domingo, 6 de novembro de 2016

PEC 241

O que você acharia se, na empresa em que trabalha como motorista, atendente ou balconista, fosse anunciado que, em virtude dos altos gastos e despesas, a administração resolveu cortar o seu cartão de alimentação?
Só que, antes de responder, lembre-se que, enquanto isso, foram mantidos os vales combustível da diretoria e criado um vale compras para que os gerentes possam comprar ternos novos nos shoppings da cidade, a fim de andarem melhor apanhados.
Penso que isso lhe deixaria com alguns questionamentos.  Dentre eles se a ação de cortar os gastos pelo fim do cartão alimentação é justa, decente, honesta, correta e se realmente resolverá o problema que é a diminuição de gastos da empresa.  E o pior é que você não pode fazer nada, pois se gritar, perde o emprego.
Bem parecido com isso é o caso da PEC 241 que está em voga nas rodas, mas de forma extremamente superficial e sem qualquer reflexão maior.
Ela congela em 20 anos os investimentos em áreas fundamentais como saúde, educação e outras, enquanto mantém privilégios das grandes fortunas, do universo político, judiciário e de gente que paga escola particular, seguro saúde e portanto, não precisa do governo para quase nada.
Estão, por exemplo, mantidas as remunerações dos juros altos aos bancos e aos grandes investidores.
Além disso, pra se ter uma ideia, a alíquota de imposto de renda permanece a mesma.  Ou seja a das grandes fortunas é igual a de um assalariado bem remunerado (que nem por isso é rico).
Não podemos esquecer dos diversos e constantes interesses estrangeiros que sempre estiveram presentes em nosso país e desde o seu descobrimento.  E as decisões por aqui continuam a ser tomadas pensando apenas neles.
Hoje, sem preconceito, vale dizer que o principal dirigente da nossa economia, o ministro Henrique Meireles, tem cidadania americana.  Mas com certeza, nem esse é o caso.  Só que os interesses que ele e sua equipe mantém prestigiando, são mais pra lá do que pra cá.
Haveria muitas outras mudanças possíveis antes de se chegar a este extremo que a PEC impõem. Mas o povo não só deixou de ser consultado, como sequer foi esclarecido.  Enquanto isso, o Congresso na figura dos deputados federais e senadores, aprova e continua aprovando qualquer coisa que venha do Planalto sem pestanejar e sempre às pressas.
Na contra mão de tudo isso, ocorrem as ocupações de escolas, promovidas por estudantes e sustentadas por intelectuais e pais de consciência elevada, que só viraram manchete agora para serem culpadas por "atrapalhar o ENEN".  Tentativa clara de jogar estudantes contra estudantes.
Com piadas prontas sobre a politização destes manifestantes, jornalistas de má fé e alguns ressonantes da mídia formal, seguem tentando diminuir ou desacreditar o movimento e exigindo da polícia, que promova, com uso até da força se for necessário, a desocupação.  "Patriotas" sem amor pelo Brasil, que não deixam os verdadeiros patriotas brigarem pelo nosso país.
Triste sina de uma nação que tem em uma emissora de TV, concedida por políticos aos seus amigos de então, sua maior fonte de consciência e a justiça que caminha de braços dados com o próprio legislativo que, sem lembrar que é parlamento, representa qualquer um, menos aqueles que o elegeram.

Um comentário:

  1. Parabéns belo texto bastante esclarecedor, pena que poucos vão gostar, a grande maioria só acredita no que vê na TV.

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