Eu fico cansado de tantas vezes explicar a mesma coisa. E nem precisava ser eu a falar se as pessoas
tivessem o hábito de ler mais e principalmente de guardar na mente as
informações que recebem sem deixar se influenciar pela mídia que utiliza de seus
artefatos permanentes de distração e desvirtuamento da verdade ao seu bel
prazer e interesses.
Nesta última semana, alguns brasileiros declararam estar de “alma
lavada” após ouvirem as sentenças que lançaram penas aos condenados políticos
do processo denominado Mensalão.
Dentre elas, a mais clara e gritante, foi a pena de prisão
ao ex-ministro Chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu.
A história e vida de Dirceu é fruto de outra postagem minha,
portanto não vou aqui “chover no molhado”.
Mas vou aproveitar para lembrar os possíveis visitantes deste blog, de alguns casos de corrupção só nos últimos 20 anos e que
ficaram no esquecimento da maioria, que acabam aceitando as manchetes que
afirmam ser o “mensalão” o maior caso de escândalo e corrupção no Brasil.
Vamos falar em ordem crescente de valor:
– 18 milhões de reais
– A Máfia dos Fiscais ocorrida entre 1998 à 2008 e envolvia fiscais da
Prefeitura e Vereadores de São Paulo que cobravam propinas sob a ameaça de
apreensão de mercadorias de comerciantes e ambulantes.
– 55 milhões de reais – O caso do Mensalão
ocorrido em 2005 onde Deputados recebiam R$ 30 mil mensais para votarem projetos
da Presidência da República. O esquema
foi denunciado pelo Deputado Roberto Jefferson acusado de se envolver em
fraudes nos correios.
– 140 milhões de
reais – Os Sanguessugas ocorrido em 2006 envolvendo Prefeituras e
Congresso. Os parlamentares recebiam
propina de empresa para favorece-la em emendas de compra de ambulâncias.
– 214 milhões de
reais – O caso SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) ocorrido entre 1998 e 1999
envolvendo o Senado Federal e a União.
Dos 143 réus do caso apenas 1 foi condenado e recorreu. O pivô do caso, o Senador Jader Barbalho, foi
reeleito em 2011.
– 610 milhões de
reais – A Operação Navalha em 2007 que apurou facilitação em Licitações
Públicas de Obras em que os 46 presos foram soltos.
– 800 milhões de
reais – O lendário caso dos Anões do Orçamento ocorrido entre 1989 a 1992
no Congresso Nacional. Tratava-se de
emendas de Lei que emitiam dinheiro para Instituições Filantrópicas de parentes
e cobravam propinas para empreiteiras.
Ficou famoso, neste episódio, o caso da lavagem de dinheiro do Deputado
João Alves que ganhou diversas vezes na loteria.
– 923 milhões de reais
– O escândalo do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo entre
1992 e 1999, no qual o fórum jamais foi concluído. O juiz Nicolau dos Santos Neto (famoso
Lalau), dava aval para repasses milionários para a empresa que perdeu a
licitação de propriedade de Luis Estevão.
– 1,8 bilhão de reais
– O banco Marka em 1999 envolvendo o Banco Central. O proprietário do banco, Salvatore Cacciola
comprava dólar mais barato, ao que uma CPI comprovou tráfico de influência do
Banco Central.
– 2,4 bilhões de
reais – O caso dos Vampiros da Saúde entre 1990 a 2004 onde funcionários e
lobistas do Ministério da Saúde desviaram dinheiro público em fraudes de
licitação na compra de derivados de sangue utilizados para tratamento de
hemofílicos. Os 17 presos já saíram da
cadeia.
Nestes 20 anos, ainda tem o caso do Banestado, num montante
de 42 bilhões de reais. Tudo isso sem
citar a vergonhosa compra de votos para garantir a reeleição de FHC, o absurdo
processo de privatização de empresas durante o governo tucano e o caso que
culminou com o impeachment do ex-presidente Collor.
Mesmo assim a mídia incorretamente destaca o processo do
mensalão como o maior caso de corrupção do país. O Supremo Tribunal Federal é ovacionado como
o grande baluarte da nova era brasileira.
José Dirceu, que viveu uma história dedicada ao país, foi preso,
extraditado, perdeu a família quando contou a verdade sobre sua vida, agora é
condenado sumariamente enquanto políticos, dentre eles acusados contumazes de
desvio de dinheiro público e suspeitos de manter contas em paraísos fiscais,
estão soltos e são eleitos naturalmente.
Só queria estabelecer estes fatos e pedir aos amigos que em
seus comentários, fizessem a devida justiça ao invés de simplesmente ressonar o
que diz a imprensa irresponsável.
Grande Carlos Alexandre;
ResponderExcluirEu sou um desses "alguns" (que na verdade acredito que sejam milhões) de brasileiros que tem a "alma lavada" com a decisão do Supremo de botar na cadeia corruptos de toda ordem, trazidos à tona após uma acirrada e inteligente influência da mídia.
Embora você discorde do papel que a mídia vem desenvolvendo no caso, notadamente a revista Veja, que os próceres do PT elegeram como a besta do apocalipse, eu, justamente ao contrário do teu ponto de vista, aplaudo de pé e entusiasmado a posição determinada e democrática de se colocar em serviço da opinião pública. Muitas críticas envolveram o trabalho da revista, principalmente com relação às "fontes" de seus jornalista. Tais críticas vieram, principalmente, dos "intelectuais de esquerda" alojados no Partidão, que tendem a crer mais nas teorias conspiratórias do que na realidade dos fatos. A análise integral e livre dos fatos lhes é estranha, dado a sensação sublime - porém falsa, de que as coisas são sempre mais lúdicas do que realmente são. Entrevistar o papa não faz ninguém santo, assim como ter "fonte" corrupta não torna o jornalista corrupto e, portanto, a ética do jornalista não deve variar conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Uma imprensa livre e ágil é corolário do estado democrático de direito. É posicionamento jurídico de vanguarda que não se deve exigir que a mídia só divulgue fatos após ter certeza plena de sua veracidade. Isso se dá, em primeiro lugar, porque os meios de comunicação não detêm poderes estatais para empreender tal cognição. Impor tal exigência à imprensa significaria engessá-la e condená-la à morte. O processo de divulgação de informações satisfaz o verdadeiro interesse público, devendo ser célere e eficaz, razão pela qual não se coaduna com rigorismos próprios do procedimento judicial. Se a impressa for, em última análise, os olhos e os ouvidos da nação na constante vigilância do governo e seus agentes em todos os níveis, os meios justificam-se e redundam em uma poderosa doutrina de defesa da liberdade de expressão e de seu papel fundamental nas democracias. A condenação é impar e extremamente transparente e honesta, principalmente pelo fato que ocorreu acompanhada pela opinião popular, fiscalizada por um mídia atenta e após um processo aplaudido por todo o mundo, em virtude da sofisticada tecnologia jurídica desenvolvida pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Não concordo com nenhuma linha de tudo o que escreveu, porém, agasalhado pelo espírito democrático de Voltaire, "lutarei até a morte pelo teu direito de dize-las". Um abraço.
Sigo o ministro Lewandowski: "Dirceu até pode ser o mandante, mas não há provas".
ResponderExcluirSe o Supremo Circo resolveu considerar o que há nos "bauxos" (Veja e cia.) e não mais se ater aos autos, daqui pra frente teremos muitos julgamentos de igual natureza. E condenação anunciada, of course!
Caso contrário, continua valendo a definição do PH Amorim, de que a Justiça só atinge preto, pobre, puta e petista.
Cadê o Mensalão tucano? Tá debaixo do pano?
Nada mais nítido e claro....foi um julgamento oportunista e eleitoreiro, era clara a vontade de aproveitar o fato para prejudicar o PT nas eleições, e esclareço que não sou militante no PT e de nenhum partido e nem de política eu gosto. Enquanto outros não forem julgados e devidamente punidos com o mesmo rigor, mantenho essa opinião. Não que o fato não tenha sido grave, mas porque agora e porque essa tamanha vontade de mostrar justiça, de mostrar que mesmo indicado pelo Lula "ele" era indepedente? Tiste que em muitos lugares essa tática deu certo, mas em outros não...a cidade de São Paulo finalmente está liberta...quem sabe daqui dois anos o estado também não esteja?? Que sejam punidos TODOS os políticos corruptos e não só os do PT em época de eleição....e haja cadeias para esse povo todo...
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