quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Em cima do muro...
Dando continuidade ao processo de homenagear o “velho” Vasconcellos e trazer à dPreto sob o título: “O muro da vergonha ou a vergonha do muro”. O texto falava sobre a decisão do PCB em não apoiar os candidatos a prefeito no segundo turno das eleições iscussão questões envolvendo o socialismo, comunismo e outras questões, aproveito para ressuscitar alguns artigos do passado como o texto de 19/10/2004 publicado na Folha de Rio de 2004. Mas ele traz alguma discussão em cima da questão "ser comunista, socialista" etc.
Lá vai.
Melhor a cada ano, o Cinema Nacional tem surpreendido platéias de todo o mundo. Este ano, a boa surpresa foi o filme “Olga” que mostra de forma fiel a obra do jornalista Fernando Moraes sobre a vida da militante comunista Olga Benário, esposa e segurança do líder da Coluna Prestes.
É nítida a emoção dos espectadores ao fim da exibição e conseqüente sua simpatia pela causa defendida pelos protagonistas da história. Tanto que um grupo tratou logo de panfletar na saída dos cinemas em Rio Preto, chamando para a discussão quem, porventura, quisesse dar continuidade ao sonho de uma nova sociedade.
Ser de esquerda, ter apanhado ou sido preso pelo regime militar, hoje é status e condição sine qua non para se obter sucesso na carreira política, sobretudo da pseudo ala democrática.
Muito ao contrário, tempos atrás, a contrapropaganda norte-americana e a forte tendência autoritária de nossas elites, faziam com que ser comunista fosse como encarnar o próprio “mal”. Se bem que confesso, ainda hoje, pra muita gente, e gente boa, esta concepção não mudou muito.
Dia desses um amigo muito leal encontrou-me no calçadão em Rio Preto e tratou logo de se solidarizar com minha derrota nas urnas. Considerou pontos positivos e negativos de meu desempenho e preveniu-me: “Cuidado que tem uns amigos da onça por aí insinuando que você é comunista. Trate de desmentir isso imediatamente”.
Não estranho o preconceito e desinformação da sociedade em geral com relação ao comunismo, socialismo ou o que o valha. Tampouco me admira que se condene alguém por ter uma postura voltada à militância contundente enquanto se preserva a imagem do “malufismo”, por exemplo.
O que me admira é que, tendo sido co-fundador e presidente do Partido Comunista Brasileiro em Rio Preto eu ainda desperte dúvidas em algum amigo sobre minha postura e convicções.
Devo ter perdido alguns votos, realmente, por pertencer ao PCB. Lembro-me do alerta que recebi de alguns amigos ligados à Igreja, inclusive alguns padres muito ligados a mim, quando optei pela filiação ao “partidão”.
Um integrante da Maçonaria, entidade da qual participo desde 1989 e ajudei a fundar uma loja, chamou-me no SESI para pressionar-me: “Você vai ter que escolher. Ou sai do partido ou da loja.”
A verdade é que não vai dar para explicar nos próximos 20 anos, o que a direita escondeu, apagou e enterrou com violenta ira nos últimos 30. Uma idéia, boba aliás, de que buscamos a repetição do modelo soviético ou chinês, cubano ou vietnamita, sempre assustará nossa classe média, antes remediada, agora em situação precária, mas que insiste em servir aos propósitos da elite, sendo seu funcionário direto ou braço direito.
O comunismo verdadeiro é tão distante destes modelos quanto o próprio discurso de seus introdutores como Marx e Lênin que por certo ficaram distantes destas experiências.
Posturas do partido como a atual, que preferiu eximir-se da indicação de candidato, ficarão sempre incompreendidas por quem faz do voto, do poder e do dinheiro, a razão de ser de todos os projetos de lutas.
O PCB jamais ficou em cima do muro, nem se furtou da responsabilidade histórica. Só não pode e não quer compactuar com as opções presentes, pois ambas se encontram em pé de igualdade no tocante ao seu arco de alianças, tendo de um lado o PP do Maluf e do outro o PFL do Magalhães. Além disso, nossa realidade municipal é de conhecimento amplo do eleitorado. São dois prefeitos da cidade, experimentados e de ação pública disponível nas estatísticas.
Cada pessoa do PCB tem sua posição pessoal e nossa clareza está no projeto do partido como um todo. Obedientes sempre ao centralismo democrático, erram aqueles que não observarem esta regra.
Em que pese parecer “muro”, consiste numa clara posição de enfrentamento.
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segundo o Valter de Lucca, o Sr. Vasconcelos está internado no Hospital Santa Helena.
ResponderExcluirFico torcendo pra que ele restabeleça a sua saude embora entenda, que a vida tem um percusso, depois a gente vira saudade. Um forte abraço.