O ato de escrever ou manter um blog é, com certeza, um ato de vaidade. Mas também, pelo menos no meu caso, trata-se de uma forma de desabafar.
É bem isso o que vou fazer agora.
Moro num condomínio, ou como preferem muitos, em um núcleo urbano, cujo principal atrativo é a natureza. (árvores, pássaros, bichos que por aqui passam dando um ar meio bucólico naquilo que seria um oásis em plena cidade). Meus filhos, pais, mulher e eu mesmo amamos este lugar. É nosso pedaço de céu e quantas oportunidades de sair tivemos e não o fizemos.
Nem sempre foi assim. Houve épocas em que festas e badaladas noitadas de algumas unidades alugadas só para este fim, tumultuavam e quebravam o sossego de gente que, como eu, mora ali e trabalha todos os dias.
Também houve momentos em que o núcleo era aberto e a segurança precarizada. Se é verdade que nunca houve excessos, também é verdade que houve invasões de domicilio e atualmente, por exemplo, seríamos alvo fácil de especialistas em roubos deste tipo de lugar.
Não vou entrar noutros méritos. Não quero falar sobre a administração financeira ou burocrática de antes. Já me bastam os motivos elencados.
Uma diretoria séria, austera e não tão simpática, gerencia há algum tempo e o faz com a firmeza necessária em um lugar onde boa parte busca, como a maioria dos brasileiros, dar um jeitinho nos seus pequenos problemas. A necessária dureza dos atuais administradores, tem posto "ordem na casa".
No entanto, esta diretoria vem sofrendo há algum tempo, algumas retaliações, oposições, o que até seria normal se a causa fosse nobre. Mas trata-se, ao meus ver e ao meu entender, de questões meramente pessoais, juntando um misto de vaidade, orgulho e vontade de voltar a certos padrões de antigamente. Tenho o direito de acreditar nisso. E o que tenho visto?
Pessoas titularizadas, pessoas de certa idade e até de certa notoriedade na sociedade, de repente se juntando com outros, nem tanto comprometidos com o bom companheirismo, para vaiar, gritar, bater palmas e destemperar no pior estilo política estudantil em plena assembléia de moradores, que deveriam ser amigos ou minimamente respeitosos uns com os outros.
Foram diversas as vezes que gente muito boa, abandonou os locais de reunião por conta deste formato grosseiro de se manifestar. Houve momentos em que acariações, acabaram por abater um pouco um grupo formado para tentar impedir uma importante obra do local, qual seja sua nova portaria.
Ganhar, perder, governar e se opor, são fatores compreensíveis dentro de qualquer situação política. Mas o que tenho visto, não se compara a mais nada. Só vi coisa igual quando disputei com amigos o Grêmio Estudantil nos idos de 80. Por isso estranhei.
Bem. A diretoria atual, perdeu por dois votos. Lamentavelmente, todo um estardalhaço foi feito e muita gente boa se foi antes da votação. Ou seja, ganha-se, mas não de forma tão feliz. Mesmo assim, fogos foram soltos como se fosse o fim de uma guerra, a vitória de um grande prêmio ou o que o valha.
Fica o pensamento: Será que este grupo sabe bem o que é administrar o ambiente onde crescem crianças, idosos repousam e gente boa convive? Será que sabe que ganhar com tão pouca diferença, ao contrário de merecer fogos, merece uma boa reflexão? Será que pensam que ser da direção de uma associação lhes dará o direito de modificar o espaço físico em que tanta gente tem hoje depositado sua confiança?
Propriedades se valorizaram. Não existe entulho pelas ruas. Há um relacionamento amistoso com o poder público que torna a vida ali um pouco mais fácil. A natureza está firme e novos ricos desejosos de morar em Dahmas alternativos, têm sido multados por achar que podem devastar para construir seus pequenos palácios.
Estaremos de olho. Até por que quando se ganha em silêncio, não se chama tanto a atenção para esta gana enlouquecida de se ter as chaves de uma sala administrativa nas mãos.
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