sábado, 3 de novembro de 2012

Dia de Finados



“Há tempo para plantar e tempo para colher. Há tempo para chorar e tempo para sorrir. Há tempo para nascer e para morrer”(Eclesiastes). Vivemos com a ajuda do dinheiro, inegavelmente, o que colabora para sermos felizes nesta vida. Entretanto, o dinheiro não é tudo. Um autor desconhecido escreveu certa vez: “O dinheiro pode comprar a cama, mas não compra o sono; uma casa, mas não um lar; o remédio, mas não a saúde; um lugar no cemitério, mas não no céu.”. Se você como eu crer, pense nisto no decorrer da vida.O dia de Todos os Santos comemorado ontem nos remeteu à nossa vocação universal: sermos santos como o Pai é santo. Aliás, o apelo à santidade perpassa toda a Bíblia. O que é, porém, a santidade? Como ser santo, hoje? Santidade, antes de tudo, é um estilo de vida. Não é apenas observar normas e leis. Nem é igualmente a simples ausência do pecado. Está na caminhada, no “levanta-te e anda”, na recomendação “vai e não tornes a pecar”, na compreensão da fraqueza humana “Quem não tiver pecado atire a primeira pedra”. Santidade é viver o dia a dia no seguimento de Jesus. Caminho, Verdade e Vida numa integração total que nos leva a dizer: “Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”. Hoje dia de Finados. É um dia de reflexões mesclado pela saudade. Quem não tem mortos a chorar? Cemitério cheio e em cada túmulo o mesmo ritual: flores, lágrimas, orações e muita saudade. Saudade de momentos vividos, de momentos inesquecíveis, de companheirismo e solidariedade, de amor filial, maternal e paternal. Flores em abundancia. Lá estão os túmulos enfileirados, túmulos frios, nivelando pobres e ricos, doutores e analfabetos, magnatas e miseráveis. Este é o dia em que nós prestamos homenagens aos nossos entes queridos. Mesmo não estando mais presentes, eles nos inspiram a dignidade, a solidariedade, a benevolência e a eterna luta contra o preconceito, a miséria e a discriminação seguida de autoritarismo. Dois de novembro. Dia de Finados. Bate em mim uma enorme saudade diferente e sem fim. Um vazio onde o coração aperta e na mente como um teipe, passam personagens queridas que há muito não as vejo. São entes não esquecidos que nas pegadas do tempo deixaram marcas e uma solidão infinda. A saudade deixa sequelas e renasce dentro da gente uma vontade louca de rever essas pessoas que não existem mais. Caso, me fosse permitido fazer um pedido a Deus, eu pediria a repetição da cena de Betânia.Ah, quem me dera! Como eu gostaria de rever meu pai e minha mãe. Quem não tem saudades das palmadas pedagógicas do pai? Quem não tem saudades do maior e melhor colo do mundo? Saudades são flores que nunca murcham. Tenho convicção, pela confiança que tenho em Deus, que nossos entes queridos que já morreram, aqueles a quem amamos muito, continuam a nos proteger, revivendo ao nosso lado, por essa humilde e invisível presença de cada dia, de cada momento, com que iluminamos de esperança a nossa saudade. Saudade perene na eternidade. Permanente no tempo. No Dia de Finados deixemos que a esperança cristã invada nossos corações. Não morre nunca quem no coração dos outros vive. Minha mãe e meu pai estão vivíssimos em mim.

 
Manoel Antunes

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