domingo, 2 de novembro de 2014

Minha doce Lídia

Ontem, dia de Todos os Santos, segundo a fé católica, se completaram 11 anos de falecimento de minha querida avó, Lídia Peloso Antunes.
Ela nasceu no dia de São José e também dia do aniversário de minha cidade São José do Rio Preto em 19 de março de 1916.
Geralmente após um longo tempo do passamento de alguém, costumamos assimilar a perda e tocar nossas vidas como aliás, convém.
No meu caso, não foi diferente, com um senão.
Minha avó, mãe de minha mãe, foi uma pessoa extremamente presente em minha vida.  Desde minha tenra infância, eu sempre pude contar com sua carinhosa companhia, pois morávamos perto e todos os dias, trocávamos visitas e quando não, eu ficava em sua casa até meus pais voltarem do trabalho ou da faculdade.
Com sua viuvez, penso que aos meus 15 anos, passei por quase um ano, a ficar todas as noites na sua casa para onde ia jantar após o trabalho e dormir após a escola.
Tudo isso fez com que eu sempre a tivesse como uma segunda mãe, uma amiga de verdade e grande conselheira que com sabedoria sem igual, me ajudou, em muito, a ser quem sou.
Já bem idosa, foi morar por uns tempos em casa de meus pais, período em que eu poderia ter sido mais carinhoso com ela, mas que foi, na verdade para mim, um tempo de vida profissional muito difícil e no qual eu, já me preparando para casar, estava mais distante do que nunca.
No final de sua vida, ela havia voltado a morar sozinha e nas tardes de tristeza, preocupação, ou mesmo cansaço, era para lá que me dirigia a fim de tomar um café (sempre pronto), ou comer um pudim (feito especialmente para mim).
Junto com a culpa que carrego de quantos almoços recusei, de quantas visitas deixei de fazer por nada, trago também a certeza de que sempre estive muito ligado.
Na ocasião de sua morte tive o privilégio de, junto com minhas primas e mãe, segurar em sua mão até seu último suspiro e assim ela partiu, levando consigo um grande pedaço de mim.
Tanto é fato, que sonhar com ela é rotineiro.   Ouvir seus conselhos e por vezes sentir um afago, ainda me é possível.
Por isso, nas minhas preces de hoje ela estará presente e junto aos falecidos por quem farei orações, ela sempre será minha porta-voz.  

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