Certa
feita, quando participava do GRUPO GEAPOL – Grupo de Estudos e Atuação
Politica, ligado à Igreja Católica em São José do Rio Preto, fizemos uma “Noite
dos Talentos” onde cada um de nós iria mostrar seu lado artístico para os
demais componentes.
Na
oportunidade eu declamei um poema de Michel Quoist, chamado: Tenho Tempo,
Senhor.
O
primeiro parágrafo do poema diz: “Toda a
gente se queixa de não ter tempo bastante. É que olham a vida, a sua vida, com
olhos humanos demais. Há sempre tempo para fazer o que Deus nos dá a fazer. Mas
é preciso estar totalmente presente em todos os instantes que Ele nos oferece”.
E
a última estrofe do poema ilumina: “Peço-te
a graça de fazer, conscienciosamente, no tempo que me dás, o que queres que eu
faça”.
Parece
incrível, mas hoje, se alguém me perguntar qual é o meu maior problema, eu
responderei sem pestanejar que é a falta de tempo.
Já
cheguei a comentar com minha mulher que tudo o que eu queria agora, era que o
dia passasse a ter 36 horas, ou então que não sentíssemos a necessidade de
dormir.
Acordo
às 6h, preparo os filhos para a escola, alimento os nossos “pets”, me dedico à
higiene pessoal, me atualizo nas notícias, faço um desjejum muito light e saio
para o trabalho. Às 7h30 já estou no
escritório, de onde só saio às 12h15, mais ou menos, sem ter concluído um só
assunto de minha agenda. Almoço e quando
não há mais novidades do tipo dentista dos filhos ou qualquer outro compromisso
inesperado, volto ao escritório para adiar mais alguns compromissos da
agenda. Só quando volto para casa,
consigo responder as mensagens de e-mail e tantas outras pendências que
sobraram do dia.
Quase
nunca há tempo de partilhar a companhia dos filhos no sofá da sala e nos finais
de semana, ritual parecido se repete.
Pra
piorar, aquele sentimento de que há armários para se arrumar em casa, aquela
torneira pingando para apertar, o carro para lavar e por aí vai. E não dá tempo. Nunca.
Pra nada.
Amo
política e não tenho arrumado tempo de ir ao partido. Gosto de militar em grupos ou pequenas “comunas”,
mas não tenho tido tempo.
Preciso
ler, cantar, sorrir, ver amigos, passear, FAZER EXERCÍCIOS e brincar com meus
filhos.
Quando com 40 anos tive um AVC. Um aviso do
organismo para os perigos do estresse e uma segunda chance da vida. Mas, passados sete anos, continua tudo igual.
Quando
é que vou crescer? Quando é que vou
finalmente fazer o que é preciso dentro do tempo que disponho?
“...Assim
correm todos os homens atrás do tempo, Senhor. Passam Correndo pela Terra. Apressados,
atropelados, sobrecarregados, enlouquecidos, assoberbados.” – Diz Michel Quoist em seu poema.
E vai além: “Nunca chegam, falta-lhes
tempo. Apesar de todos os esforços, falta-lhes tempo. Falta-lhes mesmo muito
tempo.”
Que
doideira. Queria ser jornalista, mas
iniciei uma faculdade de direito. Fiz o
primeiro e segundo anos. Abandonei e
comecei de novo... Fiz o primeiro, o segundo e o terceiro de direito novamente... Abandonei de
novo. Só depois de velho me formei em
Administração Pública. Mas eu não queria jornalismo? Não foi falta de tempo, foi mau uso do tempo.
Me
tornei um “workaholic” pra correr atrás do atraso. Mas deixei de lado toda a parte boa da
vida. É como alguém que devorando de
forma sublime um osso, esqueceu-se da carne.
Profissionalmente,
financeiramente, agir assim fez a diferença.
Não dá nem pra aceitar que alguém chame de sorte, mas todas as
oportunidades nos últimos seis anos foram agarradas à unha, com coragem,
seriedade e comprometimento. Mas e o
restante?
Eu
que não quero um outro aviso da vida, do corpo ou de quem quer que seja. Quero por conta própria descobrir que o tempo
foi feito para o Homem e não o Homem para o tempo.
Quero definitivamente aprender que
é preciso ter hora pra tudo e fazer tudo dentro da sua hora.
Preciso
trabalhar nisso, dentro de mim.
Quem sabe assim consigo concluir o poema como seu próprio autor.
“Tenho tempo, Senhor. Tenho todo o meu tempo. Todo o tempo que me dás. Os anos da minha vida, os dias dos meus anos, os minutos dos meus dias. São todos meus, cabe-me a mim preenche-los, tranquilamente, calmamente... Mas preenche-los inteirinhos, até a borda.”
Quem sabe assim consigo concluir o poema como seu próprio autor.
“Tenho tempo, Senhor. Tenho todo o meu tempo. Todo o tempo que me dás. Os anos da minha vida, os dias dos meus anos, os minutos dos meus dias. São todos meus, cabe-me a mim preenche-los, tranquilamente, calmamente... Mas preenche-los inteirinhos, até a borda.”
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