sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

"De pé, oh vítimas da fome..." - Trecho do hino A Internacional

Não sei se posso ajudar, mas queria meter meu “bedelho” numa discussão que estou assistindo no facebook sobre comunismo, socialismo, capitalismo etc.
Como sempre acontece, as pessoas têm o hábito de usar como exemplos  falhos do comunismo, ou socialismo, países como Cuba, a extinta União Soviética, a China ou a Coréia do Norte.
Antes de tudo eu gostaria de comentar um pouco sobre os autores das ideias que fizeram boa parte da população mundial, lutarem pela distribuição das riquezas, pela justiça social e outros avanços, nas várias revoluções socialistas que tiveram lugar na história.
Marx e Engels com O Capital fizeram uma avaliação detalhada da sociedade capitalista, redundando numa nova visão de mundo baseada na luta de classes. 
O Manifesto Comunista, que serve de fonte para todos os partidos que se dizem de esquerda, reúne o que seriam os fundamentos de uma luta pelo fim da opressão de uns sobre outros, tendo por opressores os proprietários dos meios de produção e que empregam o trabalhador assalariado e por oprimidos os que não tendo meios próprios de produção, vendem sua força de trabalho em troca de um mínimo para tocarem suas vidas.
Em outras palavras, buscam os comunistas, constituírem uma classe trabalhadora (proletária) que tenha direito a conquistar o poder político e por consequência, democratizar os meios de produção.
Só por isso, fica claro que não existiu neste mundo, até o presente momento, nenhuma experiência verdadeiramente comunista.
Mas ainda tem mais.  Para a obtenção deste objetivo principal é necessária a derrubada de todos os limitadores do livre pensamento, quais sejam os dogmas, as verdades eternas, a dominação midiática e tudo o mais que impede a formação e ampliação da consciência desta classe trabalhadora.  Coisas que não ocorreram em nenhum lugar da Terra.
Sobre socialismo, visto como uma etapa anterior ao comunismo, penso que ninguém conceitua melhor que o escritor Oscar Wilde: “A vantagem principal da consolidação do Socialismo está, sem dúvida, no fato de que ele poderia nos livrar dessa imposição sórdida de viver para outrem”.
Ao buscar o fim da propriedade privada, não só os latifúndios ou fábricas passariam ao controle do Estado, mas diversas instituições controladoras perderiam um pouco sua “razão de ser”.
Sendo assim, não dá pra pressupormos que o socialismo chegue naturalmente.  Provocador e promotor de rupturas, o socialismo precisa ser construído.
Desde que o Capitalismo passou a vigorar, foram muitas as tentativas de revoluções socialistas, todas elas caracterizadas pelas condições objetivas de onde estavam centradas.  
Contudo é impossível se conceber, de maneira correta, a Revolução Socialista, se ela não for precedida de uma população organizada com clareza e conhecimento para determinar os rumos políticos desta sociedade.
Mais uma vez me forço a dizer que também não conhecemos neste mundo nenhuma experiência real de socialismo.
O que nos cabe perguntar é: Por que a sociedade tem tanto medo de socialismo ou comunismo, se é composta, por sua maioria de pessoas que seriam beneficiadas?
A resposta não é difícil. 
Em todo o mundo, há um número muito limitado, de cerca de 1% da população mundial que dominga e detém 80% das grandes riquezas (capital, meios de produção etc.).
Fortes e poderosos, eles não desejam nunca perder este poder e esta força.  Assim, cercam-se de todos os mecanismos que podem para evitar qualquer ameaça ao seu “lote” do “bolo mundial”.  Não tem pátria, não tem raça e não tem religião.  São apenas os "dominadores" que usam pátria, raça, religião e outras diferenças, para exercerem seu domínio absurdo e inaceitável.
Criam uma casta de “nobres”.  Mas bem inferior.  Ricos que os paparicam e sonham em ser como eles. Vivem de suas migalhas.  Vice-poderosos que ajudam a distrair as “hordas” em caso de algo dar errado, levando a culpa.  Na sequencia, constituem governos que criam, julgam e executam leis que os mantém protegidos e com “direitos” garantidos.
Logo na “camada” seguinte, vem a força policial, sempre consciente ou inconsciente, defensora dos postulados mantenedores do “status quo”.
Religião é outro marco.  População dócil, carente de salvação e misericórdia, não incomoda... não atrapalha e não se vinga à espera da justiça eterna que virá algum dia.
O controle da educação é outra grande estratégia.  Ao manipular os meios de comunicação, afastam o poder de pensamento e análise de todos, enquanto os distrai com jogos, entretenimentos vazios, numa versão estratosférica de “pão e circo” dos antigos romanos.
A classe média, confusa e sonhadora, tem sua consciência trabalhada pelas castas acima. Contribui muito para isso a imprensa, que a classe média consulta a todo momento nos telejornais e jornais impressos (inclusive revistas) promotores, quase 100%, de inverdades, da incerteza e do medo.  O jornalismo já foi chamado de “o quarto poder”, mas hoje há quem o enquadre como “o primeiro”.
Diante desta “cascata” de proteção aos pouquíssimos poderosos e da contra-propaganda  permanente contra o comunismo e o socialismo, que inclusive ridiculariza e empobrece quem pratica parte de seus postulados, como fazer as pessoas compreenderem os benefícios e vantagens desta visão avançada?
Nesta época de “internet” e de boa comunicação podemos nos livrar um pouco das amarras acima.  Mas não o faremos se ficarmos olhando de longe.  Escrever, debater e se envolver no processo político é uma das armas a utilizarmos.
Há algum tempo, bastava a “eles” combaterem os políticos de esquerda pelas ideias baseadas em Marx e Engels.  Agora, apelam para a destruição definitiva de toda a classe política para garantir.  Fazem a sociedade crer que o mundo será melhor se ficar livre dos políticos, afastando assim do exercício da política todos os que se acreditam “de bem”, deixando espaço para os que não se importam em participar da súcia em que se tornaram os partidos e as instâncias de poder.
Os gregos afirmavam que a política está no centro da construção da sociedade.  Assim sendo, se quisermos humanizar a sociedade, não podemos excluir a atividade política. 

A questão é que, a atividade política precisa se respaldar na orientação e consciência de classe daqueles que estão, completamente fora do processo de poder estabelecido, ou seja, os trabalhadores (proletários) que vivem na ponta mais baixa e esmagada da pirâmide que citei acima.

Um comentário:

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