Estamos em
fevereiro.
O que já
imaginávamos lá atrás está em curso.
Tudo farão
para impedir que Lula seja candidato a presidente. Condená-lo sem provas. Prendê-lo.
Encontrar outros motivos para impedi-lo de concorrer. Promover um atentado contra sua vida. Mudar as regras eleitorais com agilidade
ímpar. Alterar o “regime”. Aquilo que for preciso para barrar sua volta
ao comando deste país.
Isso só
reforça uma coisa. Lula mete medo. E sua influência é indiscutível.
Embora não
devamos sustentar o “messianismo”, o fato é que sempre precisamos da figura de
um líder com popularidade e apreço sem precedentes para conduzir o povo. E principalmente neste momento.
Metade da
nação defende Lula declaradamente, mas e o resto? A outra metade?
O cenário mostra
que esta outra parte do povo brasileiro está bem dividida. Há os desapontados com os governos de Lula e
Dilma, têm os direitistas, os que sempre odiaram a figura do metalúrgico, e
ainda os esquerdistas mais radicais, que não aceitaram e não engolem a política
conciliadora e de concessões. Mas há um grupo grande de alienados, com
pensamento implantado e incoerente, que simplesmente quer ver o “molusco” atrás
das grades.
Talvez,
pessoas com séria confusão, sem a capacidade de interpretação de classe. Os chamados “pobres de direita”. Mas talvez, simplesmente e mais grave, a
massa de manobra.
Situação até
aí natural, nada nesse cenário me causa, ou causaria espanto.
O que apenas
me estranha é a mansidão, a condescendência e a paciência inexplicável do próprio
militante do PT. Os partidários de Lula.
Ainda
“musculoso” do ponto de vista de sua grande militância e com ampla ação
nacional, pois ainda conserva mandatos,
o Partido dos Trabalhadores soma forças que o compõem por dentro, ou que orbitam
em torno de seu centro. Por isso não aceito esta sua “calma”, contrariada
apenas por espasmos voluntários de alguns poucos de seus membros.
O que na
verdade estão esperando os petistas?
Hoje,
membros da classe artística e intelectuais de toda sorte, junto com boa parte
do povo simples e outros simpatizantes, estão falando mais alto do que o
próprio partido do ex-presidente.
É gente que
dá a cara para bater, com muito mais a perder, empregando veemência e convicção
na defesa de Lula.
O PT parece
trabalhar na expectativa. E tem sido
assim ao longo de todo esse processo.
Vamos
aguardar a decisão de primeira instância.
Vamos aguardar o segundo julgamento.
Vamos aguardar a postura do Supremo.
Vamos aguardar que Lula indique um substituto pra gente votar nele. Vamos aguardar o pleito e legitimar o golpe
final. Enfim, vamos aguardar.
Isso
incomoda muito a quem pensa como eu. A
quem acredita que nunca na história deste país foi dada tanta contribuição para
a construção das condições objetivas para um verdadeiro levante da classe
trabalhadora.
Sem liderança
e sem formação, coisas que nos primeiros governos da era PT podiam ter sido
resolvidas, as massas ficam à mercê de orientações que nunca chegam.
O máximo que
vemos, neste sentido, são ações em “lotes”
como manifestações que já não metem medo a um congresso sem qualquer pudor e a
um judiciário que cada dia se distancia mais e mais da justiça. Sem falar na mídia que as ignoram ou
desqualificam ainda mais.
A nossa
briga na internet não é vã. Como não é à
toa a manutenção da discussão diária em casa, no trabalho, na igreja etc. Só que isso não vai resolver de fato o nosso problema. Não impedirá que se continue, de forma
deslavada, o desmonte deste país. O “entreguismo”
praticado a olhos vistos por esta súcia que se prolifera nos meios políticos. A dilaceração de direitos e conquistas. O retrocesso social que estamos assistindo
dia após dia.
Só uma
convulsão será capaz de deter este “plano do mal”, arquitetado sabe-se lá por
quem, com a finalidade de tornar o Brasil um país submisso.
Que não
fique confusa a minha opinião. Não prego
que não se vote nas próximas eleições.
Não prego que se promova um quebra-quebra sem escrúpulos. Mas por outro lado, questiono a passividade
vergonhosa com a qual assistimos a compra de votos no Congresso (de forma
declarada). Com a qual permitimos que se
leve a cabo a votação de uma reforma previdenciária excludente e
assassina. A maneira como aceitamos a
entrega quase gratuita de nossas reservas naturais. Sem falar na nomeação de ministros e outros
nomes, comprovadamente criminosos, para ocupar cargos relevantes nos destinos
da nação.
Deixamos que
a mídia e parte do judiciário levassem a cabo um projeto corrosivo e
inteligentíssimo, misturando “justiça”
com “revolta”, batizado de Lava Jato.
Hoje, comprova-se que sua finalidade maior era denegrir a imagem de
empresas como a Petrobrás até torna-las baratas para compradores
estrangeiros. Aliás, sonho de criança de
alguns inimigos que almejavam o controle de nosso petróleo desde a criação da
Petrobrás na era Vargas.
A Lava Jato
parou (sangrou) o país. Afastou todos os
inimigos do “privatismo”. Tentou
soterrar o partido do governo petista sem prender um só tucano. Distraiu as atenções gerais. Comoveu os brasileiros com os escândalos
cinematográficos diários na televisão, enquanto helicópteros de cocaína, aviões
sem dono, deputados promíscuos e malas de dinheiro ocupavam apenas espaços
menores do noticiário.
Ainda hoje,
negociatas e barganhas se veem sem punição.
Crimes gigantescos em proporção são coniventemente prescritos e a
prática de uma “justiça” parcial não é segredo.
Quanta gente
sem caráter. Sem vergonha na cara. Sem moral.
Pilantras de carteirinha que continuam a discursar por todas as esferas
de poder e nos diferentes cargos públicos que ocupam. Sempre pensei como podiam dormir, ou encaram
seus filhos, mas na verdade essas figuras sombrias não têm espírito, nem
alma. Só a história, ou só Deus para
lhes compensar a sujeira de suas miseráveis existências.
Mas e o
povo? Que assiste a tudo isso sem buscar
entender direito o que está acontecendo, tendo por única preocupação a prisão
de Lula pelo possível crime de “ganhar” um apartamento no Guarujá. E quando tentamos elucidar algo, nos atacam,
nos agridem, nos acusam de “petralhas”, protetores de “bandidos de estimação”,
de “comunistas”, mesmo que não tenham a menor ideia do que queira dizer cada
uma destas palavras.
Não dá pra desprezar este quinhão de pessoas. Correspondem a uma fatia considerável do povo.
Não dá pra desprezar este quinhão de pessoas. Correspondem a uma fatia considerável do povo.
A eles, contudo, está faltando
“norte”. E eu penso que cumpriria ao maior partido de
massas da América Latina desenvolver esta ação. Formar, orientar e desnudar tudo, por mais difícil que esta missão pareça. E não o fará se continuar preocupado apenas com as eleições. Com a retomada do “poder”. Alguns inclusive com seus “cargos” atuais e por fim, com disputas internas, seu maior defeito.
O partido
dos trabalhadores, tal qual o Brasil, caso Lula voltasse, devem ser entregues urgentemente a
quem de fato pertencem: Ao trabalhador.
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