sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Será que tudo girava em torno disso?

Me defendo de todas as possíveis críticas, ou do julgamento alheio que possa sofrer pelas imensas contradições que carrego.  Tanto me defendo que o tempo todo as exponho pra quem quer que seja.  

No fundo sei que ninguém sequer se importa com o que eu penso ou deixo de pensar. É a tal mania de se achar muito importante.  É como escrever aqui nesse blog, quase que certo de que ninguém há de ler.  Mas, vá lá.

Empresário filiado a partido comunista.  Católico convicto ardorosamente na reencarnação e que crê piamente na manifestação dos espíritos. Respeitador profundo das ciências, com viés de criacionista e apaixonado por ufologia.  Dentre outras incoerências, esse sou eu.

Acho que tem sentido quando avalio minha criação.  Sou o fruto de uma mistura que vai além da étnica ou genética.  Sangue italiano, espanhol, predominantemente português e até com pitadas distantes de chinês, assim fui composto.  Por isso, portanto, brasileiro ao extremo.

Não foi e não é fácil construir uma estrutura ideológica com formação tão pífia como a que tive. Me formei em Administração Pública com o sonho recolhido de ter feito jornalismo.  

Trabalho desde cedo com objetivo claro de ter uma boa vida. De uma situação para outra, sem qualquer dúvida ou temor, acabei por aprender de tudo.  A ser empregado e patrão, empreender e profissional liberal. Até desocupado já me vi, graças a Deus por pouco tempo.

Leio de tudo.  De auto ajuda a história, de filosofia a livros espíritas, biografias é o assunto que mais gosto, seja de gente como Madre Teresa ou de monstros, como Napoleão.

Gosto do termo "buscador".  Esse é o título de quem, como eu, pertenceu ou pertence a uma ordem iniciática.  Pois é.  Mais contradição.  De professor de catequese e militante de esquerda, também fui DeMolay, Maçom e Rosacruz.

Esse balaio de fé e visão política, gera em mim a triste sensação de nunca poder discorrer nada com profundidade. É por isso, talvez, que uso tanto as redes sociais, onde não se há a exigência do academicismo e a superficialidade das opiniões favorece.

De vez em quando, no entanto, tenho a vontade muito grande de partilhar descobertas pessoais.

Nas minhas leituras, vídeos, palestras, estudos que faço ou dos quais participo, vou encontrando pedaços que depois monto e estruturo meus pensamentos.

Eu penso mesmo que exista um segredo que diferencia nossa vida concreta, daquela existência que imaginamos ser real. Até porque não sou só eu quem cria confusão.  Físicos discordam entre si, sobretudo quando o tema é a quântica.

A proposta de teorias a se confirmar, utilizadas vastamente para explicar coisas ainda dúbias, mostra que há muito a descobrir.  

Nas palavras de Newton: "O que sabemos é uma gota, o que não sabemos, um oceano".

Mas então que segredo seria esse?

Leio de Fernando Pessoa a Bob Proctor.  De Marx a Kardec.  De Galeano a Monsenhor Escrivá. Prática pretensiosa para quem sabe esbarrar em algo que me toque fundo n'alma.

Leitor questionador da Bíblia, sempre relevei aquilo que julgava figurativo.  Tiro proveito maior, sempre, dos Evangelhos.

Nessa terça, diante de uma dúvida pessoal atroz, com relação a uma decisão que eu precisava tomar no dia seguinte, fui me aconselhar em oração e fazer minha súplica diária.

Ao folhear o livro de Mateus, fixei o dedo, de modo displicente, no versículo 27 do capítulo 9.

Não é incomum que quando faça isso acabe por reler textos já "pisados".  E ao começar a leitura, julguei logo que seria apenas uma releitura como acontece às vezes.  Contudo, embalado pela emoção da oração, deparei-me com algo que nunca antes havia notado.

Ao sair de um determinado lugar, Jesus é seguido por dois cegos a clamarem por ele.  Queriam ter suas vistas curadas.  Jesus então se detém e pergunta a eles: "Creem mesmo que eu possa curá-los"? Ao que eles confirmam. Jesus então coloca as mãos sobre eles e diz: "Seja feito segundo a sua fé".  E na mesma hora, eles passam a ver.

Se você está pensando que já leu sobre esse e outros milagres várias vezes, está apenas pensando como eu sempre pensava. Veja: há um sinal aí.  Talvez o segredo de tudo.

"Seja feito segundo a sua fé".

Jesus não disse para serem curados ou salvos como está narrado em outros episódios semelhantes.  Talvez por descuido dos evangelistas, esse tipo de afirmação fora substituído pelo resultado prático e imediato do milagre em si.

Aqui contudo, fica bem claro.  Se os cegos acreditam são curados, se não, Jesus nada pode fazer.

Fiquei matutando uma noite inteira.  Será que esse é o grande mistério da nossa existência? Tudo aquilo em que crermos, podemos tornar real?

Parece louco, né?  Meio improvável que tudo fosse simples assim.  Mas aquele que professa o cristianismo deve se lembrar de frases como: " Se crês, tudo é possível aquele que crê".  Ou então: "Se tens fé, ainda que diminuta como um grão de mostarda, podes ordenar a esse monte que se mova para o mar e ele o fará".

Também dá pra lembrar de Pedro afundando nas águas ao vacilar e da repreensão de Jesus aos apóstolos após ser despertado durante a tormenta na barca. E outros tantos momentos nos quais se evidencia a necessidade do crer. "Homens de pouca fé.  Até quando tenho que estar com vocês"?

Os céticos depositam suas certezas na ciência apenas.  Pois físicos tem falado sobre multiversos.  Várias realidades possíveis.  Futuros prováveis que poderíamos acessar a partir de nosso comportamento de agora.  E se de fato for assim e há algum desses futuros com outras perspectivas nas quais possamos viver? Não seria a crença ou fé, a chave? Jesus talvez soubesse disso afinal.

O mestre falou de forma simples.  Simples até demais.  Mas como gostamos de complicar, frases como: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", ganham contorno de enigma, pois como anunciou, veio para confundir os sábios.

É... Quem tem ouvidos, ouça.


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