sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Novo Cenário.

No último dia 11 de setembro, o PT lançou, oficialmente, Fernando Haddad como candidato a presidente da república no lugar de Lula que não pode concorrer por ter sido condenado em segunda instância por "crime" de corrupção.  Como vice, nessa chapa que tem Haddad à frente, está a gaúcha Manuela d'Ávila do PCdoB, um velho aliado do partido dos trabalhadores.
Dias antes, véspera do feriado de 7 de setembro, o candidato Bolsonaro, do PSL, havia sofrido uma facada no abdômen.  Conhecido por suas ácidas defesas à ordem pela violência do Estado, um estranho nacionalismo que presa as fronteiras, mas ao mesmo tempo presta culto à bandeira Norte-Americana e por fim dono de um manifesto desprezo às minorias, pode-se dizer que o candidato Bolsonaro se coloca ao extremo da direita, num quase fascismo.
Apostava-se que essas duas situações novas poderiam alterar muito os resultados finais dessa campanha eleitoral.
Já bastante tumultuadas, com a prisão de Lula em início do ano e depois com a falta de fôlego dos candidatos tidos por "direita", que não decolam nas pesquisas de intenção de voto "nem com reza brava",  as eleições presidenciais desse ano, com esses fatos novos iriam mudar completamente.
Contudo, se mudanças se apresentaram, elas foram ainda mais desfavoráveis aos que odeiam a esquerda no país.
Ao contrário do que se imaginou de início, o candidato ferido não evoluiu nas pesquisas ao ponto de representar ameaça de vitória em primeiro turno, mas pelo contrário, teve sua rejeição ampliada.
Já Ciro Gomes, candidato pelo PDT do falecido Leonel Brizola, subiu bastante e chegou a ofuscar os primeiros instantes do anúncio do substituto de Lula.
Haddad, por sua vez, recém encarado como candidato de fato, já desponta entre os três primeiros colocados na última avaliação.
Cordiais entre si, Haddad e Ciro caminham emparelhados e para cima.  Assim, o que antes a esquerda temia, que era ter que votar em um candidato de direita para barrar a extrema direita, agora passa a ser temor da direita, ou seja, ter que votar em um progressista de centro esquerda, para barrar um petista, no meu entender também de centro esquerda.
Mas esse, pelo menos pra mim, se consolida no melhor cenário possível até o momento. Ficar no segundo turno entre Ciro e Haddad.
Sei que muita gente não comunga dessa minha visão.
Dias atrás, em um encontro profissional com colegas de minha categoria, fui "linchado" por manifestar essa preferência.  É que me lembro de como foram meus primeiros 32 anos de vida e como foram os 12 seguintes.  Muita gente, ou está numa faixa etária que desconheceu o que era o Brasil dos militares, de Sarney, de Collor e FHC, ou então pertence a um grupo com memória muito fraca e que de algum modo não acompanhou estatísticas concretas da evolução do poder de compra da população, da empregabilidade do país ou mesmo do "mapa da fome" no qual nos encontrávamos antes da era PT. Esses mais velhinhos, também por certo não se atentaram para o fato de que antes qualquer corrupção ou desvios eram varridos para debaixo dos tapetes, prática que os governos de Lula e Dilma aboliram, manifestando e publicizando tudo o que era preciso denunciar e investigar, mesmo que para isso, aliados fossem encontrados com a "boca na botija".
O fato é que, sempre e em toda parte do mundo, após um certo período de governo da esquerda, a direita volta com tudo como a exigir seu antigo posto.  Pra isso, se valem de todos os mecanismos e super estruturas disponíveis na sociedade, o que inclui a mídia oficial, órgãos do sistema jurídico e mesmo os braços da república, como o próprio congresso (ou parlamento).
Ao reclamar essa devolução do poder, no Brasil da era Dilma, a direita tentou o legalismo da participação eleitoral.  Derrotada, foi ao que chamamos no futebol de "tapetão".  Paralisou o trabalho do executivo, despejou pautas bombas no Congresso e alijou completamente a defesa da economia do país, agravando sua crise iminente com uma crise política sem precedentes.
Por certo os artífices desse golpe ensaiado e tão bem aplicado, responderão aos "infernos" pelas pessoas que desgraçou com o violento aumento do desemprego, da fome, da miséria e da castração aos parcos avanços sociais amealhados pelos governos, não poupando nem a era Vargas, com a recente destruição dos direitos trabalhistas.
Não consigo crer então, com muita facilidade, que esses articuladores "das trevas" abrirão mão, tão facilmente, do poder que detém apenas com base em resultados eleitorais que possam devolver ao povo, uma representação legítima.
A perseguição descarada e sem precedentes ao ex-presidente Lula e qualquer outro que ameace voltar ao governo por vias naturais, prova claramente que muita "água ainda poderá rolar por baixo dessa ponte" antes que um petista volte ao governo do Brasil.
Mas se a festa da democracia prosseguir, e nada ocorrer, somente urnas fraudadas impedirão a posse de um representante da classe trabalhadora.  E é justamente por isso que fico animado ao ver dois candidatos de perfil tão próximo rumarem juntos para esse confronto final.
Se um sofrer uma emboscada, ainda haverá o outro.  O tempo é curto para tirar dois da jogada de forma sub reptícia, seja pelo envolvimento fictício a processos de corrupção, seja por aviões "caídos" em plena campanha.
Bem preparados, homens de confiança do próprio Lula e vigorosos defensores dos direitos em favor dos "menos favorecidos", Haddad e Ciro representam o bom senso, a ética e a factível retomada dos projetos interrompidos.
É por isso que vou torcer e farei, ao meu modo, o que puder para esse resultado.  Primeiro defendendo Haddad e Manuela, substitutos diretos do próprio Lula e depois, se for o caso, lutando por uma unidade entre esses e o pedetista contra qualquer outra possibilidade que se apresentar de última hora, mesmo que em flagrante repetição tática "do golpe" que prossegue.
Geraldo, Marina, Meirelles e outros ungidos do "sistema" não passarão e a extrema direita talvez não tenha, ainda pelo menos, encontrado sua vez no país consagradamente democrático, respeitador de acordos internacionais e promotor do diálogo.



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