domingo, 4 de fevereiro de 2018

Aulas, sono e costumes ruins.

Crianças e adolescentes começaram as aulas deste ano já na última semana e outros tantos darão início a esta importante jornada de suas vidas a partir de amanhã (segunda-feira dia 5).
Este fim de semana, no entanto, uma reportagem me chamou muito a atenção e cheguei mesmo a até ficar preocupado com o que li.
A preocupação se deve, sobretudo, ao fato de eu não ter dado tanta importância no assunto até hoje.
Meus filhos são muito insistentes na discussão do horário escolar, afirmando, pelo menos os dois mais velhos, que há algo de muito errado com a forma em que foram organizados.  Até o ano passado, eles frequentavam a escola no período da tarde, pois dão trabalho para acordar.  Mas este ano insistiram em passar para o período da manhã, pois afirmam que ao estudar após o almoço, não conseguem fazer mais nada durante o resto do dia.  E têm lá suas razões.  Dormem até tarde, almoçam, vão para a escola e pronto, já é noite.  Não dá pra estudar direito, trabalhar ou fazer qualquer outra atividade extra, salvo se acordarem bem cedo.  Então, se é assim, melhor ir para a escola.
Matriculados agora para o período da manhã, já sei que caberá a mim a torturante tarefa de botá-los em pé, tendo por "em pé", acordados, atentos e animados.
Só que a reportagem que li me dá cabo de que os adolescentes, em geral, só liberam em seu organismo os hormônios do sono lá pelas tantas da noite.  Bem diferente de adultos e crianças pequenas. Algo tipo 23 horas em diante.
O pior é que esta liberação química só irá cessar por volta das 8 da manhã, quando teoricamente já estão com um bocado de aula correndo.  Pensemos então em como conseguem se concentrar com este "sono incontrolável" sendo injetado em seu corpo.
E a reportagem assusta ainda mais.  Como adolescentes ficam em celulares, vídeo games ou computadores até altas horas, terão este hormônio atrasado, pois como estes aparelhos liberam a chamada "luz azul", que é bem próxima da ultravioleta (emitida pelo sol), o sono irá demorar mais a surgir e também a desaparecer.  Ou seja, o ideal, afirmam seus autores é que quem estuda pela manhã deve se livrar dos equipamentos eletrônicos pelo menos com duas horas de antecedência a se deitarem.  Tarefa tão difícil, quanto despertá-los cedinho.
Fiquei então pensando se não seria ideal, portanto, que as aulas começassem em torno de 9 horas. Nos Estados Unidos, alguns Estados já alteraram, há algum tempo, seu horário escolar para início às 9h30 e com êxito comprovado.
Se adotássemos este exemplo, nossas crianças e adolescentes poderiam cursar a escola até lá pelas 14 ou 15 horas, claro, almoçando no próprio edifício escolar em torno de meio dia.  O que acho difícil, pois o duro seria controlar as superlotadas escolas públicas que precisam dividir seu contingente em três períodos ou ainda balancear as refeições (merenda) que, quando não precárias, têm suas verbas desviadas por algum vagabundo.
O fato é que o sistema de ensino brasileiro, talvez por estes motivos que afirmei, prevê estes horários ora praticados quase que em formato padrão.  Então, o aprendizado por aqui fica sim comprometido, dentre outros, por este motivo também.
E o prejuízo de aprendizado ocorre não só pelos fatores já mencionados.  Durante o sono pesado, eliminamos "inutilidades" preservando itens importantes de aprendizado ou experiências captadas durante o dia.  Quando dormimos, fixamos o que aprendemos e filtramos as informações.  Se nosso sono é interrompido neste momento, perdemos esta valiosa ação de nossas mentes.
O sono é ainda importante para outros fatores.  O crescimento é um.  A estatura física também é controlada por hormônios liberados enquanto dormimos.  Nosso humor também é afetado, pois seu equilíbrio dependerá de elementos fornecidos pelo cérebro durante o sono.  Muitos adolescentes seguem negativos, pessimistas, sem memória e sem vontade para nada, pois estão viciados em dormir mal. Não se alimentam direito, comendo muito ou extremamente pouco, não conservando um bom físico justamente por este desregramento ao dormir.
Importantíssimo!  A quantidade de sono não é só o que deve ser observado.  O horário é assunto sério.  O período noturno é naturalmente o horário em que nosso corpo está programado para a liberação destes hormônios.  Dormir uma noite inteira é tudo de bom.
Imagine como não vou pegar nos pés da galera aqui de casa a partir de agora.

Um comentário:

  1. Muito bem exposto pelo amigo Carlos Alexandre, o problema é que falta gestão em todos os setores do nosso país, e um dele é a educação que exige não apenas algumas reflexões com relação aos horários, mas também na grade de disciplinas. Infelizmente nossos políticos são comprometidos apenas com "propinas" e poucos se preocupam com o que precisa ser feito. Este seu artigo seria uma bela proposta para ir adiante. Abraços
    Puia.

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