Muitas vezes eu me ponho a aconselhar pessoas. Desde os filhos, companheira, amigos e até quem não pede conselho algum.
Feio isso, né? Além de irresponsável de minha parte.
Não sou guru,
filósofo, cientista e muito menos profissional do ramo psicológico. Tampouco milionário ou famoso. Com que
moral ou autoridade eu resolvo que posso dar palpites?
Contudo, penso eu, pode ser
que esse hábito seja resultado de uma vida de muitas experiências boas e que externá-las
me dê mesmo muita satisfação. E claro, se isso de fato ajudar alguém, tanto
melhor. Caso contrário, basta desprezar e pronto.
Pensando assim, prossigo para ressaltar algumas coisas que realmente me fizeram ou estão me fazendo uma
pessoa melhor. No mínimo causando impacto e promovendo comportamento diferente, geradores de resultados novos e, no meu caso, apreciáveis.
Tudo começou quando descobri o
quanto eu estava me diminuindo e empobrecendo minha autoestima.
Desde a postura com a qual me
sentava em uma cadeira pra conversar com alguém, até meu modo de andar, estavam
revelando minha decadência, o peso sobre os ombros de ter falhado, caído,
desanimado ou fracassado em alguma coisa.
Certo que havia motivos pra eu
me sentir daquele jeito, mas exibir com tamanha competência os resultados
negativos, era demais. Desnecessário até.
Então comecei a prestar a
atenção. A ocupar mais os espaços onde
estivesse. Andar ereto, sentar-me mais
elevado e erguer a cabeça sempre. Incrível
como modifica até o olhar do interlocutor, além de nos deixar mais bonitos e
altivos. Chega a aumentar a confiança e a credibilidade na gente.
Creio que só esse procedimento
pode alterar os resultados de uma negociação e favorecer a conversa.
E para além da postura física,
relevante se faz também cuidar da comunicação.
Reclamar e justificar o tempo
todo são atitudes tão “broxantes” para os outros, quanto o que lhes causa quando vivemos a olhar pro chão ou andar curvado.
Ninguém na face da Terra, por
mais que nos ame, quer ficar ouvindo nossas lamúrias, problemas e dores. Certas pessoas podem até suportar por algum
tempo, se condoer ou se emocionar. Mas
em sã consciência, quem quer gastar energia, ficar triste ou abalado pelos revezes
de alguém?
Reclamar e murmurar não resolvem, aprofundam os problemas e criam uma atmosfera de desesperança, tristeza e desânimo contagiantes.
Se alguém perguntar como vai a
vida, a melhor resposta, ainda que talvez não totalmente sincera, será dizer
que vai muito bem, graças a Deus. Até pra que passe a ir.
Mesmo os insetos são atraídos
pela luz. Então, que possamos brilhar ao
invés de turvar, obscurecer ou lançar trevas sobre as demais almas.
E se reclamar é feio, ficar
apontando culpados para todos os nossos erros ou infortúnios é trágico, além de
cruel e injusto.
Traz mais admiração para alguém
quando assumimos nossas responsabilidades, do que quando nos esquivamos delas
com desculpas amarelas.
Trocar o buscar culpados por
encontrar solução, será de fato o melhor caminho.
Agora atenção!
Substituir a reclamação e o
andar cabisbaixo pelo autoelogio, pelo muito falar de si é ainda mais
desprezível.
Pessoas que precisam ficar
exaltando suas qualidades, geralmente são inseguras, pouco humildes e
desacreditadas.
Arrancamos elogios reais
quando nossas ações dão testemunho de nossas qualidades, não quando falamos sobre elas.
É lamentável assistir pessoas
que precisam exaltar seus talentos e feitos para merecerem algum respeito.
Aliás, falar demais não
favorece. Ouvir mais que falar, eis o
segredo que vale milhões e tão pouca gente consegue praticar.
Quando falamos muito, principalmente sobre nós mesmos, acabamos por revelar o que mais queríamos esconder.
Isso me lembra quando, ainda
moleque, tinha que contar alguma “lorota” para meus pais afim de me livrar de
repreensões. Justificava, explicava,
voltava, falava e com toda essa insistência, acabava por deixar explicitada
minha culpa.
Não seria ótimo ser reconhecido
como uma pessoa que não mente, não reclama, não critica, sabe escutar e exala
gentileza até quando está em silêncio?
Quero ser essa pessoa. Estou lutando muito para isso.
Quando me pego aumentando ou
diminuindo uma virgula em algo que estou comentando, na mesma hora me desminto,
mesmo correndo o risco de ficar patético.
Que mania de enfeitar as coisas que alguns de nós tem, né? Isso já quase não me pertence mais.
Não se ganha empatia ou
simpatia por tornar alguma coisa mais completa ou complexa do que na realidade
é. Basta a verdade pura. Ela, por si só, já é extraordinária.
Até por isso, passei a
escolher melhor meus pensamentos.
Pensamentos viram palavras e
palavras se tornam atos. Então já mato
na mente quando algo ruim aparece.
Uma dor, um incômodo físico,
uma chateação, uma preocupação ou problema que surjam, dou um jeito de rejeitar imediatamente e substituir por algo melhor, animado, positivo. Nunca admirei ninguém que
fosse negativo, pessimista, acovardado. Tenho, ao contrário,
profundo respeito por pessoas positivas, motivadas, que tem brilhos nos
olhos. Por que então logo eu tenho que
ser o inverso disso?
Já me basta ser um cara que se
sabota sempre que as coisas parecem dar certo.
Não sei se pensava que não
merecia desfrutar algo bom, mas era só as coisas começarem a dar certo, eu
desistia, abandonava ou achava um jeito de arrumar defeito.
Ia à academia e bastava ficar
mais bonito, disposto, que logo desanimava e faltava, até abandoná-la. Começava um livro bom e era só me interessar
muito pela narrativa e crescer com ela, para criar preguiça de continuar a
leitura. Inclusive ganhar dinheiro. Era ganhar algum extra para logo em seguida
gastá-lo sem cautela, ficando na mesma hora sem ele.
Hoje, virei um desafiador de mim mesmo.
Quando um pensamento ameaçador
vem pra me desanimar ou fazer desistir, dobro a aposta.
“Ah, tá com sono? Então ao invés de dez, agora vai ler vinte
páginas para só depois dormir.” Ou então: “Ah, tá com preguiça de ir à academia
de segunda, quarta e sexta? Então amanhã
que é quinta, vai também.”
Depois que comecei a me penalizar
desse modo, parei de me sabotar.
Quer saber? A gente não precisa se depreciar. As pessoas, sobretudo as mais próximas e claro,
sem maldades e não de propósito, nos lembram o tempo todo de nossos defeitos.
Você já deve ter ouvido frases
como:
“Você nunca termina o que começa.”
Ou então: “Olha pro fulano, como
consegue realizar tudo o que se propõe a fazer.”
Hoje eu simplesmente sou o
exemplo de mim mesmo, pois ao invés de pensar nos outros e no que os outros
avaliam de mim, tento me superar a cada dia com relação a mim mesmo no dia,
semana ou mês anteriores. E isso tem provocado
resultados incríveis em diversas áreas de minha vida.
Não me deixo abalar pelo medo,
pelo risco de ser ridicularizado. Gravo
vídeos que, bonitos ou feios, são vistos e espalhados. Escrevo textos que, lidos ou não, me servem
de roteiro diário. Me declaro, arrisco,
ouso. Ninguém vai juntar meus cacos além
de mim, então porque economizarei ao me “jogar” em algo? Se quebrar, conserto.
Outra coisa é quando aparece o medo, a vergonha
ou algo que possa me limitar. De novo, dobro a aposta.
“Ah, quer dizer que acha que
vão rir do seu vídeo? Então agora vai compartilhar no Instagram, Facebook e
mandar para alguns no Whats App.”
Parece desaforo de criança, né? Mas funciona.
É porque não adianta eu focar
na insegurança. Se meu cabelo está
raleando, ao pensar nisso em uma festa ou ambiente, vou me sentir feio e mesmo se vestido com elegância,
estarei mesmo feio, pelo menos pra mim. Melhor desprezar o que não tem jeito ou solução, aceitando-o com naturalidade e colocar mais peso no que dá pra
valorizar. Me sentir bem vestido, ao invés de bem penteado, me fará mais confiante e consequentemente, mais bonito.
Todos já estamos
familiarizados com postagens que mostram gente passeando, sorrindo, se
beijando, dirigindo um belo carrão, quando muitas vezes estão em uma vida
horrível. Sozinhos, tristes, sem
aventura alguma.
Essa necessidade de disfarçar
a realidade faz parte da mesma insegurança de quem abusa nos filtros ou no
excesso de justificativas para se mostrar o que, ou quem não é de fato.
Resumo, não adianta.
Tá certo que não tem cabimento postar coisas ruins, como que mostrem a geladeira vazia, ou a espinha inflamada no
rosto. Mas já vi postagens de gente, na
frente de um carro que simplesmente estava na rua e não lhe pertencia. Pergunto: pra quê? Pra quem?
Nunca vai adiantar. Como diz o ditado: “o sucesso elogia em silêncio
enquanto o fracasso chicoteia gritando.”
Sem falar que mostrar muita
felicidade e conquistas de maneira tão ostensiva, pode provocar, mesmo em
amigos preciosos, sentimentos nada apreciáveis de inveja, ciúme, incômodo, que
não precisavam existir.
Fácil falar, difícil fazer. Quem de nós ao estar com quem ama, não quer
registrar o momento? Ao conhecer um
lugar lindo, ou mesmo realizar uma conquista importante, quem não quer
comemorar com todo mundo?
Basta entender que há
consequências e tudo bem. E que ao ver
as “comemorações” alheias, também se precisa levar em conta que possam ser um
pouco além do que representam de fato, para não nos abalar, se somos fracos ou temos problemas emocionais graves.
Em resumo, não precisamos
provar por postagens que temos estilo, bom gosto, dinheiro ou um(a) bom(a)
companhia. Basta vivermos isso.
Quando temos dinheiro, dizia
minha avó, até o cheiro da gente delata essa condição. Com dinheiro, ninguém liga pros nossos erros de português,
pra cor do nosso sapato ou pro volume de nossa fala.
Pois bem. Estou tentando viver essa nova versão. A versão de alguém que deseja ser grato,
desafiador, persistente e sobretudo jovial.
Antes me preocupava muito com
minha idade, até perceber jovens de 29 anos que se mostravam com 80 anos na
prática. Me preocupava em levar "nãos" e
foras, até perceber que eu era a melhor opção, na maioria das vezes para aquele
cliente ou pessoa. Me preocupava em ser julgado pelos meus resultados, até
perceber que saldo bancário não diz quem sou de fato e nem mostra aonde posso
chegar se eu quiser mesmo.
Continuo tentando, todos os dias. Essa briga por ser uma “melhor versão” está longe de acabar. E quer saber? Ainda que eu não consiga ser o leão que espero ser, aquele gatinho tímido e franzino que eu era, jamais serei novamente.