Me lembro até hoje de um momento singular. Fui com um amigo visitar um colega de
trabalho que nos era comum.
Este colega acabara de sair de uma cirurgia na qual
havia extirpado um tumor “maligno” do intestino. Os próximos passos seriam um tratamento
pesado à base de fortíssimos remédios e outros procedimentos incômodos, mas que
serviriam de esperança para a solução definitiva de seu caso.
Meu amigo, não hesitou em dizer ao esperançoso
paciente, que conhecia casos semelhantes, em que o tratamento seria terrível de
suportar e não adiantaria nada.
Entre esconder-me debaixo da cama ou dar-lhe um soco
na cara, preferi o silêncio covarde. Mas
tentei depois devolver um pouco de esperança ao colega recém operado,
lembrando-o que também eu tirara um tumor anos atrás e conhecia centenas de
pessoas que ainda estavam tocando suas vidas com a maior naturalidade.
Em momentos de fragilidade, nada é pior que escutar a
palavra errada, principalmente de alguém que não é especialista no assunto,
tampouco interessado no nosso sucesso.
Para este meu amigo “agourento”, a visita ali era apenas o cumprimento
de um ritual.
Em atitude parecida, um incontável número de pessoas,
hoje em dia, se vale de jogar sua frustração pessoal nas costas de alguém. Incapazes ou inábeis em determinado tipo de desempenho,
estas pessoas preferem eleger um culpado pelo seu mal sucedimento e depois, o
ideal ainda é que esta culpa seja avalizada por todos os demais
infortunados. E se não houver infortunados
suficientes, gerar alguns sempre será vital para o fortalecimento desta prática
desonesta: a desmotivação.
Vele tudo.
Grupos de WhatsApp, e-mails, visitas, telefonemas, artigos no jornal,
publicações em sites de reclamações ou mesmo a proliferação de mentiras ou
potencialização de problemas em detrimento a uma correta busca por soluções e
respostas.
Falo isso com conhecimento de causa. Corretor de Seguros há 26 anos, estou também ligado ao Mercado de Franquias
há 17 anos.
Tenho visto em grandes redes e marcas, algumas famosas
e indiscutíveis do ponto de vista do sucesso, o desabafar de franqueados, quase
sempre “os que não estão dando certo”, em grupos de conversa e convenções. Geralmente, não se limitam a reclamar, mas
buscam atrair para a insatisfação, aqueles que mantém uma certa convicção no
negócio e promovem uma luta diária contra os desafios.
Dias atrás, reunido com alguns franqueadores, todos
pareciam concordar que deviam acrescentar em seu contrato de franquias, uma
cláusula mais dura afim de coibir esta prática negativa. Mas alguns acreditam que deixando “correr
frouxo”, acabamos por permitir uma seleção natural entre os mais fortes e
dedicados. Ainda não formei opinião
sobre, até porque enfrento este problema em menor grau do que outros que vi por
lá.
O fato é que precisa ficar sempre muito claro que o
sucesso ou fracasso nos negócios, não passa por Deus, pelo Governo ou pela
franqueadora, mas pelas mãos do próprio protagonista do negócio, ou seja, o
franqueado.
Há uma rede que afirma categoricamente que apenas
cumpre a lei. “Ao vender uma franquia,
dou direito ao uso da marca e um treinamento inicial. O resto é por conta do franqueado”. Segundo este gestor, as redes que mais sofrem
queixas são aquelas que se propõem a oferecer mais suportes.
De qualquer modo e voltando ao assunto que me levou a este
registro, a ação nociva de “trazer para as trevas” quem insiste em caminhar na
luz, também beira a um comportamento de mau caráter.
Quando não estou bem, devo procurar resolver o meu
problema e não arrastar outros para partilharem dele e me ajudarem a achar um
culpado.
Acho meio parecido isso com aquele cara que sempre
bebe nas festas e não fica feliz em se entupir de bebidas. Quer carregar meia dúzia com ele e fica
enchendo os copos alheios e brigando com quem não bebe.
É como o adolescente envolvido com drogas, que ao se
ver na lama, não sossegará até arrastar para lá seu melhor amigo.
Enquanto colegas do franchising estudam a
possibilidade de processar e incriminar os “urubus” de plantão, eu tenho
buscado fazer o contrário, mostrando nas mensagens oficiais e coletivas de que
há duas portas na vida. Uma que conduz
ao êxito e outra que conduz ao fracasso.
Um amigo franqueado me escreveu hoje e depois de
afirmar que não aguenta mais um grupinho de maus profissionais reclamando o tempo todo num grupo, me
emocionou afirmando: “Suas palavras nos e-mails são fortes e
animadoras, mas alguns insistem em olhar apenas para a mancha de tinta que
ficou no canto da mensagem. Fazer o que”?
Acho que é isso mesmo.
Só pra encerrar meus comentários, aquela visita ao hospital se deu há 11 anos e meu então colega (paciente), agora amigo, trabalha firme e sustenta 2 lindas filhas com energia de um touro e sequer se recorda das agruras que viveu naqueles dias de sua doença.
Acho que é isso mesmo.
Só pra encerrar meus comentários, aquela visita ao hospital se deu há 11 anos e meu então colega (paciente), agora amigo, trabalha firme e sustenta 2 lindas filhas com energia de um touro e sequer se recorda das agruras que viveu naqueles dias de sua doença.