
Vejo
os âncoras dos telejornais “empolgados” em dar notícias ruins, tentando
disfarçar um misto de dor e de “prazer”.
Não
quero dizer que se comprazam com as catástrofes, mortes, violência. Mas não posso negar que há uma certa
satisfação em seus rostos, talvez por saberem-se, naquele momento, alvos de
todas as atenções.
Com
o ibope nas alturas preenchem toda a pauta dos telejornais ou programas
matutinos e vespertinos com o depoimento deste ou daquele, opiniões deste ou
daquele, enfim, substituem de imediato o entretenimento pelo
sensacionalismo.
E
não fica uma emissora de fora desta briga ridícula.
Claro...
só sabe o quanto dói, quem está vivendo o drama. Mas cá entre nós, fica-se remoendo por dias a
fio o caso, mostrando cenas e mais cenas, velhas e novas, do mesmo fato.
Produzem-se
culpados de toda a ordem. Condenam-se
pessoas de todos os níveis, antes mesmo que a justiça possa se manifestar. Transformam-se em jurados, as massas que
acompanham os discursos (completamente sem embasamentos) dos “sensacionalistas
de plantão”, que pra piorar não são só âncoras, mas apresentadores de programas
questionáveis, dentre outros “fazedores” de opinião.
E da
mesma maneira que estas manifestações ocorrem em casos coletivos como tragédias
de alto grau de dor ou importância, são abordadas notícias sobre questões
individuais, processos em discussão ou mesmo casos de interesse particular.
Disparates...
O tempo todo.
Me lembro
que vi nos jornais, anos atrás, num mesmo dia, a entrevista coletiva de um conhecidíssimo
corrupto de nossa política nacional no Aeroporto de minha cidade e também uma
cobertura completa de sua participação em uma reunião na Câmara Municipal repleta
de partidários que ocorreu na sequencia.
Na página seguinte, o mesmo jornal anunciava a prisão de um pai de
família que roubara um salame em um supermercado local.
A
diferença estava na abordagem.
A
reportagem sobre o político nada mencionava sobre os supostos dólares que o
mesmo aplicara no exterior, sua conduta acompanhada por autoridades
estrangeiras ou mesmo dezenas de fatos narrados por outros veículos que
atestavam a má reputação deste político que incluía superfaturamento, desvio de
divisas e outras “atrocidades”. Mas a
matéria sobre o “ladrão de salames” trazia até comentários de parentes que,
entrevistados, diziam que ele já tinha uma conduta estranha e suspeita. Moral da história, ninguém apurou o motivo
pelo qual se rouba um salame e já se condenou o coitado às galés (ainda que não
fosse preso, vá arrumar emprego com um barulho destes). Enquanto isso, o do colarinho branco, foi
ovacionado pela “opinião” pública.
Veja, não estou liberando o homem do supermercado, de suas responsabilidades. Mas estou fazendo uma análise sobre a conduta do veículo de informação, que deixa passar "em branco" um já esclarecido caso de corrupção, mas não dá folga para um caso, talvez clássico, de roubo por necessidade. Vai saber, né?
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