Visão de Nova York a partir do Central Park |
Sede do império? Terra das oportunidades?
O que existe de falso ou verdadeiro nas muitas visões que criei ou
aprendi sobre os Estados Unidos da América?
A liberdade tão propagada é fato? E quanto ao cenário que serve de
fundo para os que defendem a tese da Nova Ordem Mundial?
Bem, por motivos profissionais estive no centro de maior destaque do
país: a cidade de Nova York, mais precisamente em seu coração, a ilha de
Manhattan.
Não há como não se emocionar ao estar pessoalmente em alguns ambientes, velhos conhecidos desde a infância, nos apresentados pelos filmes de Hollywood, com certeza, o maior propagandista do Tio Sam.
No meu caso, profissional do seguro e do franchising, poder reconhecer
grandes ideias de perto, como o Hard Rock Café e experimentar, na sua sede, franquias
e produtos conhecidos em todo o planeta, foi muito intrigante.
A viagem, que fiz acompanhado por minha mulher, serviu para quebrar
alguns paradigmas que eu mantinha. Como exemplo, minha crença de que o
povo americano não fosse cordial com os visitantes.
É claro que éramos turistas em uma terra que valoriza muito o dinheiro,
principalmente o que vem de fora. Isso é uma peculiaridade de todas as
cidades turísticas. Mas sabemos, aqui mesmo no Brasil, que a cordialidade
não é intrínseca a este fato, pois há regiões e mesmo cidades brasileiras, que
só não conseguem perder seus visitantes por serem extremamente belas ou
oferecerem uma variedade incontável de atrações e maravilhas, que compensam
certos desaforos de sua gente.
Protesto contra o candidato Trump |
O nova iorquino é cordial, educado e prestativo na sua grande maioria.
Por exemplo, em uma estação de ônibus (sempre fizemos questão de experimentar,
ainda que por dias, como vivem os nativos) fomos orientados, acompanhados e
encaminhados, por um usuário, desde a compra da passagem à porta do ônibus.
De forma muito afável, diga-se de passagem.
Isto me surpreendeu, pois em terras romanas e parisienses, situações semelhantes não terminaram muito bem.
Apesar de uma ilha, Manhattan não tem muita beleza natural. O East
River e o Hudson são os rios que a ladeiam e isso garante um pouco de beleza
natural. Mas faltam ares de uma cidade litorânea ou de montanhas que
garantiriam um privilégio que algumas importantes metrópoles mundo afora podem
exibir sem muito esforço. A natureza e
sua poesia.
Ilha de Manhattan |
De qualquer forma a arquitetura é interessante e prédios novos se
misturam a construções antigas e exuberantes, como o hotel em que nos
hospedamos, um belo exemplar da "art deco".
O Waldorf-Astoria Hotel, na Park Avenue, já foi cenário de vários
filmes, dentre eles, Um príncipe em Nova York, protagonizado pelo ator Eddie
Murphy.
Ainda, o luxuoso prédio de 47 andares, já foi moradia fixa de gente como
Frank Sinatra, Merilyn Monroe e outros famosos.
Inaugurado em 1931, foi considerado por muito tempo o maior do mundo,
oferecendo 1500 quartos, 100 suites e o primeiro a incluir o serviço de
quartos.
Foi também o primeiro hotel no mundo a aceitar a hospedagem de mulheres
desacompanhadas.
Em 2014, dizem, o hotel teria sido vendido para uma seguradora chinesa
por uma fortuna em euros.
Recepção do Hotel Waldorf-Astoria |
Nossa estadia lá, foi um presente da companhia de seguros Mapfre, pois
suas diárias "não são pro meu bico".
Ademais o hotel é palco de shows, jantares de luxo e até casamentos de
celebridades. É ali também que se hospedam todos os presidentes
norte-americanos quando na cidade de Nova York e também os chefes de Estado
visitantes.
Minha viagem incluiu visitas ao Central Park, onde o nova iorquino
almoça, descansa, passeia, discute negócios e mesmo se casa em uma manhã de
quarta-feira. Assisti em um quiosque, parte de uma cerimônia onde noivos,
ladeados por um padrinho cada um, selaram seu destino.
Vista do Lado no Central Park - Nova York |
Vasto, o parque oferece um lago que serve também para passeios de barco
ao som de jazz, tocado por pequenos artistas anônimos em busca de trocados.
Uns pintam, outros escrevem, outros fazem piqueniques no gramado e
muitos, muitos mesmo, consultam os celulares enquanto desfrutam das sombras e
ar puro.
Oferecendo um bosque tranquilo, contrasta com o barulho e trânsito das
ruas que o ladeiam, mas não fosse pela vista dos edifícios que superam em
altura a vista verde do parque, poderíamos dizer que estamos em um portal para
um mundo bucólico, dentro da cidade.
Ali pude ver também um bichinho que não faz parte de nossa fauna, o
esquilo. Simpático e arredio, me parece muito traquinas à medida que
consegue roubar um amendoim e subir na mais alta árvore em segundos.
Museu de História Natural de NY |
Não podia deixar de visitar também o Museu de História Natural.
Recomendo de maneira a considerar a ausência indesculpável a quem vai até
a cidade e não passeie por seus átrios. Tive a honra de conhecer o Louvre
e o Museu do Vaticano, dois monumentos ao conhecimento humano. Mas o Museu de
História Natural de Nova York é especial. Lamento muito por não ter
levado meus filhos. Com certeza, estou obrigado a voltar com eles.
Animais empalhados e ossos pré-históricos se misturam a dados concretos
e peças que remontam a evolução das civilizações de forma extremamente
pedagógica.
Quase que como complemento ao museu, visitei a Biblioteca Pública.
Ah se em minha carreira escolar eu tivesse vivido um ambiente daquele...
Teria me tornado, por pressão do aconchego, um grande intelectual.
As salas de estudo são verdadeiros escritórios com escrivaninhas e
luminárias próprias. Dá pra se sentir um grande advogado enquanto consulta um
exemplar de "O Pequeno Príncipe" em uma mesa daquelas.
Minha mulher no Rockefeller Center |
Mas se dei lugar ao vislumbre de coisas assim, também me espantei pelas
ruas. O Capitalismo exala dos bueiros e cai das nuvens como sereno,
durante o entardecer.
Lojas como a Apple Store, toda de vidro, ou mesmo a própria 5a Avenida
na sua extensão, deixam claro o que norteia o pensamento norte americano.
Sede da ONU? Não sei, mas o
destaque é por conta do comércio vigoroso e dinheiro escorrendo pelo meio fio,
dá pra se perceber.
Se corre solto pra todos, ou para um grupo seleto de cidadãos é outra
história.
Ao lado de um grande símbolo do capitalismo mundial, o Rockefeller
Center, pude fotografar um morador de rua, portando uma plaquinha de pedido de
socorro. Aliás, vi muitos por onde passei.
Estátua da Liberdade |
Os norte-americanos também nutrem um carinho especial pela Estátua da Liberdade,
o mundialmente conhecido monumento que foi um presente dos franceses aos americanos
em comemoração ao centenário da assinatura da Declaração de Independência dos
Estados Unidos.
Seu tom esverdeado, deve-se a atuação do oxigênio e da água no cobre. Mas cá entre nós, acho que fica melhor de
verde mesmo.
Mas devo confessar que, apesar da mística em torno de sua “grandiosidade”
e simbologia, não senti uma emoção mais forte ao visita-la. Diferente de quando visitei a Torre Eiffel,
em Paris ou o corcovado, no Rio de Janeiro, por exemplo.
Mas emoção de verdade foi assistir, ao vivo e em cores, a peça O
Fantasma da Opera, na Broadway. Emoção,
não só pela beleza da obra, mas por pensar nas muitas pessoas desprovidas da
possibilidade ou da oportunidade de curtirem trabalhos culturais de peso. Principalmente no Brasil, país onde o
primeiro ato de um político ao tomar posse como “presidente” interino é a
dissolução do Ministério da Cultura. Dói na alma.
Mas a viagem foi assim, com direito a espreitar as ruas e suas
peculiaridades, bem como as cores iluminadas da Time Square, lugar que encanta
de verdade. Neste lugar a gente pode ver
as pessoas passeando, de dia ou de noite, sendo bombardeadas, mas de forma
muito inteligente, pela mídia que impulsiona o consumismo. Mas dá vontade de parar e admirar com calma.
Foi o que fiz em uma praça onde aposentados, espalhados por diversas
mesinhas, jogavam xadrez. Parecem-se um
pouco com os daqui, mas os nossos velhinhos preferem o jogo de damas.
Rua de Nova York - presença de Judeus |
Judeus, muçulmanos e outras culturas e raças, se misturam por toda parte
e nas diversas regiões da cidade. E se
fosse possível parar e gravar alguma coisa nas ruas, ou só ouvir com atenção, ficaríamos
impressionados com a variedade de línguas faladas ao mesmo tempo.
Sem falar nos pequenos países dentro da cidade. Visitei a Little Italy, um bairro do Bexiga
muito mais ampliado. Foi lá que vi
cantinas, padarias e os pequenos elevadores que se abrem nas calçadas para
trazerem pra fora o lixo dos bares e lojas.
Pensei que eram “coisas” de filmes, mas são reais e atuais.
O passeio que fiz andando, rumo à Ponte do Brooklyn, também me fez passar por Chinatown,
uma região que inclui uma grande concentração de chineses fora da China.
Não longe dali fica Wall Street e seu touro, cujos turistas se acotovelam buscando se aproximar para uma foto, ou mesmo tocar a "imagem" que, segundo alguns, dá sorte financeira.
Não longe dali fica Wall Street e seu touro, cujos turistas se acotovelam buscando se aproximar para uma foto, ou mesmo tocar a "imagem" que, segundo alguns, dá sorte financeira.
Touro de Wall Street - Símbolo do poder da bolsa de valores |
Cidade cosmopolita, não dá pra vê-la como “capital do império”, pois na
verdade o que parece é que temos ali um destes “postos” que servem como paradas
nas estradas, onde param os viajantes à procura de fôlego, para depois seguirem
seus destinos. Cada um trajando suas
experiências, histórias, frustrações e alegrias enquanto caminham por um mundo
que pertence a todos os povos.
Devo confessar que alguma coisa está mexida dentro de mim.
Não... não dá pra vestir uma camiseta com a inscrição I ♥ NY. Não chego a tanto. Mas é preciso entender que nem todas as
pessoas carregam a culpa pelo que fazem seus governantes ou dominadores.
O povo americano me pareceu meio como um extrato da sociedade mundial. Vítimas como todos nós, de um sistema
econômico que separa os Homens. Uma
amostra de cada povo, de cada cultura.
Biblioteca Pública de Nova York |
Agora, claro... como Brasileiro consciente que sou, não dá pra me
esquecer da influência americana sobre o Golpe de 64. Sobre sua forte atuação em prol das várias ditaduras na América Latina. Não dá pra apagar as ações militares e os
ataques, as invasões e as guerras sob a desculpa da defesa da paz e da
liberdade dos povos.
Na verdade, passo a pensar que os EUA é um ótimo lugar, mas que têm um
problema sério. A sua política
internacional.
Caro Carlos depois comentarei com calma as suas opiniões sobre NYC, que é uma cidade diferente inclusive dentro dos EUA. Mas você não consegue tirar de NYC uma imagem do que seja o 'american way of life". Outra vez que for procure além de NYC estar em outras cidades e, terá outra imagem. Quanto à política o americano pensa um pouco diferente de nós, seu governo é mais relatado no mundo do que nos EUA. O governo praticamente não tem influência alguma em questões internas, caso resolvesse ter o pau comeria. No final do mês estarei em SJRP depois lhe passo dicas de várias cidades interessantes de se conhecer dos EUA. Quanto aos homeless infelizmente aumenta a cada dia em qualquer metrópole mundial. De Buenos Aires, passando por Paris, Londres ou NYC, desde a década de 70 que vejo essas cidades sem exceção decaírem em seu padrão de vida.
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