quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Papai Real





Texto do Prof. Jean Carlos
Gestor de Inteligência da
San Martin Franchising




No imaginário das crianças há espaço para diversos personagens que podem ir desde os invencíveis guerreiros japoneses até o lendário velhinho barbudo da longínqua Lapônia.
Perguntado pelo meu amigão se Papai Noel existe, respondi prontamente, sem medo de magoá-lo: "Certamente, que não!"
Não escondo a decepção que assolou o menino, bastava ver seus olhos quase lacrimejantes e a expressão de espanto.
Qual a razão de expor o assunto de forma tão objetiva? Questões religiosas a parte, sempre encontramos motivos para comemorar datas que, geralmente, são importantes para humanidade.
Procurei, então, como qualquer educador, ensejo para administrar o que considerei uma excelente oportunidade para mais uma aprendizagem.
Comecei por fazê-lo compreender que a figura de Noel é meramente exploratória, ou seja, o verdadeiro objetivo é impulsionar as vendas de final de ano garantindo, dessa maneira, um faturamento maior para os comerciantes.
O garoto ficou intrigado, saiu por alguns instantes e voltou com uma nova dúvida. Dessa vez, queria saber o porque de meias na janela, cartas de pedido e, sobretudo, o esforço em passar de ano - leia-se ir para o ciclo seguinte -.
Tudo invento, lorota de adulto para ludibriar a criança. Diante de tanta frieza o garoto literalmente surtou:
- Então como surgem os brinquedos na noite de Natal?
- Quem trás amigão, respondi, é o Papai Real.
- E quem é ele, perguntou.
Não dá para esquecer seu semblante quando fez esta última pergunta: suas sobrancelhas se aproximaram, os braços se afastaram como quem necessitasse de uma explicação para toda aquela loucura.
Ora campeão! Passei a descrever... Papai Real é aquele que quando você nasceu passou noites a fio ao seu lado, às vezes com um olho fechado e o outro aberto para ficar alerta caso precisa-se de algum cuidado.
Esse homem o conhece mais que qualquer outro, pois o acompanha desde os primeiros passos cambaleantes e os ensaios das primeiras palavras.
Resumindo, não mede consequências para atender, na medida do possível, um desejoso presente de sua parte.
Ah, disse com um sorriso sorrateiro, mas esse é você!
Sim - respondi - e o que você acha disso?
Ele pensou… pensou… e, finalmente, pôde concluir:
Bom, pelo ou menos você não mentiu para mim.
Somos professores e insistimos em propagar aos nossos pupilos a imagem do Papai Noel. Enfeitamos as escolas com bolas e mais bolas, via de regra com cores que não combinam em nada com o clima tropical de nosso país e, absurdamente, colocamos Noel permeando uma bela árvore que, comumente, também, não condiz com a magnífica variedade de espécies que o Brasil oferece.
Sejamos mais originais, os verdadeiros papais são os reais que acompanham as crianças todos os dias deixando-as e buscando-as na escola, labutando para pagar o material didático e, quando podem, a mensalidade de uma instituição particular.
Se quisermos construir cidadãos honestos, conscientes da realidade que os cercam, sem ideias mágicas de entradas triunfantes pela lareira, aproveitemos melhor o natal. Bom, de repente alguém pode retrucar que a "verdadeira história" as crianças vão aprender conforme crescerem.  Sinto informar que aí já é tarde demais, pois, a essa altura, já aprenderam a mentir.


                                                                                                                           

domingo, 11 de dezembro de 2016

Proteção que vale

Eu não estou bem certo de quando foi, mas sei que em meados de 2005 a 2006, por meio de nossa Corretora de Seguros, eu e Caroline, minha esposa e sócia, fizemos um levantamento junto as Polícias Militar e Civil, para sabermos a quantidade de residências invadidas em nossa cidade, São José do Rio Preto, durante um ano.
Ao chegar o resultado, nosso trabalho foi então dividir o total por 12 e depois novamente por 30, para termos real ideia de quantas residências, em média, eram invadidas por dia na cidade.
Faltam-me hoje detalhes para ser preciso, mas me lembro, se não estou muito enganado, que dava para apontar um registro aproximado de 3 a 4 ocorrências diárias.
Um verdadeiro susto, pois muito pouco ouvíamos notícias sobre isso.
Outra grande surpresa foi constatar que a maioria das invasões se davam durante o dia e nos dias de semana.  Isso indica que, enquanto as pessoas trabalhavam tranquilas, alguém que conhecia-lhes a rotina, aproveitava para furtar alguma coisa em suas casas desocupadas.
Fizemos então uma campanha de informação via panfletos e telefone e conseguimos alavancar a venda de muitos novos contratos de seguro residencial.
Claro, o seguro vai muito além de garantir a reposição dos prejuízos oriundos de um furto qualificado.  Há coberturas para incêndio, que também ocorrem.  Reparação de prejuízos por ocasião de vendavais, danos elétricos, queda de raio, desmoronamento, impacto de veículos e outros revezes.
Mas o apelo ao grandioso número de invasões, favoreceu bastante o convencimento das pessoas.
Hoje eu não tenho uma pesquisa destas nas mãos.  Uma pena.  Acho que devia voltar a faze-lo e talvez todos o devessem em suas respectivas cidades.  Mas não com objetivo meramente masoquista de se preocupar demasiadamente e sim como forma de fixar a importância de se ter um seguro completo para proteger o que temos dentro de nossas casas.
Gozado que o brasileiro não deixa de fazer o seguro do seu veículo, ou pelo menos consultar o preço, priorizando esse custo no próprio orçamento doméstico, o que está correto, mas deixando de lado algo muito mais importante que é sua residência.
Um seguro residencial fica extremamente barato, o que nem todo mundo sabe.
O valor a pagar é anual e se for dividido por 12 e depois por 30, veremos como moedinhas diárias podem garantir a reposição de grandes prejuízos.
Paralelas às coberturas básicas, o seguro residencial traz consigo as coberturas de Assistência Domiciliar que podem ainda garantir reparos elétricos, hidráulicos, serviços de chaveiro, conserto de eletrodomésticos das linhas branca e marrom, limpeza de caixa d'água e até atendimento aos "pets" do seu lar.
Esses serviços de assistência, por si só, valem o preço do seguro.  Eu mesmo não canso de sugerir aos meus clientes, logo após realizarem o seu contrato, para que peçam, assim que receberem a apólice, o serviço de limpeza da caixa d'água, que todo mundo devia repetir, no mínimo anualmente, mas que muitas vezes fica anos sem fazer.
Quando digo para alguém que é preciso pensar no seguro de residência, principalmente neste período de férias, no qual boa parte das casas ficam à mercê da sorte, costumo ouvir a resposta de que a casa tem alarme, cerca elétrica e cachorro bravo.
O fato é que, esses inibidores, além de deixarem o seguro mais barato, podem até evitar a invasão, mas caso ela ocorra, somente o seguro é capaz de recompor os prejuízos.
Pense nisso.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Meus 33 Motivos

O "olho que tudo vê"
Em 15 de dezembro de 2016 eu vou completar 27 anos desde minha iniciação na Maçonaria.
Estou, como dizem meus irmãos, "adormecido" desde 2003, mas sem descansar na minha busca constante pelo "desbaste da pedra bruta".
Estar adormecido, na linguagem maçônica, significa estar com a regularidade suspensa, ou seja, sem a obrigatoriedade da frequência às reuniões e o cumprimento de outras obrigações inerentes aos membros ativos.
Antes de ser iniciado numa das mais antigas fraternidades do mundo, eu fui iniciado na Ordem DeMolay e também na Rosacruz.  Logo mais vou detalhar um pouco cada uma destas "agremiações".
Acho pertinente fazer alguns comentários aqui até para me auto convencer dos verdadeiros motivos que me levaram a me filiar a estas "escolas herméticas".
O fato é que algumas coisas nos são natas e simplesmente não sabemos explicar como.
Eu vivi uma infância conturbada, com problemas para dormir e um terror que me visitava durante a noite.  Por conta disso, tornei a vida de meus pais e de meu irmão mais novo, um verdadeiro inferno, até perto dos 14 anos, acordando com gritos e muito pânico.
Isso me fazia enrolar o máximo para dormir e também a levantar, depois que todos se recolhiam para ficar acordado, com luz acesa, impedindo desta forma as surpresas horríveis de sempre.
Brasão do Clube do Fogo 
De positivo disso tudo, tiro minha paixão pela leitura, nascida em decorrência desta fuga.  Aos 12 anos, já tinha lido toda a coleção de Monteiro Lobato e muitos dos tomos da enciclopédia Trópico, que meu pai guardava em casa como troféu de sua antiga atuação como vendedor de livros.
Não foram raras as vezes que terminei as leituras, tomei banho e fui direto para a escola sem que ninguém em minha casa percebesse.
Uma outra estratégia que eu mantinha para combater o medo de dormir era convidar muitos amigos para pernoitarem em minha casa, costume que me acompanhou até a adolescência.  Com o quarto cheio de gente "viva", eu já não me assustava com minhas visões bizarras.
Desta feita, eu tinha muitos amigos e constantes em minha casa.
Aos 11 anos, eu e um deles, Alexandre Vítolo (não sei se ele me permite esta exposição tão grande), resolvemos criar um "clubinho" de crianças.
Juntando nossos demais amigos, o que incluía nossos irmãos, estabelecemos toda uma estrutura para o funcionamento do clube.  Ela era composta por uma certa ritualística.  Acendíamos uma vela, orávamos e abríamos os trabalhos.  A pauta era quase sempre a discussão de formas de aprender coisas novas conjuntamente, enfatizar em nós a prática de esportes e arrecadar fundos.  O clubinho, batizado de "clube do fogo", permaneceu ativo até por volta de nossos 14 anos.
Já nesta idade, a necessidade de arrumar trabalho, foi o ponto chave para o fim desta linda e saudável brincadeira de crianças que povoava nosso imaginário e arrebanhou muitos garotos nas diversas tarefas e eventos que realizamos.
Tínhamos um jornalzinho, uma tesouraria, uma secretaria, uma biblioteca e uma olimpíada (disputas esportivas) em todas as férias.  Trocávamos dicas literárias e nos ajudávamos mutuamente.
Jamais ouvira, até então, falar em maçonaria, rosacruz, demolay ou qualquer outra coisa parecida.
Anos mais tarde, esta necessidade de interagir me levou a participar ativamente em um grupo de jovens na Igreja Católica.  Esta foi uma experiência que recomendo a todos os jovens.  A vivência dentro de uma instituição religiosa com objetivos concretos ajuda muito na construção do caráter. Tive muita sorte, é verdade, pois a paróquia que frequentava era dirigida por missionários combonianos, bastante progressistas e de pensamento avançado. Foi lá que o "esquerdismo" começou a ser construído em mim e embora sofresse alguns baques no futuro, jamais perdi o princípio norteador do pensamento humanista que me é caro e precioso até hoje.
Jovem DeMolay realizando a cerimônia das luzes
Desencantado, mais adiante, pelas limitações da militância católica, fiquei sabendo, por um amigo, da existência da Ordem DeMolay.  Instituição paramaçônica para jovens, constituía-se em um grupo de estudos e alguma prática com vistas na formação do caráter.  Após me informar bem sobre ela, fui aceito e iniciado.  Pronto, misteriosamente, embora adolescente, eu estava agora envolto a um "clube do fogo" bastante melhorado.  As reuniões (cerimônias) ocorriam dentro de templos maçônicos, que eu jamais conhecera no passado, mas que incrivelmente me eram familiares.
Entre os meus irmãos DeMolay, aprendi a cultivar as 7 virtudes cardeais, compostas pelas luzes do Amor Filial, Reverência pelas Coisas Sagradas, Cortesia, Companheirismo, Fidelidade, Pureza e Patriotismo.  Éramos cobrados na manutenção de um comportamento que exaltasse estes "bons modos".  Fui o único a ser iniciado sem o consentimento da mãe, regra "sine qua non" para ser aceito.
Eu com vestimenta DeMolay
Exerci ali, nesta irmandade, o máximo que pude em termos de serviços, vindo a ocupar inclusive o cargo de Mestre Conselheiro (um tipo de dirigente) no meu capítulo (nome dado a um grupo determinado).  Mais tarde, a convite de outro amigo, Gláucio Sancho, uma autoridade na Ordem, passei a ser o primeiro secretário estadual para o Estado de São Paulo, cargo recém criado naquela altura.
Fiquei espantado ao ver o tamanho desta fraternidade e sua abrangência por todo o globo.  Ligada à maçonaria, meu interesse começou a pender para lá.  Era preciso, contudo, ter 21 anos completos, o que não era meu caso.
Porém, em uma viagem ao Rio de Janeiro, a serviço da ordem DeMolay, fui apresentado ao mundo rosacruz por alguns meninos do capítulo da Capital Carioca.  A AMORC - Antiga e Mística Ordem Rosacruz era ainda mais intrigante.  Estudos mais profundos me fizeram aprender estranhas meditações, que mudaram, de certo modo, minha conduta com relação a visão de mundo.  Algo novo passou a me chamar a atenção: o universo das dimensões, do alcance da mente e da física em suas manifestações diversas.  Minha iniciação nesta Ordem mística se deu, a princípio, na condição de praticar "em casa" os ensinamentos.  Escondido de minha mãe, que jamais aprovara minha iniciação ao DeMolay, muitas vezes exagerei nas experiências, algumas das quais fantásticas.  Mas, jamais me arrependi do que aprendi nas monografias que recebia pelos correios.
Rosacruz - AMORC
Se a forma como conheci o DeMolay e a Rosacruz foram estranhamente coincidentes com minha "brincadeira de criança", o Clube do Fogo, as coincidências não parariam por aí.  Mais tarde eu abriria uma empresa, ativa até hoje, chamada de San Martin, de certa forma uma alusão a Luois-Claude de Saint-Martin que fundou, no século 18, a Tradicional Ordem Martinista (TOM), baseada no misticismo judaico-cristão.  Os martinistas são um braço forte da Rosacruz e estudam a relação entre o Homem, Deus e o Universo.  A finalidade deste grupo é a realização pessoal do seu membro e o transbordo desta realização para a humanidade.  A maneira e os motivos pelos quais escolhi o nome da empresa, o que relutei muito, surpreende. Mas esta é outra história.
Paralelamente ao tempo em que estive ativo na Rosacruz, fui iniciado na Loja Simbólica Doze de Novembro, afiliada à Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.  Meu padrinho (aquele que nos apresenta e se compromete com nosso desenvolvimento na maçonaria) era um grande amigo, advogado e político cujo filho mais novo havia sido membro do Clube do Fogo durante a infância. Detalhe, jamais eu e ele falamos sobre maçonaria antes que eu o convidasse também a ser um DeMolay.  Até me tornar DeMolay eu não tinha ideia do que se fazia na maçonaria, ou sequer como era por dentro e por fora.
Templo Maçônico
Enquanto maçom, cursando a faculdade de direito e pagando-a com dificuldade, a frequência em loja (nome dado ao local onde os maçons se reúnem) estava impossível e após alcançar o grau de Mestre Maçom, pedi meu desligamento (quite placet) revertido em 1998 quando com alguns irmãos fundamos a loja Aprendizes do Terceiro Milênio, na mesma cidade.
Minha conduta em loja sempre foi muito polêmica, pois valorizava a discussão de assuntos que julgava pertinentes ao maçom, como protestar pelos testes nucleares da França no Atol Moruroa em 1996 além de discutir sobre os desmandos praticados por governantes federais, estaduais e municipais.  Militante político, eu era o terror nos instantes em que a palavra me era franqueada.
Hoje estou mais comedido, por acreditar que estes debates precisam ter foros mais qualificados.
Explicar a Maçonaria não é tão fácil, pois suas origens são discutíveis.  Há quem defenda seu surgimento entre os hebreus que mais tarde chegaram ao povo que participou da construção do Templo de Salomão.  Outros afirmam sem dúvidas o seu surgimento na Idade Média, como uma forma de auxiliar a instrução dos pedreiros, cuja filosofia, astronomia e outras artes eram inalcançáveis.  Independente de qual seja a verdade, o nome, pelo menos, proveio desta época. Mason é o termo inglês utilizado para o operário que trabalha na "masonry" (alvenaria) que envolve tijolos e argamassa.
Esquadro e Compasso - Simbolo Maçônico
Subdividida em potências e ritos, esta "escola exotérica" está espalhada por todo o planeta.  É dividida em graus, nos quais se medem as instruções dos seus membros nos conhecimentos ali partilhados. Os simbólicos são 3 e os filosóficos são 30.  Na soma, pode-se dizer que o final da escada é o grau 33.  Pelo menos no Rito Escocês, do qual minhas duas lojas fazem parte.
Seus símbolos servem para fixar os ensinamentos contidos em seu ritual, envolto em muita sabedoria e tradição.  O principal é a junção do esquadro e compasso que lembram o maçom de seu dever de controlar as paixões humanas, mantendo-as nos seus limites.
A maçonaria não é uma religião, tampouco eu a definiria como uma seita.  Mas é fundamental a crença num ser criador, que originou todas as coisas, chamado de GADU (Grande Arquiteto do Universo).
A todo instante, o maçom é lembrado da sua condição de mortal, ao mesmo tempo que exalta a imortalidade da alma.
A simbologia ainda está na arquitetura de seus templos, vestimentas de trabalho e outras alegorias utilizadas durante as reuniões secretas.
Ao mesmo tempo que se reputa aos maçons a defesa ardorosa das liberdades (principais artífices do fim da escravatura e das lutas pela independência de algumas nações), há quem acuse os maçons de satanistas, ou praticantes das artes das trevas.
O misticismo que a envolve foi o ponto alto de minha atenção que ali encontrou explicações e algum aconchego para o terror da infância insone.



terça-feira, 15 de novembro de 2016

Vender Mais - Adaptação

O maior desafio no mundo dos negócios é justamente vender mais.
Não importa se mercadorias ou serviços, as empresas foram criadas para se colocar no Mercado por meio dos seus produtos.
É na venda deles que ela se sustenta, se mantém.
Este desafio não é de hoje.  Por muitos anos, vender é vender e se a empresa não vende, está fora do Mercado e pronto.
Mas com o tempo, o Mercado foi ganhando novos formatos.  Diferentes nuances.
O dinamismo dos avanços tecnológicos que substituem mecanismos humanos por meios eletrônicos é um exemplo disso.
O próprio consumidor é muito diferente e muda a todo instante numa velocidade ainda maior que estes avanços.
Minha querida avó, um dia contou-me uma história que eu sempre narro a amigos e colegas de trabalho.  Trata-se do esforço hercúleo que ela precisava fazer para poder tomar seu banho diário, há algumas décadas atrás.
Morando na zona rural ela enfrentava uma verdadeira luta.  No entanto, manter este hábito não era muito diferente pra quem habitava a cidade mais próxima, de onde ela vivia.
Ela contou-me que saía de sua casa, andava alguns passos, cerca de cinquenta metros, para chegar até o poço, a cisterna.  Com um balde vazio nas mãos, ela girava uma grande manivela de madeira para alcançar o fundo e retirar de lá alguma água.  Era pesado o retorno do balde, exigindo uma força sobressalente para puxá-lo.  Enfim, a água chegava, turva às vezes é verdade.
Segundo me disse, já teve um dia, ou dois, em que teve que retirar um sapo que veio junto à água.
Então, com o balde agora cheio e pesado, voltava pra casa.  Esquentava um pouco a água no "fogão a lenha" que dava trabalho semelhante para acender (lenhas, fogo, abanos etc.).
Após testar, com o dedo, a temperatura da água, carregava o balde até o banheiro, agora com um pano para proteger as mãos de uma possível queimadura.  Ao chegar no lugar de banho, tinha que subir em uma cadeira para despejar a água em uma lata afixada no alto de um ferro bem posicionado para este fim.  Imagine uma garota fazendo isso.
Despia-se.  Daí, com uma cordinha já preparada, tombava um pouco da água sobre si, se ensaboava e depois jogava mais um pouco da água para retirar a espuma.  No frio, o banho tinha que ser rápido, ou a água esfriava rapidamente, me explicou.
Mas o final valia o esforço.  Estava limpa, cheirosa e bem cuidada.
Agora vamos pensar nas pessoas de hoje.  Em nossos filhos.
Contam com banheiros confortáveis, duchas deliciosas e com temperatura facilmente adequável ao gosto, toalhas felpudas, shampoos e cremes de perfume exuberante.  
Não é raro reclamarem do espaço do box, do cheiro do sabonete, da aspereza da esponja.
As pessoas estão absurdamente mais exigentes.  Com tudo à mão, desejam o melhor dos melhores, que amanhã já estará ultrapassado.
É assim no banho, com os eletrodomésticos, com os aparelhos celulares, com o corte de cabelo e com os opcionais dos carros.
Se as empresas não se adaptam a este público, vão perdendo espaço.
Se não é diferente com mercadorias, tampouco com serviços.
Assim, se uma empresa deseja se manter e ao mesmo tempo potencializar suas vendas, deve pensar nisso.  Deve se atualizar e atualizar suas equipes a que foquem mais no cliente.
Alguns detalhes não podem ser desprezados.
A agilidade, por exemplo.  São muitas as pessoas que trocam um delicioso almoço a la carte pelo rápido "self service".  Mas até isso já ficou pra trás. Lanches rápidos e comida pronta entregue nos ambientes de trabalho, são a marca da nova geração de trabalhadores.
Outro importante item a se observar é o espírito democrático que deve permitir ao cliente, montar seus combos, comprar sozinho, escolher e pagar.  Meus filhos ficaram encantados com um supermercado em Londres onde comprávamos e passávamos sozinhos em uma máquina que lia nossas compras, cobrava e dava o troco eletronicamente, sem qualquer intervenção humana.  Talvez por ser novidade.  Mas experimentemos num supermercado aqui, no qual possamos nos livrar das filas e passar nossas próprias mercadorias.  Inovação, agilidade, sentimento de confiabilidade por parte do estabelecimento, dentre outras sensações.
Se no entanto para o tipo de mercadoria ou serviço da empresa, houver um vendedor, um atendente, um consultor, este precisará ser sério.  Não carrancudo, mas sério.  Consciente do que faz, do que vende, do que oferece.  Esclarecedor e facilitador.  Aquele que vai procurar um número que nos sirva, ou então, um modelo bem parecido, mas que interpretou nossa vontade, nosso desejo.  Ele precisará fazer uma leitura de nossa necessidade, inclusive, entendendo um pouco de tudo.  Um multi-versátil vendedor.  Como você é?  E os vendedores de sua equipe, como são?
As empresas precisam se colocar no lugar dos clientes.  Entende-los e por instantes, viver como eles. Focar nos usuários do seu produto ou do seu serviço, antes mesmo de focar nas suas metas ou premissas.
Sinceridade, honestidade, leveza, sustentabilidade, transparência.  É possível vender mais quando somos virtuosos.  O cliente sabe, sente o cheiro de falcatrua, maracutaia, barra muito forçada, venda empurrada.
Essa visão nova deve prevalecer.
Tenho pena das empresas que ainda acham que o grande problema de vender algo reside no preço, ou que se preocupam demais com a concorrência.
Para vender mais, o foco tem que ser o consumidor do produto, do serviço.  O cliente que avançou, mudou e continua se transformando diariamente.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

OUTPLACEMENT

Imagine a situação:
Todo mundo falando em crise e notícias de corte para todo o lado.  Você pensa que, se fosse seu caso, possivelmente amargaria um bom tempo na fila de desempregados, pois a idade, aos poucos, o colocou em uma situação não tão vantajosa.  Mas por que isso aconteceria com você, tão dedicado? Melhor nem pensar.  
Ao chegar no escritório, bastante acostumado com a rotina, cumprimenta uns e outros e se dirige para sua mesa, sem perceber que os olhares estão um pouco diferentes, como se algo houvera acontecido e só você não sabe.
Pois bem, foi isso mesmo.  Segundos depois de se sentar, você é chamado para a sala do seu superior. Entre abraços e elogios à sua última postagem no Facebook, ele se senta constrangido, mexendo na gravata de forma incontida.  Como tudo não parece natural, você já sabe, mas ora em silêncio para que Deus lhe garanta estar errado na suspeita.
De repente, "consummatum est".
Você está na rua.  Simplesmente isso.
A crise, o inchaço no departamento, os baixos resultados nas vendas e claro, seu alto salário, seu tempo de casa.  O que deveria ser motivo de garantia da sua manutenção é agora desculpa para a demissão.
Da noite para o dia, diante de todo este cenário sombrio, você tem que acordar pela manhã do dia seguinte, sem a menor ideia de pra onde se dirigirá.
Como contar para sua esposa?  Como cancelar a viagem com os filhos?  Como devolver o carro que acabou de comprar?
Para evitar ou minimizar traumas como estes, as empresas alimentam a ideia cada dia mais forte de comporem um departamento de "outplacement".  Uma forma de agradecer e retribuir ao funcionário, por tudo aquilo que ele proporcionou enquanto dedicou seu tempo ao trabalho.
Recentemente, fui buscar maiores informações e nosso Gestor de Inteligência me trouxe uma matéria completa sobre isso.
Não tenho dúvidas.  Impossível transformar um momento tão doloroso para alguém em algo bom. Mas com certeza esse tratamento ameniza, ilumina um pouco mais a cabeça e aplaca o desespero que geralmente leva às atitudes impensadas do recém desligado.
Ajudar na composição de um bom "curriculum".  Inscrever este agora ex-funcionário em um programa de palestras para melhorar o seu marketing pessoal, a motivação, a auto-estima e sobretudo dar-lhe ferramentas de atualização.  Prorrogar por algum tempo o cartão de refeições e o plano de saúde. E principalmente, dar-lhe uma boa carta de recomendação e alguns contatos de executivos sempre prontos a pescar novos talentos.
Não é tão complexo assim e evita muita coisa.  Dentre elas, a destruição moral e emocional de um pai de família.  E claro, dá a ele a sensação de que a empresa se sente grata e só tomou esta atitude de desligá-lo por não ter outra alternativa.
Há empresas especializadas neste tipo de serviço.  Mas dentro do RH de nossas corporações, eis um tipo de atitude que faz muita diferença.
Com o "outplacement" a relação, sempre muito boa com todos os colaboradores, permanece intocada, mesmo diante do pior dos momentos.
Vamos implantar e breve.

domingo, 13 de novembro de 2016

Depressão, Alegria, Resiliência e outras coisas.

Há pessoas que se recusam tanto em aceitar que as coisas boas também acontecem, que quando estão muito felizes ou diante de realizações, começam imediatamente a pensar que algo ruim vai acontecer, ou então e pior ainda, que não merecem a graça que estão vivendo. Não seria mais fácil levantar as mãos aos céus para agradecer por estas bençãos e transbordá-las aos que estão ao redor?  Sim, isso mesmo.  Alegria precisa ser vivida com intensidade e compartilhada, brilhar e aparecer, como luz em um candeeiro. Acostumados com dificuldades e sofrimentos durante longo tempo, alguns indivíduos não conseguem muito conviver com os instantes de paz, bons ventos e felicidade.  Estranham, questionam, murmuram. Na minha opinião é como desfeitear um presente recebido.  Portanto agradecer os momentos felizes é o primeiro passo quando tudo vai bem.  Agradecer verdadeira e sinceramente a Deus e a todos que estão proporcionando este estágio positivo. Mas e se, porventura, o que estamos vivendo, ao contrário é um instante de muito sofrimento, dor, problemas? Não há também aqueles que estão aniquilados, desmotivados, apáticos e sem energias?  Vítimas da depressão, dos baques fortes que foram forçados a viver, ou mesmo doentes, depauperados? Claro, sem polianismo, só que é preciso enfrentar todas as dificuldades com garra, persistência, confiança, coragem e sobretudo vontade.  E se não houverem estes ingredientes, despertá-los.  Esta é a grande prova de nobreza que alguém pode dar aos que lhes observam.  É também o imperativo teste de fibra por traz dos que deram a volta por cima diante das mais variadas circunstâncias das suas vidas. Esta garra, persistência, confiança, coragem e vontade, não "dão em árvores".  São itens escondidos no caráter de todo ser humano e que precisam aflorar, serem provocados. Vale ainda salientar que nunca saímos iguais de uma batalha, de um problema.  Sempre maiores, mais fortes e muito mais autoconfiantes. E isto forja ainda mais o nosso caráter, nossa personalidade, nos deixando cada dia mais imbatíveis. Eu sei que existem problemas e dores insuportáveis, mas mesmo estes são enfrentados pela maioria das pessoas que, com grande resiliência, continuam tocando em frente, mesmo depois de uma doença grave, de uma perda irreparável ou de "tombos" que a vida impõe vez ou outra.Ser resiliente pode ser um bom começo pra aqueles que não estão bem.  E resiliência é uma coisa que a gente treina. Cada vez que mudamos uma mesa de lugar, alteramos nosso caminho de ida e volta pro trabalho, compramos um bichinho novo de estimação, ou nos mudamos de casa, de estilo, de comportamento, estamos provando essa virtude. Há tantos que conhecemos que habitam na mesma casa desde que nasceram, estudaram toda a carreira escolar em um só colégio, jamais se vestiram diferente ou visitaram outras igrejas, clubes, cidades.  Estes são aqueles que, quase sempre, quando de encontro com uma situação surpresa, como por exemplo o desemprego inesperado, ou a notícia de uma cirurgia iminente, são derrubados por terra, com grande dificuldade de se erguerem. Sempre há chances e oportunidades para testarmos nossa capacidade de adaptação.  Se nada mudar na vida, vamos provocar mudanças e quando as coisas finalmente estiverem diferentes, vibrar, se alegrar e interpretar o novo antes mesmo de julgá-lo bom ou ruim. Sempre tive que aplicar a resiliência.  Desde cedo, em minha adolescência, houve momentos de eu ser trocado de escola, deixando pra trás amigos queridos e professores que correspondiam ao meu modo de aprender.  Num primeiro instante, o pânico e o pensamento nos diferentes obstáculos a se transpor.  Mas logo, a euforia e o êxtase da nova experiência sobrevinham, afastando o medo e tornando boas todas as coisas.E assim foram meus dias.  Vivendo no Ebenezer (termo hebraico que sinaliza : "Até aqui, Deus nos ajudou..."), ou tendo que mascar correntes, sempre me lembrei da resiliência. Isto são conselhos, apenas isso.  Não há em mim qualquer formação nas áreas da psicologia.  Tampouco autoridade médica ou espiritual para estes aconselhamentos.  Sinto sim, apenas a responsabilidade de trazer comigo, pra uma forma mais ampliada de enxergar as coisas, aqueles que possivelmente se deparam neste momento com esta contradição entre querer ser feliz e temer a felicidade. Sentimento que provoca vazio, inquietação, tristeza sem sentido, morbidez e outros relacionados a desesperança, prejudicando, dentre outras coisas, o raciocínio, a virilidade e a própria reação. Estas coisas que relato aqui são fruto de minha vivência, meu combate pessoal contra a depressão, sempre à espreita.  Lembranças que sempre me ajudaram muito a ser quem sou hoje.  Minha vida já teve tantos altos e baixos, momentos de alegria incontida e quase ao mesmo tempo, luta pesada, que me vi vivendo por mais de uma vez inspirado nas palavras do apóstolo Paulo, naquela que é sua maior lição sobre resiliência, em Filipenses 4:12,13. "Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece”.  Dizer para alguém se alegrar nos maus momentos, soa falso.  Dá a impressão de que se é fingido, ou hipócrita.  Mas encontrar motivos, mesmo nas sombras, para se louvar ao sol, é comportamento que inflama a alma humana.  Alma que deve sentir no cultivo das artes, do amor incondicional e da caridade, a motivação necessária e suficiente para seguir adiante apesar de tudo. O negócio é não afrouxar nunca.  Desistir, jamais.  Chorar se preciso, mas mesmo com lágrimas, caminhar, caminhar e caminhar.  E se por um daqueles milagres que sempre ocorrem, acabarmos chegando onde se esperava, escolher imediatamente outra direção e recomeçar a caminhada.  Pois felicidade não é um alvo a atingir, mas justamente o que fazemos enquanto a buscamos. Eis a chave para se bater, de cinta, na depressão e outros sentimentos pequenos que nos ameaçam.

domingo, 6 de novembro de 2016

PEC 241

O que você acharia se, na empresa em que trabalha como motorista, atendente ou balconista, fosse anunciado que, em virtude dos altos gastos e despesas, a administração resolveu cortar o seu cartão de alimentação?
Só que, antes de responder, lembre-se que, enquanto isso, foram mantidos os vales combustível da diretoria e criado um vale compras para que os gerentes possam comprar ternos novos nos shoppings da cidade, a fim de andarem melhor apanhados.
Penso que isso lhe deixaria com alguns questionamentos.  Dentre eles se a ação de cortar os gastos pelo fim do cartão alimentação é justa, decente, honesta, correta e se realmente resolverá o problema que é a diminuição de gastos da empresa.  E o pior é que você não pode fazer nada, pois se gritar, perde o emprego.
Bem parecido com isso é o caso da PEC 241 que está em voga nas rodas, mas de forma extremamente superficial e sem qualquer reflexão maior.
Ela congela em 20 anos os investimentos em áreas fundamentais como saúde, educação e outras, enquanto mantém privilégios das grandes fortunas, do universo político, judiciário e de gente que paga escola particular, seguro saúde e portanto, não precisa do governo para quase nada.
Estão, por exemplo, mantidas as remunerações dos juros altos aos bancos e aos grandes investidores.
Além disso, pra se ter uma ideia, a alíquota de imposto de renda permanece a mesma.  Ou seja a das grandes fortunas é igual a de um assalariado bem remunerado (que nem por isso é rico).
Não podemos esquecer dos diversos e constantes interesses estrangeiros que sempre estiveram presentes em nosso país e desde o seu descobrimento.  E as decisões por aqui continuam a ser tomadas pensando apenas neles.
Hoje, sem preconceito, vale dizer que o principal dirigente da nossa economia, o ministro Henrique Meireles, tem cidadania americana.  Mas com certeza, nem esse é o caso.  Só que os interesses que ele e sua equipe mantém prestigiando, são mais pra lá do que pra cá.
Haveria muitas outras mudanças possíveis antes de se chegar a este extremo que a PEC impõem. Mas o povo não só deixou de ser consultado, como sequer foi esclarecido.  Enquanto isso, o Congresso na figura dos deputados federais e senadores, aprova e continua aprovando qualquer coisa que venha do Planalto sem pestanejar e sempre às pressas.
Na contra mão de tudo isso, ocorrem as ocupações de escolas, promovidas por estudantes e sustentadas por intelectuais e pais de consciência elevada, que só viraram manchete agora para serem culpadas por "atrapalhar o ENEN".  Tentativa clara de jogar estudantes contra estudantes.
Com piadas prontas sobre a politização destes manifestantes, jornalistas de má fé e alguns ressonantes da mídia formal, seguem tentando diminuir ou desacreditar o movimento e exigindo da polícia, que promova, com uso até da força se for necessário, a desocupação.  "Patriotas" sem amor pelo Brasil, que não deixam os verdadeiros patriotas brigarem pelo nosso país.
Triste sina de uma nação que tem em uma emissora de TV, concedida por políticos aos seus amigos de então, sua maior fonte de consciência e a justiça que caminha de braços dados com o próprio legislativo que, sem lembrar que é parlamento, representa qualquer um, menos aqueles que o elegeram.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

A crise e o universo das franquias

Enquanto a crise financeira está a "sapecar" todo o universo do mundo dos negócios, um setor da economia parece não sentir seus efeitos.
Trata-se do "franchising".  Mais especificamente ligado às microfranquias, que são aquelas cujo investimento total não passa de R$ 80 mil.
Em apenas 5 anos, as redes de franquias nesta categoria aumentaram seu número em 10 vezes, talvez como resposta ao desemprego crescente e aos baixos investimentos necessários.
O fato, no entanto é que as microfranquias trazem consigo uma relação conflitante com aqueles que esperam explodir nos resultados, logo de início.
Com investimentos menores e estrutura enxuta, este formato de negócios demora um pouco mais para encher de alegria o investidor.
Em que pese o retorno ser rápido, não é tão grande de arrancada.
Algumas das principais características das microfranquias, nome pejorativo mas que pegou, são o caso, por exemplo, de se poder trabalhar da própria casa, investir pouco dinheiro para o início das atividades e não se exigir grande experiência no ramo daqueles que estão iniciando.
Se a rede não for sólida e sua gestão responsável, em pouquíssimo tempo, somará uma rotatividade de franqueados tão grande quanto o seu crescimento.
Já aconteceu e não foi pouco, de várias marcas se deslumbrarem com este desenvolvimento rápido no número de franqueados, sem se preocupar em garantir suporte e assistência equivalentes.
Isso deixa investidores inseguros e provoca sim um certo mal estar no Mercado, resvalando inclusive entre os que trabalham sério e compromissados com os resultados de seus franqueados.
A San Martin Corretora de Seguros, que durante 20 anos atuou como uma corretora de seguros convencional, após esta larga experiência resolveu franquear seu modelo de trabalho.
Em início de 2014, fevereiro para ser mais exato, lançou sua primeira expansão.  Hoje, quase 3 anos depois, a rede já conta com mais de 330 unidades espalhadas por todo o território brasileiro.
Claro que muitos franqueados foram atraídos pela condição facilitada da compra das unidades.  Além disso, as exigências sempre foram mínimas.  Contudo, uma estrutura digna das grandes marcas internacionais dá sustentação a este trabalho sério e dedicado.
São, somente na sede, 65 os colaboradores que se dividem entre técnicos, administrativos e comerciais.  Além disso, a rede oferece ainda 11 regiões com máster-franqueados que disponibilizam suas estruturas e assistentes em favor dos seus assistidos.
A Máster Rio de Janeiro, por exemplo, está no seu 6° encontro de franqueados em dois anos de sua abertura oficial.  Não bastassem os encontros que realiza, há um relacionamento constante mantido pelo máster e seu grupo de colaboradores cotidianamente.
O investimento para adquirir uma franquia da marca não é grande, pois o interesse maior da San Martin é crescer no Mercado como "vendedora de seguros e produtos afins".  O ideal é se importar menos com a quantidade de unidades franqueadas e as taxas proporcionadas pelas adesões de novos investidores, e mais no suporte a oferecer.
Contudo, existem marcas que, por apresentarem esta baixa taxa de adesão, precisam vender grande quantidade de franquias para se manter ou se sustentar.  Além delas focarem só na venda de franquias, este "desespero" em vender a qualquer custo, traz consigo o trauma do "mais uma", que alguns franqueados criam.  A tendência então é que eles odeiem cada nova venda da franqueadora e cada novo "parceiro" que se une ao time.  O duro é que numa rede de franquias, ampliar sua capilaridade é totalmente aceitável, pra não dizer coerente com seu propósito expansionista. Errado é não oferecer um bom atendimento depois.
Se a rede cresce de forma agressiva, costuma trazer pessoas de vários ramos de atividade ou até pessoas que nunca trabalharam.
Na San Martin, a pouca experiência dos entrantes é superada pelo treinamento inicial presencial obrigatório aos que adquirem sua unidade.  Este treinamento continua depois por meio de uma Universidade EAD.
A ideia da Universidade Corporativa é tão boa que alguns concorrentes já a copiam de forma declarada.
A UNISAN - Universidade Corporativa San Martin disponibiliza videos-aulas, palestras, entrevistas, perguntas e respostas, material didático e avaliações que visam comprovar o nível de envolvimento e assimilação dos franqueados.
Outro detalhe a se destacar é que até se permite que os franqueados iniciem sua atividade a partir de sua casa ou local atual de trabalho, mas em curto espaço de tempo, os mesmos precisam abir sua empresa e montar seu escritório/loja de maneira a se transformar de angariadores de negócios em "empresários" no ramo de seguros.
Como não existe investimento em estoque, pois trata-se de prestação de serviços, o retorno não deixa de ser rápido e o faturamento potencial.  Mas nunca é demais lembrar que o ganho do franqueado é proporcional ao seu esforço e por isso, nem todos ficam satisfeitos até se habituarem com a venda permanente.
Já por isso, não tendo garantias do recebimento percentual aferido pelos franqueados, a franqueadora para se manter, necessita do royalty fixo, por meio do que realiza seu orçamento financeiro.
Várias redes cobram também "fundo de propaganda".  Ao faze-lo devem se comprometer a realizar ações permanentes de divulgação agressiva e prestar contas deste valor arrecadado.
A San Martin não promove esta cobrança e sua divulgação é realizada com ênfase no Google, Facebook e outras ferramentas de peso na internet.  A montagem de uma TV Corporativa, que realiza trabalhos constantes, permite que os franqueados tenham acesso a dezenas de vídeos para exibição em TV aberta e fechada, redes sociais, eventos os mais diversos e ainda WhatsApp.
Esta divulgação permanente é ostensivamente cobrada pela franqueadora nos treinamentos, áudios-conferências e mesmo e-mails de contato habitual.
Na sua sede de 4 andares em uma das principais avenidas de São José do Rio Preto - Interior de São Paulo, a San Martin traz um auditório para treinamentos e reciclagem constante de franqueados e colaboradores, um competente departamento de expansão, um completo e dinâmico departamento de operações, que alivia o peso dos franqueados na ponta e um amplo e competente departamento técnico e comercial que soma um inspetor para cada 30 unidades franqueadas.
Acrescente a estes profissionais, dois advogados, técnicos de TI, Marketing, Assessores de Imprensa, RH, administrativos e o Departamento de Inteligência que trabalha a avaliação e análise da concorrência, do Mercado, da própria rede e dos clientes, a fim de colocar e manter a empresa em posição de vanguarda.
Pra se ter uma ideia, no último mês a marca lançou sua unidade shopping.  A primeira corretora de seguros dentro de um ambiente de shopping center no Plaza Avenida Shopping em São José do Rio Preto.
Funcionando como alternativa ao público cada vez maior dos centros de compra, a unidade visa ser modelo que demonstrando sucesso será também replicado às demais regiões do país.
Atenta aos franqueados, a gestão da rede promove reuniões mensais de frequência obrigatória por meio de áudio-conferência que são complementadas por áudios de produtos, mensagens corriqueiras da própria diretoria e por dois eventos que se sucedem: o primeiro, a Convenção de Franqueados que já ocorreu em março de 2016 e deverá se repetir em todo ano par e o Congresso Nacional de Vendas de Seguros que acontecerá nos anos ímpares, também no mês de março.
São estes os diferenciais que tiram a San Martin da vala comum das micro-franquias e fazem com que sua rotatividade esteja pequena e os índices de insatisfação se mantenham no mínimo.





sábado, 17 de setembro de 2016

Minha Opinião

É sempre importante deixar consignada a nossa opinião sobre as coisas, principalmente quando elas são relevantes para o conhecimento amplo de nosso caráter e de nossas posturas coletivas.

Sou militante da política desde tenra idade (15 anos).

As participações que tive nos processos eleitorais, jamais se limitaram ao voto.  Desde pleitos municipais, estaduais, até federais, uma atuação contundente sempre foi minha marca.

Claro que já errei.  Impossível acertar sempre.  Mas uma análise apurada, o acompanhamento do cenário geral e sobretudo avaliações históricas possibilitam estarmos vacinados contra influências midiáticas e manipuladoras.

Até um grupo foi criado por mim, no Facebook (o AUTOCRÍTICA), para me permitir avaliar melhor e a ouvir os contrários.

De forma muito maluca, o que assolou o Brasil desde as últimas eleições presidenciais em 2014, acabou por tomar dimensões muito complicadas e questionáveis.

Insana e descontrolada, a oposição, derrotada nas urnas, não deixou o governo continuar seu projeto e conforme prometeu no pós-vitória, "fez o governo sangrar" diariamente nas manchetes de jornais, ruas das cidades e outros canais de influência.

Como sempre foi na realidade brasileira, sob o comando de elites nacionais e estrangeiras, a mídia formal, parte da justiça e um bom pedaço da classe média, desempenharam o triste papel de "justificadores" das ações dos Deputados e Senadores, estes sim, funcionários obedientes dos mandatários da nação, validando um "golpe" sem armas.

A destituição da Presidenta da República, sem qualquer crime cometido, ato confirmado por acusadores em entrevistas pessoais, não passou de um enorme mecanismo de afastamento do maior partido de massas da América Latina, do Controle Federal.

A simples ameaça de seu retorno, reconduzido pela população beneficiada pelas pequenas conquistas populares e sociais, causa, até hoje, uma perseguição sem precedentes ao ex-presidente Lula, Dilma Roussef e demais membros do PT.

Enquanto isso, acusados, delatados, envolvidos em falcatruas, crimes e outras barbaridades, membros de partidos como PSDB, PMDB, PR, DEM e outros, passam ilesos, sem acusação formal e condenação, enquanto os integrantes do Partido dos Trabalhadores são acusados e presos, quase sempre com base em meras delações ou suspeitas sem "prova cabal", como afirmaram os procuradores federais em entrevista coletiva concedida esta semana.

Acredito sim que os governos de Lula e Dilma, não foram perfeitos.  Não corresponderam na íntegra os grandes anseios das classes desprivilegiadas e tampouco conseguiram resgatar as imensas dívidas sociais contraídas ao longo do tempo.  Abusaram das coalizões, necessárias à governabilidade e cederam, entregando-se à inúmeras e graves concessões.  Mas acredito sem dúvidas de que foram os governos mais justos, mais humanos e mais importantes para os brasileiros.  Não houve, em mais de 500 anos de Brasil, um governo mais próximo da população, que mais reduziu as distâncias entre as classes, mais privilegiou a Educação, a Saúde Pública e a Geração de Empregos, do que estes.

Por isso minha opinião, a qual, em resumo e para que não fique nada sem muito esclarecimento, mesmo diante das críticas e ataques de amigos, parentes, clientes e outros parceiros, que discordam de mim, resolvi gravar um depoimento.

Segue:  https://www.youtube.com/watch?v=5OqQeayslUg

sábado, 3 de setembro de 2016

Desordem e Regresso

Na semana que antecede o 7 de setembro, os brasileiros tem muito pouco ou quase nada para comemorar.
Em outra publicação eu já mencionei algumas farsas de nossa história que me tiraram um pouco o sentido das festas da "independência".
Agora, em meio ao golpe promovido pelos Deputados e Senadores, com alto índice de apoio da imprensa formal e de parte do judiciário, o que nos move às ruas não são mais os desfiles cívicos, mas a necessidade de se lembrar o país de que a corrupção permanece, os políticos enlameados ainda restam soltos e bem livres, num cenário de desmandos e desconstrução dos parcos avanços conquistados ao longo de uma década e meia do governo petista.
Governo, que se não perfeito, se mostrou anos luz mais eficiente do que todos aqueles que o antecederam.
Claro que, bem distante do que era necessário para resgatar as dívidas sociais de 500 anos de Brasil. E obviamente, nada desmerecedor de críticas ou de condenação a alguns de seus integrantes e aliados que verdadeiramente promoveram um "bacanal" de indecências descabidas com a "coisa pública".
Mas, foi um governo que, no resumo, manteve os ares de defensor de um projeto socialmente mais justo e mais humano.
Aparentemente, há agora um silêncio geral por parte dos movimentos que fizeram barulho e agitação nas ruas, que naquele momento serviram de pano de fundo para os que se arrogavam "defensores do povo". Mas essa apatia pode ser apenas uma "impressão".
O fato pra mim é que a "brasa encoberta" dos que entenderam e estão compreendendo aos poucos a manipulação desonesta e salafrária de que foram vítimas, qualquer hora destas se encandecerá novamente.
Brasileiro tem garra e coragem sim.  Suficientes para refazer seus passos quando os tiver por errados. Que a "ficha demore um pouco a cair", não duvido, pois as artimanhas midiáticas são incrivelmente convincentes quando querem.  Mas a qualquer momento, o entreguismo de nossas riquezas, a redução dos direitos trabalhistas, o encerramento de projetos sociais e de inclusão e os consequentes reflexos de uma política elitista em ação, demonstrarão o quanto todos estavam errados.
Não há e tampouco haverá a continuação das fortes investigações e prisões constantes que se tornaram frequentes nos noticiários.  Talvez, ninguém mais terá seu cargo cassado, mesmo com um currículo recheado de motivos para a perda de direitos políticos e foro privilegiado.
A já visível truculência da repressão também está no ar e em pouco tempo, quem sabe, comecem repetir-se os atos criminosos de uma "ditadura" financiada contra a possível volta da esquerda minimamente organizada.
Eu lamento, não festejo e mais que isso, entristeço-me por saber que este é o país que, por alguns anos, voltará a existir pra nós.
É como se a democracia tivesse sido apenas um breve intervalo, numa história eivada de mandatários inescrupulosos e sem sensibilidade para os problemas verdadeiros das massas.
Independência ou morte!
Se esse grito realmente foi dado por alguém, acabou por não resultar em absolutamente nada.

sábado, 27 de agosto de 2016

17o Treinamento de Novos Franqueados - San Martin Seguros

Foto após ação de rua - momento de prática de abordagem
Terminamos nesta sexta-feira, dia 26, o 17º Treinamento de Novos Franqueados da San Martin Corretora de Seguros - Franchising.
Recebemos novos integrantes, para esta rede bem crescida e que já reúne mais de 300 unidades espalhadas por todo o território nacional.
O evento que ocorre no prazo de uma semana, distribui o tempo entre apresentação do negócio em si, apresentação das equipes de suporte, faz uma introdução ao ramo de seguros e explica como são os procedimentos internos da corretora.
Em continuidade ao treinamento presencial, há a Universidade Corporativa da San Martin, a UNISAN, que oferece videos-aulas, palestras "on line", entrevistas e tira-dúvidas variados, além de material didático e tutoriais para utilização dos sistemas de relacionamento entre a franqueadora e a rede.
Os treinamentos se superam a cada nova edição.  Neste último, foi a vez de uma sessão de coaching pela qual os franqueados estabelecem um planejamento de atuação imediato.
Além das partes teóricas, os participantes são levados para uma ação de rua e ouvem algumas seguradoras parceiras, que fazem uma apresentação institucional de suas marcas.
Estamos orgulhosos de mais esta turma de novos franqueados que seguem agora para dar continuidade ao seu mais novo empreendimento.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Jornada Política - A militância em minha vida

É cansativo ter que ficar explicando para as pessoas sobre os motivos que me levaram a já ter trafegado por alguns partidos políticos em minha história de militância.  As pessoas não olham isso com bons olhos e criticam pra valer.

Visita ao Pontal do Paranapanema - Acampamento Sem Terra
Mas é fundamental também explicar os motivos pelos quais alguém como eu resolve militar na política, um local tão execrado e abominado pela boa parte das pessoas que se dizem ou se acreditam “de bem”.  E claro.  Na grande maioria, o são.

Mas ser “de bem”, não pode se confundir com o fato de omitir-se de um processo tão importante e fundamental para a vida das pessoas como a manifestação das crenças e convicções políticas.

O exercício da política está além do serviço público daquele que exerce cargo eleito ou nomeado por razões as mais diversas.

Fazemos política a todo instante, quando discordamos disso ou daquilo, brigamos por tais direitos ou exigimos o cumprimento de alguns deveres alheios.

Ainda, estamos “politicando” quando estamos debatendo ou mesmo criticando o cumprimento ou não da missão de políticos e agentes do serviço público.

Escolher militar não só é algo que provém de uma vocação, mas sobretudo é o abraçar de uma responsabilidade humana de quem vive em sociedade.

Sobretudo num sistema como o nosso, em que são candidatos membros de partidos, não estar nos partidos para ajudar a definir quem deve ou não ser candidato, já é, por si só, uma ação contundente que interfere nos resultados eleitorais.

Aqueles portanto que batem no peito com um “orgulho” questionável de quem não votou neste ou naquele candidato, se esquecem de que não evitaram que os mesmos fossem candidatos já na raiz ou nascedouro de suas campanhas.  Os partidos políticos.

Eu não posso afirmar que eu tenha tido todo este esclarecimento logo no início de minha “agitação” política.  Mas fui sim, de algum modo, movido pela chama da vocação.

Carlos Feitosa
Em 1982 eu tinha apenas 14 anos de idade.  O Brasil ainda respirava os ares da Ditadura Militar, pois somente em 1985, a campanha pelas Eleições Diretas ganharia a força necessária para romper os grilhões deste absurdo que é não poder escolher os próprios representantes.

Mas, mesmo em 1982, era possível se eleger prefeitos e vereadores.  E foi exatamente aí que iniciou meu engajamento.

Um grande amigo da família e também dirigente de uma associação de classe na qual meu pai participava, lançou-se como candidato a vereador.  Foi ouvindo-o falar em algumas reuniões nas quais meu pai me levou, que a paixão acendeu em mim a chama para este destino que eu assumiria de forma muito dedicada nos próximos anos de minha vida.

Carlos Feitosa, fora candidato a Vereador pelo PMDB ao lado de Manoel Antunes que era o candidato majoritário da chapa.  Não foi difícil entender os  motivos pelos quais ambos precisavam passar e bastou-me ser convencido disso para que eu abraçasse, ainda menino, a causa e ajudar de algum modo.

Participando, ao lado de meu pai, de algumas reuniões, panfletando nas ruas e ouvindo muita gente falar em várias partes da cidade, assumi, eu mesmo, a missão de falar com alguns pais de amigos, na escola e onde quer que eu pudesse.

Sei lá se ajudei com um ou mais votos, pois eu mesmo não podia votar pela pouca idade que ainda não me garantia este direito.

Feitosa e Manoel Antunes foram eleitos e cumpriram mandatos muito importantes para a cidade. 

Eu conseguia, aos quinze anos, visitar o Gabinete de Feitosa para me inteirar de seus projetos e propostas apresentadas.  Assistir, ao lado de meu pai, algumas sessões na Câmara Municipal e inclusive ficar nervoso, quando via a derrubada deste ou daquele projeto no qual eu acreditava.

O próprio prefeito fez uma administração diferente e elevou minha São José do Rio Preto a patamares nunca dantes alcançados.

Minha militância começava então aos 15 anos, participando de algumas reuniões do que seria o PMDB jovem.  Um grupo que se reunia, muitos dos quais sem filiação partidária, como eu.
Roberto Vasconcelos - VASCO

Explicar aqui o que o PMDB representava neste momento é desnecessário.  Basta lembrar que a maioria dos partidos de esquerda (avançados), estavam na clandestinidade e utilizavam o PMDB para se manterem existindo.

Ao “acender das luzes” com o fim do comando Militar na Política Brasileira, surgiram então outras alternativas e o pluripartidarismo voltou.

Eu não via a hora de me filiar, mas para tal era necessário estar votando.  E votar, então era tarefa apenas para os maiores de idade (18 anos).
Fiz 18 anos em 1986 quando participei da primeira eleição com o voto.  O quadro de candidatos era o pior possível.  Seria uma eleição triste para quem queria votar direito na primeira vez.  O decente e comprometido governador André Franco Montoro, do PMDB, não podia concorrer e em seu lugar estava o candidato Orestes Quércia, que não me agradava em hipótese alguma.  Do outro lado, Paulo Maluf, o conhecido “biônico” dos militares no partido que deu sequência à ARENA, o PDS.  Ainda, concorria o empresário paulista Antônio Ermírio de Moraes e não me lembro mais quem.

Além de votar com o nariz tampado, não me filiei naquele ano.  E deixei de lado minha participação na Juventude do PMDB, que já não frequentava.

A militância partidária foi trocada pela minha participação ativa e dinâmica num grupo de jovens da Igreja Católica na Paróquia de São Judas Tadeu, administrada por padres Combonianos que eram extremamente politizados e engajados em pastorais como (Da Terra, Operária e Carcerária).  O que aprendi em alguns anos ali, mesmo às vezes discordando ou sendo distraído por opositores destas visões, não troco por nada.  São a base de minhas bandeiras de hoje.

Enquanto isso, Carlos Feitosa que continuava vereador, foi convidado para participar de uma delegação de vereadores brasileiros a uma visita à agora extinta União Soviética.  No seu retorno, estive com ele em alguns eventos, palestras e encontros, nos quais ele detalhou tudo o que viu e ouviu por lá.

Visita de Ciro Gomes em São José do Rio Preto quando no PPS
Pronto.   Minha atuação política começava a ganhar ainda mais uma coloração especial.

Mas daí, começaram os equívocos.

Em 1988, fui convidado por Feitosa e seu grupo político, que incluía, entre outros, o advogado Waldemar Alves dos Santos, o professor Fábio Renato da Silva e o Advogado José Cury Neto a fundar em Rio Preto o PSDB.

O partido que se intitulava Social Democrata, estava sendo criado em Brasília e na sua cabeça estavam alguns ilustres de pensamento arejado.  Dentre eles, Franco Montoro, o ex-governador paulista que mencionei acima e o já emblemático prefeito de Fortaleza Ciro Gomes, além de outros.

Com grande êxito, organizamos o partido na cidade e para torna-lo realidade, Feitosa sacrificou seu terceiro mandato, praticamente garantido, para disputar a prefeitura em uma chapa pura de vereadores que incluía os 12 fundadores, dentre eles, eu aos 20 anos.

Meu discurso na Praça D. José Marcondes ao lado de FHC (5)
Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, pareciam duas figuras bem avançadas então.  Que bom, pois hoje guardo uma foto em que discurso em praça pública ladeado e aplaudido pelo hoje horroroso FHC.   Anos antes, Cardoso, o sociólogo que um dia viraria presidente, chegou a ajudar um grupo a fundar um partido de trabalhadores que viria ser o maior da América Latina, o PT.
Mas bastaram alguns anos de militância no PSDB para eu descobrir que esta “dissidência” do PMDB trazia consigo as mesmas contradições que os fizeram sair do partido de origem.

Nesta época, participei de um encontro em São Paulo onde ficamos “internados” em um hotel para discutirmos as diretrizes do Partido no Brasil e ali já se percebiam as primeiras divergências entre as principais figuras.  Estes dias ouvindo Franco Montoro e outros importantes líderes políticos foram de uma emoção impagável e representaram um crescimento inacreditável na minha visão de política e de Brasil.  Em pouco tempo o partido se dividia e as figuras “aclamadas” começaram a “botar as mangas de fora”.

Embora eu soubesse que contradições em partidos são normais e que é preciso enfrenta-las, nem isso foi suficiente para me segurar na legenda.  Mesmo atuando de forma favorável e contundente nas campanhas municipais, meus votos para o Congresso e Presidência tinham outros destinos.

Uma gestão da executiva municipal que veio “plantada” pela capital e derrubou o antigo grupo dirigente do partido, foi o tiro de misericórdia e me fez pedir a desfiliação pela primeira vez do meu primeiro partido.

Mais uma vez a participação partidária foi trocada.  Desta vez pela criação de um grupo transformador em minha cidade. 

Grupo Geapol - na foto D. Orani Tempesta e Pe. Jarbas Dutra
Nascido na Campanha da Fraternidade que remetia os católicos a participarem ativamente da política, o GEAPOL – Grupo de Estudos e Atuação Política foi uma das melhores coisas nas quais já estive envolvido.  Sob a gestão transitória de seus membros, mas  sob as bênçãos de um bispo democrático e de visão ampliada (Dom Orani João Tempesta), hoje Arcebispo do Rio de Janeiro o grupo ainda contava com o acompanhamento de dois outros padres esclarecidos: Jarbas Brandini Dutra e Antonio Valdecir Dezidério.

O Geapol foi também o responsável pela criação na cidade, da Associação Amigos de Rio Preto (AMORP) e da Universidade Aberta (ligada à UNESP).  Nesta época, voltei a me encontrar e estreitei muito os laços com antigos companheiros de militância, que eram membros do Partido dos Trabalhadores.  Na juventude do PMDB e mesmo depois no PSDB, embora em campos diferentes, várias vezes caminhamos de mãos dadas e subimos juntos em palanques comuns.  No GEAPOL, muitos dos participantes eram filiados ao PT.  Já de muito, Lula e outros tantos eram meus candidatos escolhidos e que recebiam meus votos para a Assembléia, Câmara Federal, Senado, Governo do Estado e Presidência do Brasil.

Por meio do grupo, realizamos as Semanas Sociais, os Gritos dos Excluídos e vários debates pré-eleitorais, de discussões aprofundadas com temas relevantes, além de uma intensa participação em movimentos, protestos e outras atividades, como o ato ecumênico contra a invasão ao Afeganistão pelos Estados Unidos no pós 11 de setembro.

Não tardou, no entanto, para eu ser convidado para um novo desafio.  Militar no histórico “partidão”.  O que eu não contava é que minha falta de informações me fizesse acreditar nisso.  Mas mesmo esta escorregada foi fundamental para o que haveria de vir.  A convite de Feitosa me filiei ao PPS – Partido Popular Socialista, presidido nacionalmente pelo dito “comunista” Roberto Freire.  Só mais tarde vim a saber do terrível papel desempenhado pelo mesmo no racha que tirou, do PCB tradicional, o que agora era o PPS, entregando ainda o espólio histórico do partido para a Fundação Roberto Marinho.

No PPS conheci camaradas de história política interessantíssima.  Cláudio Leme, por exemplo e revi o velho companheiro do PT, José Carlos Galvão entre outros.  No partido ainda, voltei a militar ao lado de Ciro Gomes, que então trouxemos a Rio Preto para uma visita na Faculdade de Direito, onde eu estudava e para a realização de uma palestra na Câmara Municipal.  Também no PPS, voltei a cruzar caminho com um antigo camarada de algumas lutas que travei ao lado de Feitosa, no passado.  O velho comunista Roberto Vasconcelos. 

Meu irmão - Marcelo Gomes - Secret. Formação PCB
No processo eleitoral de 2000, o PPS, PT e PCdoB fecharam uma coligação vencedora.  Elegemos o prefeito e eu que fora candidato a vereador e obtive  uma votação expressiva, fui convidado a ocupar um cargo junto à Secretaria de Governo da cidade, novamente com Feitosa. Lá, com um trabalho de exímia organização popular, criamos o Fórum de Associação de Moradores de Bairro e norteamos a organização popular de moradores de loteamentos irregulares.   Um ano depois, com a saída de Feitosa, ocupei o cargo como Secretário Interino dando continuidade a estas ações, estimulando a participação dos servidores públicos e propondo conselhos como o de Direitos Humanos e da Juventude.  Mas não concluí, pois no meio do processo, juntamente com Antônio Vasconcelos e valorosos camaradas, reorganizamos na cidade o PCB (Partido Comunista Brasileiro) e corrigindo meu equívoco anterior, finalmente passei a fazer parte do verdadeiro e original “partidão”. 

Diante de uma ação do governo municipal que rumava para a privatização do esgoto, desliguei-me da Secretaria e abracei uma candidatura suicida a vereador numa coligação com o PDT na qual concorríamos com o “certamente reeleito” prefeito.

Meu irmão trouxe da Alemanha um destes bótons pra mim
A organização do PCB se consolidou. Com a imprescindível participação de meu irmão Marcelo Gomes, hoje Doutor em Ciências Sociais, fundamos o Instituto Lúcia Galli de formação política frequentado por membros de outras legendas e estudantes em geral.  Tudo parecia estar indo muito bem, mas o partido no cômpito nacional e estadual definiu por uma atuação que não priorizaria mais o processo eleitoral, dando ênfase à sua história revolucionária.  Com isso, apresentei minha desfiliação partidária.  O PCB era então meu terceiro partido. 

Nesta época, mudei-me para um condomínio de chácaras distante uns 10 quilômetros de Rio Preto.  O condomínio era vizinho da pequena cidade de Guapiaçu, onde comprei uma escola de cursos de informática e línguas, que eu geria ao lado de outra unidade escolar e de uma Corretora de Seguros que fundei em 1995 e ainda me pertence.  Para esta cidade, acreditei que transferiria minha militância partidária.  Menor e completamente tomada pelo PSDB (governo tucano), parecia importante oferecer aos munícipes alternativas.

Não demorou e atraído por um grupo diferenciado em Rio Preto, que me convidara para ajudar o crescimento do partido em Guapiaçu, não hesitei e em breve filiei-me ao PSOL, criado por um grupo dissidente do PT.  Novo em suas propostas, o PSOL carregava a bandeira socialista, que em muitos casos se confundia às defesas do PCB.

A militância, no entanto, não durou muito tempo, pois o partido não aceitava apoiar a eleição de Dilma, candidata à presidência pelo PT.  Eu tinha convicção clara de que o Governo de Lula precisava ter sua continuidade, pois o Brasil tinha conquistado, para a classe trabalhadora, o que nenhum governo anterior havia permitido. 

Por conta disso, desliguei-me do partido e iniciei um trabalho voluntário para colaborar na campanha petista.  Isto me rendeu o tardio mas honroso convite para cerrar fileiras ao lado dos meus companheiros do PT.  E foi no partido dos trabalhadores que organizamos uma maravilhosa campanha naquela  pequena cidade governada por tucanos. 

O desgaste deste trabalho, aliado a outras situações, me fizeram ceder ao convite de velhos companheiros do PMDB e PPS, agora unidos em torno da reconstrução em Rio Preto do PMDB.  De volta ao partido onde tudo começou, do inesquecível Ulisses Guimarães, participei de uma campanha municipal em que PT e PMDB estiveram juntos e coligados.  Vale dizer que no cenário federal, PMDB e PT estavam igualmente unidos.

Embora ciente das contradições do partido que teve e tem sua importância inegável na história da democracia brasileira, lá permaneci até o rompimento do mesmo com o governo petista de Dilma Roussef, há alguns meses no trágico episódio da “traição”, onde o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, participou ativamente na articulação do processo de impeachment ao lado de figuras desprezíveis da política nacional como o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha.

Voluntaria e humildemente, pedi aos companheiros do PT o meu retorno, o que aceitaram prontamente. O desafio agora passa a ser demonstrar que o partido em Rio Preto jamais se envolveu em qualquer falcatrua.  Jamais foi citado, questionado ou denunciado, mesmo tendo vereadores por anos, tendo ocupado secretarias importantes e inclusive a vice-prefeitura.  Quando tenho uma tarefa por fazer, a cumpro.  E aplicarei minhas energias na defesa do governo que mais fez pelo povo menos favorecido, mesmo eu tendo algumas reservas ou críticas ao desempenho de Lula e Dilma. 

Coisas como o Processo do Mensalão, as denúncias da Operação Lavajato e outros escândalos, trazem em si verdades e exageros, muitos dos quais comprovadamente fruto de manipulação midiática e de ação seletiva da justiça.

Há muito o que se provar, sobretudo de acusações fundamentadas apenas em testemunhos orais, frutos de delações negociadas.

Esta minha defesa nunca foi incongruente com minha militância e sempre mantive coerência, mesmo em outras fileiras. 

Ao todo, foram 6 filiações partidárias diferentes, sem jamais mudar minha linha de pensamento, minhas defesas ou convicções políticas.

Militância Política
Durante todo este tempo, estudei, trabalhei, abri empresas, constitui família e tive uma ação participativa na política.  Militar na política, nunca foi impedimento para a condução de minha vida normal.  Posso me considerar um homem que coleciona boas realizações.  Formado em Administração Pública pela Universidade Federal de Ouro Preto e dono de uma rede de franquias, penso que meus conhecidos, parentes, clientes e parceiros de negócios, não tem o que se queixar de minha paralela convicção cidadã. 

Em todo caso, se no meio de tudo isso vivi a vaidade e cometi erros, talvez, mas há também muito de senso de responsabilidade, cidadania e vontade de acertar.

Não sei se vou morrer no PT, mas não vou parar de militar.  Isto é fato.

Proletarier aller Länder, vereinigt Euch!

FOTO - BRASIL DE FATO Nilson Dalleldone nilsondalledone@gmail.com   Edição do riso A OTAN caiu numa armadilha... Divirta-se! A Rússia ridicu...