Quem sou eu para falar da teoria de Marx ou para defender o
socialismo e a revolução, único modo de alcança-lo.
Sou da Classe Média, dono de empresa, sou cristão (tento ser
até praticante). Gosto de passear em
shoppings, vejo televisão, por vezes até a Globo. Leio revistas, não chego a ler Veja, mas leio
Super Interessante e outras da Ed. Abril.
Não tenho uma formação acadêmica invejável, não sou operário, nem camponês. Já fui filiado a alguns partidos, sendo boa
parte destes, de centro, mas quase todos, reformistas. Voto em Lula e Dilma, com certeza. Minha veia revolucionária é a de
simpatizante.
No entanto, penso que de quando em quando, um palpitezinho
aqui, uma conversinha ali, até ajudam a causa revolucionária. Na pior das hipóteses, defendo-os perante
amigos, parentes. Reproduzo boas
matérias, bons e-mails, já criei grupos de debates, gosto de ler livros sobre
Materialismo Dialético, sempre admirei muito mais o vermelho que o verde e
amarelo. Faria Ciências Sociais se
tivesse possibilidade de me dedicar aos estudos. Consigo aglutinar e mobilizar pessoas quando
se precisa. Leio Galeano, admiro Fidel,
Chavez, emprestaria minha casa, minhas roupas e meu tempo pela defesa da
liberdade de expressão, de pensamento, de culto etc.
Enfim, penso que, se não represento grande risco à direita,
por outro lado adoraria ver a esquerda verdadeira no poder. Entendo que a Social Democracia só atrasa o
processo e que o Socialismo é, sem dúvidas, a mais perfeita Relação Social. Entendo que ainda não houve no mundo um
socialismo real, que representasse na íntegra a proposta original. A proposta da grande pátria mundial, sem
amos, sem exploração. Afirmo sem medo
que o Capitalismo está caindo de podre, mas graças a ele será possível o
atingimento do próximo degrau da evolução humana, representado no socialismo.
Tanto sei disso e de tal forma o sei, que também sei que o
atingimento do Socialismo depende de três colunas mestras a compor as condições
objetivas de seu alcance: teoria revolucionária, sujeito revolucionário e
situação revolucionária.
Vivemos nos dias presentes, condições muito especiais. Hoje é possível substituir no trabalho, seres
humanos em condições subumanas, por máquinas.
É possível diminuirmos o tempo de serviço (redução de jornada) sem prejudicar
a produção ou o atendimento das necessidades básicas da humanidade. As mobilizações e níveis de consciência, em
que pese muita coisa estar ainda desordenada, nunca foram tão propícios,
oferecendo um momento histórico valioso para mudanças.
No entanto, o sujeito revolucionário, que hoje se mistura
inclusive em massa, na Classe Média, precisa ser ligado à teoria
revolucionária. Pois só assim
completa-se o círculo, o tríduo necessário que compõe as condições objetivas.
E a teoria revolucionária existe. Fortemente impregnada de grandes verdades e
capaz de mudar realmente o rumo das coisas.
No entanto, verifico dois graves problemas e se quem me lê
não estiver nem aí, tudo bem. Mas devo
dizer, pois como simpatizante da “causa”, aquilo que me atinge de leve, tem o
efeito de uma bala de canhão em tantos outros não tão simpáticos como eu.
O primeiro tem a ver com a didática, a linguagem desta
teoria. Quase sempre formulada por
grandes intelectuais, estudantes dedicados e outros que tiveram a possibilidade
de estudar ou viver em um ambiente propício a estas idéias, são inaudíveis,
incompreensíveis e inatingíveis a tantos outros componentes das massas que se
quer compreendem o básico, quanto mais abstrair a informação em sua
essência. Enquanto não houver uma
adaptação desta linguagem, ela continuará sendo privilégio de poucos. Não abraçará as massas, não atrairá mais
adeptos e prosseguirá sendo rechaçada por tantos.
Não bastasse, boa parte dos defensores da teoria
revolucionária, são incapazes de ter a sensibilidade necessária para lidar com
o senso comum (que os aborrece profundamente), com a religiosidade das pessoas
e com o apego a padrões de educação e comportamento que foram ministrados ao
longo de uma vida inteira e que perpassou diversas gerações de uma mesma casa.
Vejo consternado discursos agressivos de defensores do
socialismo contra a fé, contra equívocos cometidos ou discursos (não maldosos)
oriundos da formação distorcida das massas.
Isso, ao contrário de aglutinar, afasta.
Ao contrário de conquistar, causa repúdio. Ao contrário de contaminar, gera vacinas.
Combater veementemente a figura e a visita do Papa e negar as mudanças sensíveis que ele já propõe no seu início de mandato, tendo convocado uma comissão para investigar o Banco do Vaticano, a Imobiliária mais poderosa do planeta e criado inclusive um corpo de Cardeais para reavaliar a Teologia da Libertação é descartar logo de cara a simpatia dos milhões de católicos brasileiros.
Combater veementemente a figura e a visita do Papa e negar as mudanças sensíveis que ele já propõe no seu início de mandato, tendo convocado uma comissão para investigar o Banco do Vaticano, a Imobiliária mais poderosa do planeta e criado inclusive um corpo de Cardeais para reavaliar a Teologia da Libertação é descartar logo de cara a simpatia dos milhões de católicos brasileiros.
Da mesma forma, apoiar a deposição de Dilma, criando de forma inconsequente e factual o avanço do "tucanato", afasta os componentes de uma base considerável da massa trabalhadora.
E se estes agentes da revolução não estão preocupados com isso, então os verdadeiros inimigos da revolução não são a classe média, a mídia corrupta e deformadora, mas eles próprios que envoltos na redoma da “perfeição”, não conseguem descer ao nível daqueles que serão (em número) os sujeitos responsáveis pela grande mudança.
E se estes agentes da revolução não estão preocupados com isso, então os verdadeiros inimigos da revolução não são a classe média, a mídia corrupta e deformadora, mas eles próprios que envoltos na redoma da “perfeição”, não conseguem descer ao nível daqueles que serão (em número) os sujeitos responsáveis pela grande mudança.
Traduzindo na minha modesta linguagem nada acadêmica, pouco
teórica e menos ainda “esquerdista”, gostaria que a revolução se desse em
espírito, em verdade, numa luta que atrai, une, transforma.
Pois o grande Marx, com certeza, defendeu sempre o
socialismo como sendo a sociedade mais justa, mais humana e mais igual.
E se é igual, não tem castas, não só de magnatas e ricos em
contrário a pobres e miseráveis, mas também de mentes iluminadas em contrário a
meros instrumentos.
Esta é minha opinião.