quinta-feira, 28 de julho de 2011

Mentira

Conforme recebi do amigo Cesar Vieira, poema de
Affonso Romano de Sant'anna

Implosão da mentira


Mentiram-me. Mentiram-me ontem

e hoje mentem novamente. Mentem

de corpo e alma, completamente.

Mentem de maneira tão pungente

que acho que mentem sinceramente.

Mentem, sobretudo, impunemente.

Não mentem tristes. Alegremente

mentem. Mentem tão nacionalmente

que acham que mentindo história afora

vão enganar a morte eternamente.

Mentem.Mentem e calam. Mas suas frases

falam. E desfilam de tal modo nuas

que mesmo um cego pode ver

a verdade em trapos pelas ruas.



Sei que a verdade é difícil

e para alguns é cara e escura.

Mas não se chega à verdade

pela mentira, nem à democracia

pela ditadura.

Mentem, mentem, mentem.

E de tanto mentir tão bravamente

constroem um país de mentira

—diariamente-.

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