domingo, 13 de dezembro de 2015

Amarras não mais

Desorientação total... é isso o que sente quem deseja entender a situação política que o Brasil está vivendo hoje.
A imprensa e a mídia, que podiam orientar um pouco a opinião geral, já deixaram claras, lá atrás, suas intenções e sua preferência.  Diante desta parcialidade indiscutível e declarada, na verdade, confessam que cumprem rigorosamente as ordens de quem as mantém.
São poucas as famílias detentoras de todo o poder midiático neste país, tendo por este grupo, redes de televisão, rádios, jornais e revistas de alguns favorecidos de outrora.
Falam quase a mesma língua e respondem a praticamente os mesmos patrões.  E isso, há muitos e muitos anos atrás.
Foi assim que ignoraram os clamores populares, invertendo a situação e dando guarida aos movimentos teleguiados que culminaram no Golpe de 64.  Obedecendo a interesses elitistas e favorecendo os financiadores "de fora", praticamente promulgaram, em conjunto com os golpistas, cada uma das medidas que ensanguentaram e cobriram de escuridão o nosso país.
Foi assim também que ignoraram outros tantos movimentos ao longo da história, não escapando apenas daqueles cuja situação era impossível ocultar, como o riquíssimo movimento pelas Diretas ou o impechment de Fernando Collor, que de novo, devemos lembrar, tem motivos que não se parecem em nada com a situação atual vivida pelo governo Dilma.
Estes grandes "barões" da informação, talvez apostem no fracasso das redes sociais ou de alguns aparelhos de livres pensantes que correm por fora com alguns instrumentos (revistas, jornais, bloques etc.) conseguindo levar um pouco de contra-ponto nas matérias veiculadas às grandes massas.
Pior ainda, pode ser que apostem mesmo é na falta de senso da população em geral, que de maneira ressonante copia algumas palavras de ordem como "fora Dilma", "não somos Venezuela", "bolivarianos", "vão pra Cuba" e outras desinteligências.
Só que tem uma coisa muito concreta... A maioria do povo do meu país já está começando a entender onde se quer chegar...
Perceberam que após as eleições, o governo tentou trabalhar enquanto a oposição permaneceu no palanque, nas praças, avenidas, nos microfones e tribunas, tentando apenas fazer campanha.    Por consequência, agravando e muito a crise econômica com um combustível extremamente "inflamável", a crise política.
Perceberam que já não importa a estes oposicionistas, se é o Aécio, o Temer ou quem quer que seja que venha ocupar o governo, desde que se o tire das mãos do PT com seu projeto, ainda que insuficiente, voltado para a classe trabalhadora (grande maioria da população).
Perceberam as contradições de líderes de movimentos que, clamando contra corrupção, trazem muitas vezes figuras comprovadamente corruptas para os holofotes, quando não, são eles mesmos, indignos do brado que dão à frente dos cordões.
Perceberam que não dá para colocar no mesmo nível, um Eduardo Cunha de uma Dilma e o fato de nenhum outro que não seja petista ter sido preso ou condenado até agora, já começa a deixar pulgas atrás das orelhas.
Foi assim que este domingo se mostrou para pessoas em geral, dentre eles alguns com quem convivo. Parentes, amigos e até meus filhos.
O que na verdade era pra fazer hoje?  Ninguém sabia.  Se marchar contra a corrupção, que fosse uma marcha voltada para todos os comprovadamente corruptos, a começar o chefe do nosso Congresso.   Se era para pedir o fim de um partido, porque marchar contra o partido que mais construiu escolas e universidades enquanto seu principal opositor tem pautado suas ações na porrada a professores e alunos da escola pública?  O PSDB começou 2015 batendo em professores e terminou o ano batendo em alunos.  Vergonha total.
Que cargas d'água fizeram com que todos os intelectuais do país, artistas e célebres cientistas e reitores tenham assinado cartas em apoio a Dilma, sendo que o que temos ouvido é o quão prejudicial ela tem sido para a nação?
Católicos e evangélicos nas suas direções nacionais mais respeitadas se uniram contra o impechment. Por que cabe aos fiéis marcharem em favor do mesmo?
Tenho certeza, foi este conjunto de dúvidas que fez com que muitas pessoas parassem para pensar melhor e usassem seu domingo em objetivos mais nobres.
Claro que houve algum protesto... Sim, com certeza há muitos partidários e interessados no contrário. Mas a grande massa está reflexiva.  Não quer ser gado.  Não quer ser manobrada.
Com absoluta segurança, esta noite algumas famílias poderosas vão ter uma péssima noite de sono.   Afinal, descobriram que não mais têm tudo sob seu controle.  E o 13 de dezembro que outrora já foi dia de péssima lembrança para os brasileiros, passa hoje a ser um dia de profunda demonstração de libertação das nossas consciências.

Um comentário:

  1. belissimo comentario amigo carlos, seria bom que muitos analfabeticos politos dessem uma lida nele.

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