domingo, 13 de novembro de 2016

Depressão, Alegria, Resiliência e outras coisas.

Há pessoas que se recusam tanto em aceitar que as coisas boas também acontecem, que quando estão muito felizes ou diante de realizações, começam imediatamente a pensar que algo ruim vai acontecer, ou então e pior ainda, que não merecem a graça que estão vivendo. Não seria mais fácil levantar as mãos aos céus para agradecer por estas bençãos e transbordá-las aos que estão ao redor?  Sim, isso mesmo.  Alegria precisa ser vivida com intensidade e compartilhada, brilhar e aparecer, como luz em um candeeiro. Acostumados com dificuldades e sofrimentos durante longo tempo, alguns indivíduos não conseguem muito conviver com os instantes de paz, bons ventos e felicidade.  Estranham, questionam, murmuram. Na minha opinião é como desfeitear um presente recebido.  Portanto agradecer os momentos felizes é o primeiro passo quando tudo vai bem.  Agradecer verdadeira e sinceramente a Deus e a todos que estão proporcionando este estágio positivo. Mas e se, porventura, o que estamos vivendo, ao contrário é um instante de muito sofrimento, dor, problemas? Não há também aqueles que estão aniquilados, desmotivados, apáticos e sem energias?  Vítimas da depressão, dos baques fortes que foram forçados a viver, ou mesmo doentes, depauperados? Claro, sem polianismo, só que é preciso enfrentar todas as dificuldades com garra, persistência, confiança, coragem e sobretudo vontade.  E se não houverem estes ingredientes, despertá-los.  Esta é a grande prova de nobreza que alguém pode dar aos que lhes observam.  É também o imperativo teste de fibra por traz dos que deram a volta por cima diante das mais variadas circunstâncias das suas vidas. Esta garra, persistência, confiança, coragem e vontade, não "dão em árvores".  São itens escondidos no caráter de todo ser humano e que precisam aflorar, serem provocados. Vale ainda salientar que nunca saímos iguais de uma batalha, de um problema.  Sempre maiores, mais fortes e muito mais autoconfiantes. E isto forja ainda mais o nosso caráter, nossa personalidade, nos deixando cada dia mais imbatíveis. Eu sei que existem problemas e dores insuportáveis, mas mesmo estes são enfrentados pela maioria das pessoas que, com grande resiliência, continuam tocando em frente, mesmo depois de uma doença grave, de uma perda irreparável ou de "tombos" que a vida impõe vez ou outra.Ser resiliente pode ser um bom começo pra aqueles que não estão bem.  E resiliência é uma coisa que a gente treina. Cada vez que mudamos uma mesa de lugar, alteramos nosso caminho de ida e volta pro trabalho, compramos um bichinho novo de estimação, ou nos mudamos de casa, de estilo, de comportamento, estamos provando essa virtude. Há tantos que conhecemos que habitam na mesma casa desde que nasceram, estudaram toda a carreira escolar em um só colégio, jamais se vestiram diferente ou visitaram outras igrejas, clubes, cidades.  Estes são aqueles que, quase sempre, quando de encontro com uma situação surpresa, como por exemplo o desemprego inesperado, ou a notícia de uma cirurgia iminente, são derrubados por terra, com grande dificuldade de se erguerem. Sempre há chances e oportunidades para testarmos nossa capacidade de adaptação.  Se nada mudar na vida, vamos provocar mudanças e quando as coisas finalmente estiverem diferentes, vibrar, se alegrar e interpretar o novo antes mesmo de julgá-lo bom ou ruim. Sempre tive que aplicar a resiliência.  Desde cedo, em minha adolescência, houve momentos de eu ser trocado de escola, deixando pra trás amigos queridos e professores que correspondiam ao meu modo de aprender.  Num primeiro instante, o pânico e o pensamento nos diferentes obstáculos a se transpor.  Mas logo, a euforia e o êxtase da nova experiência sobrevinham, afastando o medo e tornando boas todas as coisas.E assim foram meus dias.  Vivendo no Ebenezer (termo hebraico que sinaliza : "Até aqui, Deus nos ajudou..."), ou tendo que mascar correntes, sempre me lembrei da resiliência. Isto são conselhos, apenas isso.  Não há em mim qualquer formação nas áreas da psicologia.  Tampouco autoridade médica ou espiritual para estes aconselhamentos.  Sinto sim, apenas a responsabilidade de trazer comigo, pra uma forma mais ampliada de enxergar as coisas, aqueles que possivelmente se deparam neste momento com esta contradição entre querer ser feliz e temer a felicidade. Sentimento que provoca vazio, inquietação, tristeza sem sentido, morbidez e outros relacionados a desesperança, prejudicando, dentre outras coisas, o raciocínio, a virilidade e a própria reação. Estas coisas que relato aqui são fruto de minha vivência, meu combate pessoal contra a depressão, sempre à espreita.  Lembranças que sempre me ajudaram muito a ser quem sou hoje.  Minha vida já teve tantos altos e baixos, momentos de alegria incontida e quase ao mesmo tempo, luta pesada, que me vi vivendo por mais de uma vez inspirado nas palavras do apóstolo Paulo, naquela que é sua maior lição sobre resiliência, em Filipenses 4:12,13. "Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece”.  Dizer para alguém se alegrar nos maus momentos, soa falso.  Dá a impressão de que se é fingido, ou hipócrita.  Mas encontrar motivos, mesmo nas sombras, para se louvar ao sol, é comportamento que inflama a alma humana.  Alma que deve sentir no cultivo das artes, do amor incondicional e da caridade, a motivação necessária e suficiente para seguir adiante apesar de tudo. O negócio é não afrouxar nunca.  Desistir, jamais.  Chorar se preciso, mas mesmo com lágrimas, caminhar, caminhar e caminhar.  E se por um daqueles milagres que sempre ocorrem, acabarmos chegando onde se esperava, escolher imediatamente outra direção e recomeçar a caminhada.  Pois felicidade não é um alvo a atingir, mas justamente o que fazemos enquanto a buscamos. Eis a chave para se bater, de cinta, na depressão e outros sentimentos pequenos que nos ameaçam.

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