Eu quase nunca, para
não dizer nunca, conto essa história para alguém. É porque ela soa tão incrível que fico com
medo de as pessoas pensarem ser inverdade.
Uma dessas invenções que as famílias contam.
Eu nem sei se estou autorizado a contar isso aqui, pois não perguntei ao principal protagonista, meu pai. Mas até acho que chegou a hora de botar isso "pra fora". Tipo um desabafo. Então, lá vai.
Eu nem sei se estou autorizado a contar isso aqui, pois não perguntei ao principal protagonista, meu pai. Mas até acho que chegou a hora de botar isso "pra fora". Tipo um desabafo. Então, lá vai.
O fato é que no ano
em que eu nasci, minha avó paterna, que se chamava Amor, faleceu sem antes ter dado qualquer sinal de doença ou coisa que indicasse o final próximo de sua vida. Meu pai, recém casado e após assumir a paternidade com meu nascimento, estava então com 27 anos e ficou completamente “maluco” com os acontecimentos.
As circunstancias da morte dela não seriam extraordinárias, não fosse pelo fato de terem ocorrido
exatamente da mesma forma, por duas vezes.
Tudo começou em um sábado, uma semana antes do passamento de vó Amor.
Meus pais e eu, com pouco mais de 2 meses de nascido, estávamos, como fazíamos quase todo final de semana, em visita à casa de meus avós maternos. Eles moravam em São José do Rio Preto, no interior paulista. Meus pais e meus avós paternos, em Nova Granada, aproximadamente 30 Km distante.
Por isso, nestas visitas, depois de meu nascimento, quase sempre dormíamos na casa dos pais de minha mãe.
Meus pais e eu, com pouco mais de 2 meses de nascido, estávamos, como fazíamos quase todo final de semana, em visita à casa de meus avós maternos. Eles moravam em São José do Rio Preto, no interior paulista. Meus pais e meus avós paternos, em Nova Granada, aproximadamente 30 Km distante.
Por isso, nestas visitas, depois de meu nascimento, quase sempre dormíamos na casa dos pais de minha mãe.
No entanto, naquela fatídica ocaisião, em meio
a madrugada do domingo, meu pai acordou chorando e sobressaltado de um pesadelo
horrível. Sonhara com a morte de sua mãe.
Minha mãe então o acalmou e o fez dormir novamente.
Minha mãe então o acalmou e o fez dormir novamente.
Não tardou e ele voltou
a despertar, desta vez com a conclusão de seu sonho ruim que havia continuado do mesmo
ponto em que fora interrompido antes.
Em prantos e muito abalado, confidenciou a minha mãe cada detalhe das cenas que vivenciara enquanto estivera dormindo. E arrematou que tudo lhe parecera muito real.
Em prantos e muito abalado, confidenciou a minha mãe cada detalhe das cenas que vivenciara enquanto estivera dormindo. E arrematou que tudo lhe parecera muito real.
Mas, como algumas coisas
eram diferentes da realidade deles, pelo menos naquele momento, minha mãe o tranquilizou
novamente. Convenceu-o que tudo apenas
se tratava de um sonho e que não devia dar importância. Afinal, quantas vezes sonhamos com perdas de
pessoas queridas e logo as vemos com saúde perfeita com muitos anos pela frente.
Convencido de fato e
em face de pequenos detalhes do sonho que o distanciavam da situação atual, meu pai procurou esquecer-se de tudo, embora tivesse, mais tarde, relatado o sonho
à sogra.
Pelo que sei, a
semana transcorreu normalmente até que no final de semana seguinte, eles
voltassem para a casa dos pais de minha mãe.
Claro que meu pai, embora refeito e como morava perto, passou pela casa de sua mãe antes
para conferir se ela estava bem e para as despedidas convencionais.
Já a noitinha, em Rio Preto e após passearem, voltaram para a casa de meus avós maternos e foram dormir.
Foi então que o pesadelo recomeçou e do início, mas agora, na realidade.
Foi então que o pesadelo recomeçou e do início, mas agora, na realidade.
Foram despertados
pela campainha que tocou de forma insistente.
Era meu tio, marido da irmã de meu pai, que estava à porta para
apanhá-lo. Exatamente como no sonho ele estava com um carro
diferente do que possuía. Meu pai não ficara sabendo, mas ele havia trocado de carro naquela semana. Isso punha por terra uma das pequenas divergências entre sonho e realidade e o fato não passou despercebido pelo meu pai. Já angustiado, preparou-se. Ele devia acompanhar meu tio,
pois, minha avó que não estava bem, queria vê-lo.
Lembrando-se do
sonho que tivera e da estranha semelhança, partiu deixando minha mãe igualmente preocupada com a situação.
Ao chegar na casa de
minha avó, tudo estava igual ao que vira na semana passada, inclusive as pessoas
que não estariam normalmente ali, na casa dela e que vieram para ver minha avó. E mesmo isso, ainda não resumia tudo.
O médico da família
estava viajando e um estranho estava cuidando de minha avó. Uma preocupante injeção havia sido aplicada sem qualquer indicação e cuidados, e os comentários de uma tia também reproduziram algo que ele já ouvira. Tudo exatamente como na visão sonhada por meu pai há uma semana atrás.
Preocupado, meio insano, ele pôs-se a pensar.
Preocupado, meio insano, ele pôs-se a pensar.
Restou-lhe então um
estranho consolo. No pesadelo, minha avó morrera
sozinha, no quarto, com meu pai. Então parecia simples ou possível mudar as coisas. Ele não deveria ficar sozinho com ela.
Jamais. E então, nada
aconteceria. Um certo alívio infantil, lhe sobreveio. Mas as horas transcorriam sofridas neste déjà-vu tétrico até que meu pai passou pela porta do quarto onde estava
minha avó, rodeada por mulheres, dentre estas, minhas tias. Não parecia haver perigo. E ele precisava saber como ela estava.
Tranquilo por conta
da multidão, meu pai então entrou e buscou conversar um pouco, mas seria o mínimo possível para não estar ali com
ela na tentativa de mudar o rumo das coisas.
Em meio a conversa, dona Amor lhe pediu para virá-la, colocando-a numa posição mais confortável. Ele começou a atende-la quando percebeu que
todos de uma hora para a outra, saíram do quarto. Ao ver-se então sozinho, buscou se desvencilhar das mãos de minha avó que o seguravam para ganhar
o corredor, mas não conseguiu e com um suspiro de alívio, minha avó deixou o
corpo.
Desesperado,
assustado, chocado e claro, extremamente inconsolável, meu pai perdeu a mãe em
seus braços, naquele segundo de descuido, pois achava que pudesse, de algum modo, ter mudado os planos de Deus, ou embaraçar as teias do destino.
Cada cena, cada momento vivenciado duplamente, fora para ele um misto de “preparação” para a dor, ao mesmo tempo que fora dor em dose dupla.
Durante anos ele
buscou ajuda e tentou compreender o que se passara. Consultou padres (meu pai é ex-seminarista), médiuns,
sensitivos e psicólogos, cada um com sua explicação nada fundamentada e algumas nem eram razoáveis.
Ao longo de minha
infância e juventude, ouvi essa história ser narrada por meu pai em riqueza de detalhes e
corroborada por minha mãe e minha avó materna.
Premonição não é uma
coisa de outro mundo. Muito se fala sobre o tema. Mas quando
acontece assim, pertinho da gente e de forma precisa, passamos a pensar em um monte
de coisas que desafiam a ciência e tudo o que os Homens conhecem.
Eu gostaria muito de ajudar meu pai a entender e também eu queria compreender tudo, mas acabei deixando correr com o tempo.
Até que, recentemente, ao estudar a vida do físico Nicola Tesla, descobri que ele também passou pelo
mesmo processo. Sonhou a morte dos pais,
dias antes dela ocorrer, relatando-o em detalhes a alguns de seus próximos que constaram, depois, a veracidade de sua
narrativa. Isso fez, obviamente, com que muitos de seu tempo e círculo, desconfiassem de sua idoneidade ou
equilíbrio mental.
Resolvi então escrever aqui, entre amigos. Divulgar para alguns poucos.
Resolvi então escrever aqui, entre amigos. Divulgar para alguns poucos.
Quem sabe haja, por aqui mesmo, mais alguém que tenha
guardado um relato como esse. Quem sabe até alguém que descobriu o que significa isso, como ocorre ou porque ocorre.
Tantos livros, sobre tanta coisa, filmes e reportagens, mas um drama familiar desses fica assim, sem explicação!
Tantos livros, sobre tanta coisa, filmes e reportagens, mas um drama familiar desses fica assim, sem explicação!
Sabe, há mais coisas que
me causam espanto na minha família.
Mas este, sem dúvidas é o nosso grande “segredo” o qual
partilho, agora, mesmo sem consultar os envolvidos.