sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Escárnio

De alguns meses pra cá, como todo bom brasileiro, tenho ficado abalado, todos os dias, com as notícias.
Tá certo que elas não carregam toda a paixão dos âncoras dos telejornais, como aquelas que ouvíamos no tempo do governo anterior, quando opositores, que perderam nas urnas, resolveram parar (sangrar) o Brasil e contaram com apoio maciço da mídia formal e de certos setores da sociedade conservadora, até finalmente tirarem a presidenta de seu cargo e aniquilar seu partido.
Aliás, uma tentativa que vigorou por muito tempo, desde os primeiros anos do Governo de Lula.  Já lá, estes mesmos atores, desencadearam o processo do Mensalão e outras tantas coisas mais, que foram se sucedendo, sem no entanto conseguirem arranhar de morte a gestão do Partido dos Trabalhadores.  Gestão esta que se mostrou, para a vergonha dos intelectuais e nobres, muito mais competente que as suas jamais foram.
O que se noticia hoje é algo nunca dantes presenciado, pelo menos pelas pessoas da minha geração. A saber, uma coleção de escárnios. Uma piada sem graça de como ignorar o povo, o bom senso, a nossa inteligência.
Se eu for relacionar, demorarei uma noite e ainda me esquecerei de muita coisa.
E na verdade, nem preciso comentar, pois a discussão destas vergonhas está diariamente no Youtube, no Facebook e em diversas outras mídias sociais e portais de notícias livres e isentas.
Ontem mesmo pudemos assistir, em muitos veículos, pela internet, ao desmentido da falsa versão global de que o aumento da energia de agora é culpa do governo anterior.
Também ouvimos por estes dias, o desabafo de tantos que ao ver a nomeação de um tucano para ministro do Supremo e que irá julgar seus amigos, acharam no mínimo trágico.  Como foi trágico ver que o crime de responsabilidade (pedaladas) que usaram para tirar Dilma da presidência, deixou de sê-lo no dia seguinte.  Ver também que esse ministro foi aprovado pelo Senado Federal onde estão tantos dos que serão julgados (ou deveriam ser), assusta nossa convicção na democracia.  Como assustou ao ouvirmos as declarações de cada um dos deputados que votou pelo impeachment em abril do ano passado.
Ridículo... Ridículo como a carta do vice à presidenta que "vazou" para a imprensa.  Lembram?
Mas o que é tudo isso, comparado a todo um ministério composto por quase 100% de figuras delatadas, nomeado a seguir de um processo de impeachment que ocorreu para "limpar" o país da corrupção?
E tem mais.  Fomos forçados a assistir que os "movimentos de renovação nacional" nada fizeram ou disseram diante da nomeação de um Ministro atolado até os dentes nas delações, coisa que não pôde acontecer com Lula, por exemplo, o que demonstrou como era frágil (ou falsa) a convicção de quem foi para as ruas pedir decência e honestidade.
Diante da morte de alguém, pudemos comprovar que ao invés de se indignar com o corporativismo dos corruptos, algumas pessoas ainda preferiram tripudiar sobre o caixão de uma ex-primeira dama. Chega a dar medo do tipo de gente com quem somos forçados a construir nosso futuro.
A lambuzeira e a roubalheira continuam impunes.  E ninguém veste nada, infla nada, bate nada ou canta nada nas ruas.  Prova inconteste de que as bravatas patrióticas eram mero "mise en scene" a serviço da Casa Grande.
Os mandatários de sempre, desde as capitanias hereditárias, estão de volta com fôlego e apetite total.   Voraz.  Não deve sobrar nada, nem para os gafanhotos.
E com todas as maquinações e empenho máximo, ainda não conseguiram a "culpa" de Lula e ao menos que um raio lhe caia sobre a cabeça, voltará nos braços do seu eleitorado, com força total em 2018.
Até onde será que seus adversários, incapazes de vencê-lo nos moldes democráticos, são capazes de chegar para barrá-lo?  Será que pensam mesmo que uma certa gama de cidadãos vai deixar que o símbolo dos melhores anos deste país, seja alvejado ou impedido?  Sabem que não.  Por isso Lula não pega nem gripe.  Até os inimigos rezam por sua saúde.
Só que enquanto isso, continuaremos assistindo ainda a valsa dos lordes.  Semelhante aquele quadro no qual aristocratas jogam restos de comida aos famintos na rua, pela janela do palácio, para se divertirem com a humilhação popular. Será que esta súcia não se apercebe de que certas coisas não tem mais espaço na história?
Sei lá... tristes dias os que antecedem o novo triunfo da classe trabalhadora.

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