domingo, 5 de agosto de 2018

A caça como resultado da ancestralidade. Concorrência e disputa.

Não tenho uma formação acadêmica voltada para a antropologia.  Por isso, tudo o que eu traçar nessas linhas, são cogitações.
O fato é que nós, os seres humanos, somos muito complexos e penso que essa complexidade resulte de vários fatores, como ambiente, criação, religiosidade, DNA e talvez, quem sabe, da nossa condição histórica ou evolução, levando-se em conta a ancestralidade.
Ninguém duvida.  Nos primórdios competia à raça humana caçar, todo o tempo, se quisesse sobreviver.
Como integrante dessa raça, trago em mim essa característica.  Mesmo contrário a qualquer tipo de caça animal ou esporte que promova o sofrimento destes, tenho sangue nos olhos quando o assunto é "buscar o que se quer".
Por isso acho que me dou bem no mundo dos negócios e na política.  Trago em mim esse dom, essa vocação, qual seja a de caçador.
Negócios e política são dois assuntos que me atraem bastante.  E por que será?
A disputa e a concorrência me dão um certo conforto n’alma, como que se atendessem a esse apelo intrínseco ao meu caráter.  Me faz bem, enfim e me motiva ter que correr atrás, todos os dias, para conquistar algo.  Ou seja, caçar.  E isso me impulsiona.  É o que me faz, seguir em frente.
Esse texto vou partilhar com amigos.  Também vou publicá-lo.
Tenho usado um blog ao qual denominei “Fazendo Autocrítica” porque preciso dividir minhas ideias.  Eu escrevo como que promovendo uma catarse por meio da clarificação de meus pensamentos e o desnudar de minhas opiniões ali, "no papel".
Também é porque não sei analisar e pensar sozinho.  Preciso então conversar com alguém, além de minha própria consciência, mesmo que a resposta só apareça depois, voluntariamente e silenciosa, diretamente na minha mente.  Só pra mim.  
Experimentei a leitura, muito cedo em minha vida. Aprendi depois que escrever em seguida à leitura, seja para alguém, seja para mim mesmo, causa esse efeito salutar em meu cérebro.  Uma "discussão" comigo mesmo que precede as conclusões.  Escrevendo, mesmo que ninguém leia, estou debatendo.  Se isso, por si só, não explica a criação do blog, então fica a ideia de que, tendo sonhado em ser jornalista e não perseguido esse objetivo ao seu termo, pratico-o amadoramente dessa maneira.  Não importa.  No fim, serve pras duas coisas.
Mas mesmo com a prática ou tentativa da dialética, gosto de concluir, no final de tudo, que estava certo. Pode? 
Essa competitividade é assustadora e não muito conciliadora com meus projetos pessoais.  E vem de onde, então?  Aí que está.  Eu acredito que da minha (e sua) natureza humana como caçador.
Ser descendente de caçadores, de pessoas que precisavam correr e agarrar uma presa para se alimentar e se manter vivas é condição humana incorrigível e ponto.  Ainda que no mundo das palavras, das ideias.
Outra coisa.  A vida pacata, tranquila e sem desafios extras, não tem graça para mim. Talvez é o que me faz não guardar dinheiro, gastar além do que ganho, ou aceitar convites dos quais me arrependerei em seguida.  Provocar debates polêmicos e participar de partidos políticos, associações, sindicatos e outros grupos em que a disputa está sempre presente também me atrai.
E se uso da subjetividade nessa análise é porque não tenho certeza de nada.  Tudo o que sei é que vivi tentando me provar capaz, dinâmico, inteligente, forte, o tempo todo.
Bem característico de quem é competitivo.
O exercício dessa disposição inata por caçar me faz levantar da cama, desafiar as condições físicas, que nem sempre são favoráveis e ainda enfrentar o desconforto das dificuldades naturais para se tocar um negócio, ou militar na política.
Quero destacar nesse "debate" no entanto, os negócios, minha condição como empresário.
Sobre isso, não bastassem as reais barreiras para um empreendedor sobrevier nesse país, juntam-se a elas as peculiaridades do próprio negócio e por fim os ataques permanentes da concorrência.
Ora fruto do desmedido avanço de tecnologias substitutas do nosso trabalho, ora fruto das boas condições atingidas que nos colocam à frente e visados, o “matar um leão por dia” nunca foi tão necessário como agora.  De qualquer modo, o que não dá é pra descansar, sequer piscar os olhos.  E quer saber?  Isso é bom.
Sou Corretor de Seguros, uma profissão ameaçada por diversos fatores que vão da prática do negócio por parte de bancos e grandes redes de lojas, até mais recentemente, de forma direta pela internet.  Isso tudo me levou a criar mecanismos de sobrevivência via fortalecimento da classe. Unindo pequenos agentes num forte conglomerado, nos tornamos, há cerca de 4 anos, uma rede de franquias que vem amealhando seu lugar no Mercado com êxito, sem perder o respeito e a qualidade do trabalho.
Mesmo assim tem sido necessária a busca permanente de novidades e novas maneiras de atuação que correspondam aos apelos de uma clientela cada dia mais exigente e esclarecida.
Ainda temos enfrentado muitas situações para as quais não estávamos prontos, mas que agora nos obrigam a viver em alerta, vitamina fundamental para se crescer ainda mais ou se consolidar numa boa posição, quando o assunto é negócios.
Vou dividir essas ocorrências em pontos. 
Ao primeiro chamarei de “capacitação insuficiente”.  Isso mesmo.
Com o crescimento do negócio, necessidade de agilidade e mais assertividade, a busca por pessoal qualificado é vital, ao passo que encontrar essa turma não é tão simples.  Bons profissionais, nessa área, por certo estão empregados e quem os detém não os libera pura e simplesmente. Assim, contamos sempre com nosso pessoal qualificado, para que ajude no treinamento e potencialização dos demais.  Não raro esse aprendiz, ao atingir o ponto de eficácia é abordado pela concorrência, ou mesmo por parceiros de negócios, no nosso caso as seguradoras, que com o mesmo problema de encontrar alguém preparado, passam a pescar em nosso aquário. 
Minha avó sempre dizia uma frase quando eu perdia um amigo, uma namoradinha ou mesmo um bichinho de estimação:  “Deixe livre quem quer partir.  Se voltar é porque se sente parte do nosso convívio.  Se não voltar é porque nunca esteve aqui de fato”.  Sei lá, coisa de europeus “frios”.  Mas no fundo é assim mesmo.  Mulher sábia.
Jamais cobrimos uma oferta e jamais insistimos para que fique conosco aquele colaborador que recebe uma proposta de trabalho.
A pessoa devia medir as condições que fazem do “estar conosco” uma vantagem.  Ambiente, salário, benefícios, capacidade de crescimento, posição da empresa no cenário nacional etc.
Se essas coisas não pesarem na sua decisão, provavelmente o que a move é então, realmente, só o salário.  Uma vez coberto, virá outra tentação e depois outra.
O segundo fator de combate do nosso dia a dia é a expectativa das pessoas que compõem nosso “hall” de associados, ou seja, os franqueados.
Quando alguém compra uma franquia (uma empresa, um negócio), traz consigo uma expectativa.  Quase sempre a de ser patrão de si mesmo ou chefe de alguém.
Bem, o que devo dizer sobre isso?  Se você não era um bom funcionário, precisa avaliar.  Como patrão, vai conseguir dirigir aquele “funcionário interno” que traz consigo?
Quais eram seus problemas enquanto empregado?  Dificuldade de acordar cedo, de produzir, de se concentrar, de cumprir regras e atingir metas, de se dedicar mais e além do esperado, ou o que?
Sim, pois como patrão ou patroa de si mesmo é de alguém com todas essas qualidades que vai precisar.  O dono de um negócio próprio tem que ser o primeiro a chegar e o último a partir.  O que mais se dedica e o que mais segue as regras do negócio.  Deve enfrentar todas as adversidades do dia para atingir seus objetivos e metas e essas adversidades muitas vezes exigirão uma dedicação anormal.
Ter uma franquia ou “negócio próprio” não garante sucesso ou resultados positivos se esse empreendedor não se entregar de corpo e alma.
Por isso, muitas vezes, os bons resultados de um negócio tardam ou nunca chegam para alguns.  E quando é assim, o que esse alguém raramente faz é sua autocrítica.  Uma avaliação de si mesmo.  A culpa sempre será do negócio, da marca, do governo, de Deus, da crise etc.
Temos enfrentado esse desafio com motivação permanente. Criamos uma universidade corporativa que visa preparar e orientar para o trabalho diário e sobretudo temos promovido uma cobrança, agora ainda mais firme, por parte de nosso corpo de funcionários.  Seja por áudio-conferências ou telefone, nossa equipe interna quer saber o que foi feito do preço conseguido ou da cotação encaminhada.
E uma reação já se verifica, pois terminamos o último período de avaliação com alta considerável na produção.
A terceira luta que travamos e não menos importante, tem sido lidar com a concorrência.
Temos concorrentes mais fracos e mais fortes.  Menos e mais preparados.  Desconhecedores dos nossos processos e alguns extremamente familiarizados com esses, até por terem pertencido aos nossos quadros de funcionários ou franqueados.
Claro que concorrentes causam-nos dissabores contínuos.  Já enfrentamos, por exemplo, invasão de e-mails, boatos de falência ou venda de nossa marca, contato com nossos franqueados durante treinamentos de recém chegados e mais recentemente a abordagem aos nossos clientes (segurados da sede e de franqueados). 
A concorrência desleal é prevista em lei e dá para se livrar disso com ações judiciais bem conduzidas.  Mas eu devo confessar que a concorrência, boa ou ruim de algum modo é estimulante à medida que, geralmente, une e aproxima, ainda mais, colaboradores fiéis e bons franqueados.  Deslumbra negativamente clientes, que passam então a avaliar melhor nosso atendimento.  E por fim nos mantém despertos.
Brigar com a concorrência é como caçar e por isso iniciei esse texto mencionando essa aptidão humana.
Será que consigo fazer uma analogia sem ser piegas?
Vejamos.  Todos conhecemos como eram as caçadas nos primórdios e como ocorrem, ainda hoje em florestas ou matas.  
Se estamos no mato sem ouvir qualquer ruído, há duas possibilidades:  Ou não há o que conseguir naquela área (não há caça), ou ela existe e está a nossa espreita. Com isso, tendemos relaxar e a perdemos ou acabamos por nos tornar alvos fáceis de feras ainda maiores e perigosas.
Voltando então ao assunto de minha “tese”, uma vez alertados pelo barulho provocado pela concorrência, não desistimos nunca de reforçar nossa visão no que está pela frente e vamos criando iniciativas ainda mais vigorosas para tocar nosso dia a dia.  Vencemos a concorrência ameaçadora e como consequência, nos tornamos mais fortes perante a concorrência maior.
E sabe de uma coisa?  Dá para exportar esta lição para outros campos da nossa vida.  O relacionamento com as pessoas, a prática religiosa, o convívio familiar, os estudos e inclusive a política.  Olha eu de volta.
Ameaças que geram reações que nos trazem, no final, novas oportunidades.  Pronto!  Resultado positivo.
Assim, ao invés de blasfemar e maldizer concorrentes e opositores, devo sempre agradecer.  Sua perseguição nos honra quando nos copiam, nos mantém acesos quando nos atacam e por fim, nos fazem crescer ainda mais e não desistir, mesmo quando estamos apáticos ou cansados.  
Não sou sábio, nem brilhante.  Mas essa reflexão é uma dica de alguém que já teve que trabalhar muito, tropeçar muito, errar muito, falhar muito para aprender o que muita gente recebeu, rapidamente, apenas por observar os nossos passos.

Um comentário:

  1. Excelente Texto, concordo com seus pensamentos plenamente.
    Mateus Fava :)

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