terça-feira, 4 de maio de 2010

Tristeza na Igreja de Cristo


Recebi de um amigo o texto abaixo, como sendo carta de um padre. Refletindo sobre o assunto, acredito na validade do exposto, motivo pelo qual reproduzo.
Sou um poço inesgotável de contradições. Mas, quando oro, não tenho como pedir a Deus que me livre dos erros, dos pecados, da contradição. Não sou santo, sou homem... pois enquanto houver carne, corpo físico, haverá necessidades a serem supridas, dor, fome e outras tantas. Esta natureza animal, quase sempre se sobreporá na decisão vital de sanar suas necessidades. Assim, em oração, só nos resta pedir equilíbrio, o máximo de razão, para que nessa busca pela contemplação de nossos apelos, não nos falte o bom senso, o amor e o respeito ao próximo. Repudio a pedofilia. Acredito seja ela falta deste bom senso, falta de amor e sobretudo falta de respeito ao próximo.
Segue a carta do padre:

"Sinto-me no dever de dizer uma palavrinha bem breve sobre um assunto muito importante.

Como padre e como cristão, também eu sou envolvido nessa enxurrada de comentários e notícias sobre casos de “pedofilia” que envolvem sacerdotes, meus irmãos de ministério.

Acho que todo mundo, de uma forma ou de outra tenta se defender ou defender a Igreja, ou atacar a mídia… etc. Bom, eu poderia aqui fazer a mesma coisa, mas não me sinto motivado a isso.

Queria só partilhar que para nós padres isso é particularmente difícil, pois facilmente se toma a parte pelo todo. Na hora de “descobrir os podres” se faz com muita facilidade generalizações e condenações de todo tipo. Talvez seja pelo fato de que a Igreja, fiel ao Evangelho apesar da fraqueza de seus membros, ataca aquilo que a sociedade anti-cristã defende como valor atualmente: aborto, eutanásia, divórcio… só para citar alguns; e defende com muito ardor outros valores que a mesma sociedade expurga: castidade, fidelidade no matrimônio, celibato dos sacerdotes, dentre tantos outros.

Portanto, quando se pode arranjar um motivo para “se vingar” dessa Igreja que incomoda com suas denúncias dos contra-valores e defesa da Verdade do Evangelho, se faz com todo gosto e alarde.

Não quero com isso defender ou desculpar os erros, nem o Papa o faz. Ninguém no seu juízo perfeito o faria. Mas quero partilhar que é, no mínimo, desagradável. É a imagem sagrada dos homens consagrados a Deus e, pelo Espírito Santo, configurados a Cristo para agir em Seu Nome no anúncio do Evangelho e na administração dos sacramentos e das coisas sagradas, que é manchada. Eu faço parte dessa classe (se é que posso chamar assim…), sou sacerdote, procuro ser fiel a Deus desde a minha juventude e quero ser fiel até o fim de minha vida. Milhares de outros sacerdotes procuram viver o que eu estou dizendo, milhares são muito mais santos do que eu. A maioria. Se desgastam nas missões difíceis, com recursos muitas vezes insuficientes ou não condizentes com sua formação. Tantos que dão a vida aos pobres nos hospitais, asilos, favelas, terras de missão. Outros vivem em perigo de morte constante em países muçulmanos ou de intolerância religiosa. Vidas consumidas por amor ao povo, em santa castidade no celibato. Qual a mídia que vai contabilizar esses números? Quem vai fazer reportagem sobre eles? Não vale a pena, não dá IBOPE.

É irmãos, é duro. É triste. Choramos os pecados dos nossos irmãos e sentimo-nos também nós machucados, com o dedo da humanidade apontado para o nosso rosto em acusação.

Bendito seja Deus. Até no seu grupo houve um Judas. Mas não vamos desanimar. Ele, nosso Senhor, não nos prometeu vida fácil, não nos garantiu “imunidade parlamentar”, muito pelo contrário, nos ofereceu a Cruz pois o discípulo não pode ser maior do que o seu Senhor.

Que o Senhor nos ajude, a todos nós, a sermos cada dia mais transparente imagem do Cristo Senhor para o mundo.

CRISTO RESSUSCITOU, ALELUIA!
SIM, VERDADEIRAMENTE RESSUSCITOU, ALELUIA!"

Padre Leonardo Wagner

Um comentário:

  1. Eu acredito que em algum momento, antes destas pessoas serem ordenadas ao sacerdócio houve uma falha, pois alguém que realmente tenha a vocação para o sacerdócio, não teria ao mesmo tempo esse tipo de desvio de conduta; pois são coisas totalmente incompatíveis. Os seminários, de agora em diante (na verdade, já deveriam) deverão ter pessoas preparadas para detectar o problema antes que a ordenação aconteça. Não vai resolver nada quanto ao que já passou, mas pode ser útil para o futuro.

    Como católico fico triste, pois parece que só os padres e católicos é que tem este tipo de desvio de conduta...

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