quinta-feira, 3 de maio de 2018

Tem dia que a noite é assim mesmo.


De forma muito vaidosa, temos pensado que o golpe que retirou do poder a presidenta Dilma e dissolveu boa parte do Grupo encabeçado pelo PT e seus aliados, visava apenas a Petrobrás e outras empresas brasileiras, além é claro, de devolver o poder às mãos daqueles que sempre estiveram lá de algum modo.
Mais estratégico e muito mais abrangente, o processo do golpe se desencadeou de forma agressiva e com amplitude “macro”, objetivando o reenquadramento da América Latina ao seu tradicional posto de “quintal” dos Estados Unidos, acabar com o BRICS e de quebra, levar o que restava do Brasil após a “privataria” desenfreada promovida pelos tucanos.
Desta feita, tudo o que os seus artífices não vão permitir agora é que alguém de esquerda, pelo menos com força, volte ao poder.  Por isso é quase improvável que libertem Lula, que caso livre dispute as eleições e se vitorioso, que assuma.  Pronto.  É isso.
Qualquer outra coisa que falem estão apenas iludindo os militantes.
Mas não é por isso que eu vá defender o fim da resistência.  O que defendo sim e com força é que os malditos burocratas dos partidos deixem o povo fazer a sua parte. Claro, com orientação.  Mas correta, verdadeira, olhando-os nos olhos.  E sobretudo, deixando-os falar e gritar, mas ouvindo-os. Como aliás deveriam ter feito no ato da prisão de Lula, quando estes "cartolas" o fizeram se entregar contrariando as massas que estavam ali dispostas as últimas consequências.
Enfrentar com todas as forças este golpe é tudo o que nos resta e mais preciso, neste momento, do que respirar.
Só que no último primeiro de maio o que assistimos foi apenas um pouco do mesmo.  “Cerimonias” partidárias com direito a shows, mas sem esta discussão necessária e implacável da verdade.  Elementos ativos da esquerda militante de outros partidos e aliados de movimentos sociais não tiveram acesso a microfones, pois alguns ícones partidários e lideranças “lustrosas” precisavam se fazer visíveis até para garantir, a todo custo, sua reeleição nos postos que ocupam hoje no Senado, Câmara Federal etc.  Tristemente este parece ser o único foco de alguns dos que se colocam nesta luta.  Estão ali, mas parecem aquelas pessoas que se aproveitam do “velório” de um amigo para matar saudades de velhos conhecidos.
No entanto insisto que não é por isso que se torna menos importante estar em Curitiba. Temos que estar ali.
O que me deixa possesso com essas lideranças partidárias é que não agem com responsabilidade histórica em momentos como este, desprezando as condições objetivas de luta e de possível vitória, como que colocando “panos quentes” e deixando o tempo passar para ver se os ânimos se esfriam.  Por que?
Quem hoje devia estar no comando da situação (resistência) são aqueles que abandonaram suas casas, empregos, famílias, aulas e estão lá, acampados em situação precária, tomando chuva, frio ou sol na cabeça, repartindo sanduiches e água, contando com a solidariedade de outros “irmãos” numa verdadeira demonstração de fraternidade e igualdade.  Gente que enfrenta estradas e riscos como a agressão de inimigos e incompreensão de familiares.  Estes sim, nos representam.
Quanto aos burocratas, qual é a discussão real e fora dos gabinetes que fazem esses “príncipes” partidários?  Há plano “B” caso Lula não seja solto?  Deixarão para a última hora que alguém, sem apoio popular maciço, seja içado de repente sem forças para os embates necessários?  Ou deixarão que alguém minimamente viável seja desprezado pelas esquerdas para depois cair nos braços da direita ou “centrão”?
Erros históricos de um pessoal que não pode mais se dar a este luxo.  Seu reinado está com os dias contados como estão os da classe trabalhadora se continuarem nesta toada.
Sim.  Um nome viável precisa ser trabalhado já.  Forte e que represente esta luta.  Alguns petistas precisam descer do pedestal e, seguidos pelos seus parceiros de sempre, buscarem ajuda agora, hoje, imediatamente e sem vaidades ou arrogância.
Neste sentido, falar que não há conversa com este ou com aquele é dar a falsa ilusão de que estamos com o "jogo ganho" quando não estamos. Melhor um “intratável falastrão”  que nos entende, mas do nosso lado, do que nos braços do "centro" como alternativa à extrema direita.
Sei que os estômagos de alguns camaradas e companheiros se torce por dentro, mas eu quero que se danem com este purismo arrogante que vai botar a perder as mínimas conquistas que já tivemos algum dia na história desta linda nação.

3 comentários:

  1. Fico bem preocupado com o rumo dessa próxima eleição.

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  2. Desde o começo, desde sempre o objetivo estava traçado, tirar Lula das eleições, e mais ainda não dar nem a oportunidade que mesmo não sendo candidato se manifeste em prol de alguém....objetivo alcançado e facilitado ainda mais pela posição da burra e teimosa Gleise Hofman...ou todos os que votariam em Lula votam em Ciro Gomes com alguém do PT de vice ou não, ou entregarão o Brasil para a Direita.

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