Conforme recebi do amigo Cesar Vieira, poema de
Affonso Romano de Sant'annaImplosão da mentira
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
Mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impunemente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacionalmente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eternamente.
Mentem.Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.
Mentem, mentem, mentem.
E de tanto mentir tão bravamente
constroem um país de mentira
—diariamente-.
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