domingo, 22 de março de 2020

E durante? E depois?

Nesse domingo, enquanto computamos 25 mortos pelo novo vírus só no Brasil, um amigo me ligou, no horário do almoço, para me dizer uma porção de lindas palavras.
Segundo ele, escolhera o dia de hoje para fazer, enquanto na quarentena, contatos com velhos amigos a transmitir mensagens de paz, esperança e alegria.
Foi sensacional ouvi-lo.
Motivado, mas sem polianismo, o amigo cujo nome não mencionarei sob a preocupação de desagradá-lo, alertou-me para a necessidade de proliferar bons pensamentos, até para amenizar o impacto da solidão ou do isolamento a que alguns não estão acostumados.
Diante do caos da pandemia, não sei se é errado dizer que até de uma situação como essa, podemos tirar proveito.  O fato é que realmente há coisas que precisam ser levadas em conta.
Se por um lado não vamos a festas, velórios, casamentos ou encontros sociais, reuniões políticas ou de trabalho, por outro baixamos a poluição ao não emitirmos tanto CO2, seja pela utilização de veículos ou pelo uso exagerado do ar condicionado e luzes nas empresas.
Ainda, paramos de banalizar visitas a médicos, dentistas ou supermercados, deixando para irmos a esses lugares quando realmente precisamos. Economizamos combustíveis e ganhamos tempo para outras tarefas mais agradáveis e inclusivas. Também limitamos a visita a salões de beleza, farmácias, padarias ou docerias.  E se por um lado isso abala a economia, por outro preserva o consumo exagerado e muitas vezes supérfluo que nos tiraria o descanso logo mais, impondo-nos trabalhar em dobro para tapar os pequenos rombos no orçamento familiar que essas ações contínuas e irrefletidas ocasionam.
Ficar em casa por longo período, parecia ser o sonho de muitos.  Bastam, no entanto, dois ou três dias seguidos, para começarmos a reclamar do tédio e lamentarmos por não ter que ir trabalhar ou os filhos não irem para a escola.
É aí que precisamos reaprender algumas coisas.  Ou então, aprender novas.
Inventar programas incríveis em casa, estão a se tornar um novo aprendizado para nós.  Mães de família se voltam para a cozinha afim de caprichar mais e alguns pais passaram a explorar seus dotes culinários.
Jogos de tabuleiro, são a opção na hora de esfriar o vídeo game.
Fazer faxina também em grupo está a se tornar uma nova rotina.  Arrumar armários em disputa com os filhos, passou a ser um novo e interessante passatempo.
O WhatsApp tão usado para fechamento de negócios ou fofocas, passa a ser veículo também de transmissão de mensagens de esperança e os grupos de família, já dispensam os atuais "bom dia" e "boa noite" trocando-os por "se cuide" e em alguns casos, já se pode ler um "eu te amo".
Sim, preocupa-me o resultado econômico de tudo isso.  Se bem que não há que se pensar em outra coisa, no momento, que não na saúde e segurança de todos.
Porém, já se prevê a maior recessão de toda a história.
Comércio fechado, empresas sem receber e o que dizer dos diaristas e autônomos de toda espécie?
Temo pelo desemprego em massa, pela fome que essa paradeira pode legar e que talvez seja tão cruel quanto a própria epidemia.
Mas a "mão do Estado" precisa pousar sobre nós em momentos como esses.
E desta feita resta-nos, enquanto nos cuidamos obedientes às restrições impostas, exigir dos governantes que cuidem de todos.  Seja pelo fortalecimento de verbas para a área da saúde, seja pela adoção de medidas de contenção de falências, ajuda real e solidária aos trabalhadores em geral, no  que seria uma mesada que vá muito além do pífio donativo de programas sociais atuais, mas que realmente aplaquem a fome, permitam a manutenção do lar o que precisa incluir o perdão geral para contas de água, energia e gás.  Subvenção de aluguéis e cesta básica decente.
É o que qualquer país socialista faria e vai fazer. Ou o que qualquer governante decente, nem pensaria em não fazer por sua gente.

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