irresponsáveis continuarem a admirar e eleger esses loucos, que nomeiam outros loucos, nunca terminará.

Por enquanto a comunidade ao Alemão fez uma manifestação pacífica e modesta.  Mas penso que dias virão em que o morro virá a baixo, ou o chão irá acima na defesa de tanta gente oprimida.

Confronto?  Aí sim vai ter. Enquanto alguns promovem campanha de prevenção ao suicídio, bastante séria por sinal, ainda tem gente que comemora o "pseudosuicídio” representado pelo assassinato constante de indefesos que simplesmente e descuidadamente insistem em viver em locais que desagradam e incomodam as elites.

Balbúrdia

Texto Publicado no DL News - 09/09/2019 
Eu sei contar. Mas não sei contar multidão. Também não importa quantidade.  Importa?
Por isso não sei dizer quanta gente passou, no domingo de manhã, pelo anfiteatro da Represa Municipal, onde gente feliz, de todas as partes da cidade, fez acontecer uma balbúrdia daquelas.
Tinha livro, tinha quadro, tinha varal de bordado, tinha música, ginástica, canto e teatro.  Tinha alegria, tinha emoção, tinha partilha e tinha festa. Tinha até café.  Eu tomei.
Protestar assim é o jeito mais transgressor de desobedecer. 
Isso mesmo.  É desobediência celebrar com arte e cultura, canto e poesia, liberdade e alegria, diante de um governo sombrio que aposta na desunião, na tristeza e na carranca.
Lá, entre sol e brisa suave, falou-se de meio ambiente, de igualdade social, de escola e hospital inclusivos, de formas diferentes de amor.  Ouvi algo em torno de comida sem defensivos.  É isso mesmo.  Orgânica, real, saudável... vida.
Tá bom.  Tinha partido também.
Tinha entidade, tinha textura, bandeira, camiseta e cartaz. Não vamos pensar que tudo isso caiu do céu. Afinal, lutar pelo melhor do mundo é coisa pra quem tem cara, posição. Só não tem medo.
Mas eles e elas, ah elas... falavam das mesmas coisas.  De tal forma que no final estava tudo colorido e com todas as cores representadas.
Senti um orgulho enorme.  Grandeza mesmo. Um misto de alegria e vitória, cada vez que me virei e vi um cidadão de bem.  Uma guerreira ou um outro indivíduo igual a mim. Aspirando e expirando, transpirando os mesmos sentimentos meus.  Era a certeza de estar do lado certo. Mais uma vez.  Uma convicção de saber-se um arauto da liberdade, da democracia. Do certo e do justo.
Caramba. Se eu era moleque em 64, agora eu sou adulto. E estou lá. Pra falar de flores, pra brigar pela paz.
Pra ensinar pros meus filhos, para aqueles que convivem comigo, que se a gente não for lá, todo tipo de mudança, será sempre pra pior.
Idosos, crianças, jovens, adultos.  Médicos, encanadores, professores e desempregados.  Andarilhos e ciclistas, casais em passeio e mesmo policiais.  Todos deram as caras.  Todos aplaudiram aqui ou ali.  Todos riram, muitos choraram.  Há quem dançou.  E por isso, há quem dançará ainda mais.
E sabe?  Pelo jeito não vai parar por aqui.  Que bom!
Dessa vez não me furtei ao meu compromisso.  Ao chamado.  À vocação de patriota verdadeiro.
Sim eu fui.  Sem lenço e sem documentos, com a certeza de que amanhã será outro dia e seguiremos caminhando e cantando, como nossos pais já fizeram um dia.

Proletarier aller Länder, vereinigt Euch!

FOTO - BRASIL DE FATO Nilson Dalleldone nilsondalledone@gmail.com   Edição do riso A OTAN caiu numa armadilha... Divirta-se! A Rússia ridicu...