“Há tempo para plantar e tempo para colher. Há
tempo para chorar e tempo para sorrir. Há tempo para nascer e para
morrer”(Eclesiastes). Vivemos com a ajuda do dinheiro, inegavelmente, o que
colabora para sermos felizes nesta vida. Entretanto, o dinheiro não é tudo. Um
autor desconhecido escreveu certa vez: “O dinheiro pode comprar a cama, mas não
compra o sono; uma casa, mas não um lar; o remédio, mas não a saúde; um lugar
no cemitério, mas não no céu.”. Se você como eu crer, pense nisto no decorrer
da vida.O dia de Todos os Santos comemorado ontem nos remeteu à nossa vocação
universal: sermos santos como o Pai é santo. Aliás, o apelo à santidade perpassa
toda a Bíblia. O que é, porém, a santidade? Como ser santo, hoje? Santidade,
antes de tudo, é um estilo de vida. Não é apenas observar normas e leis. Nem é
igualmente a simples ausência do pecado. Está na caminhada, no “levanta-te e
anda”, na recomendação “vai e não tornes a pecar”, na compreensão da fraqueza
humana “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”. Santidade é viver o dia
a dia no seguimento de Jesus. Caminho, Verdade e Vida numa integração total que
nos leva a dizer: “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. Hoje dia de
Finados. É um dia de reflexões mesclado pela saudade. Quem não tem mortos a
chorar? Cemitério cheio e em cada túmulo o mesmo ritual: flores, lágrimas,
orações e muita saudade. Saudade de momentos vividos, de momentos inesquecíveis,
de companheirismo e solidariedade, de amor filial, maternal e paternal. Flores
em abundancia. Lá estão os túmulos enfileirados, túmulos frios, nivelando
pobres e ricos, doutores e analfabetos, magnatas e miseráveis. Este é o dia em
que nós prestamos homenagens aos nossos entes queridos. Mesmo não estando mais
presentes, eles nos inspiram a dignidade, a solidariedade, a benevolência e a
eterna luta contra o preconceito, a miséria e a discriminação seguida de
autoritarismo. Dois de novembro. Dia de Finados. Bate em mim uma enorme saudade
diferente e sem fim. Um vazio onde o coração aperta e na mente como um teipe,
passam personagens queridas que há muito não as vejo. São entes não esquecidos
que nas pegadas do tempo deixaram marcas e uma solidão infinda. A saudade deixa
sequelas e renasce dentro da gente uma vontade louca de rever essas pessoas que
não existem mais. Caso, me fosse permitido fazer um pedido a Deus, eu pediria a
repetição da cena de Betânia.Ah, quem me dera! Como eu gostaria de rever meu
pai e minha mãe. Quem não tem saudades das palmadas pedagógicas do pai? Quem
não tem saudades do maior e melhor colo do mundo? Saudades são flores que nunca
murcham. Tenho convicção, pela confiança que tenho em Deus, que nossos entes
queridos que já morreram, aqueles a quem amamos muito, continuam a nos
proteger, revivendo ao nosso lado, por essa humilde e invisível presença de
cada dia, de cada momento, com que iluminamos de esperança a nossa saudade.
Saudade perene na eternidade. Permanente no tempo. No Dia de Finados deixemos
que a esperança cristã invada nossos corações. Não morre nunca quem no coração
dos outros vive. Minha mãe e meu pai estão vivíssimos em mim.
Manoel Antunes
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por contribuir com sua opinião. Nossos apontamentos só tem razão de existir se outros puderem participar.