Texto do Prof. Jean Carlos
Gestor de Inteligência da
San Martin Franchising
San Martin Franchising
No imaginário das crianças há espaço para diversos
personagens que podem ir desde os invencíveis guerreiros japoneses até o
lendário velhinho barbudo da longínqua Lapônia.
Perguntado pelo meu amigão se Papai Noel existe, respondi
prontamente, sem medo de magoá-lo: "Certamente, que não!"
Não escondo a decepção que assolou o menino, bastava ver
seus olhos quase lacrimejantes e a expressão de espanto.
Qual a razão de expor o assunto de forma tão objetiva?
Questões religiosas a parte, sempre encontramos motivos para comemorar datas
que, geralmente, são importantes para humanidade.
Procurei, então, como qualquer educador, ensejo para
administrar o que considerei uma excelente oportunidade para mais uma
aprendizagem.
Comecei por fazê-lo compreender que a figura de Noel é
meramente exploratória, ou seja, o verdadeiro objetivo é impulsionar as vendas
de final de ano garantindo, dessa maneira, um faturamento maior para os
comerciantes.
O garoto ficou intrigado, saiu por alguns instantes e voltou
com uma nova dúvida. Dessa vez, queria saber o porque de meias na janela,
cartas de pedido e, sobretudo, o esforço em passar de ano - leia-se ir para o
ciclo seguinte -.
Tudo invento, lorota de adulto para ludibriar a criança.
Diante de tanta frieza o garoto literalmente surtou:
- Então como surgem os brinquedos na noite de Natal?
- Quem trás amigão, respondi, é o Papai Real.
- E quem é ele, perguntou.
Não dá para esquecer seu semblante quando fez esta última
pergunta: suas sobrancelhas se aproximaram, os braços se afastaram como quem
necessitasse de uma explicação para toda aquela loucura.
Ora campeão! Passei a descrever... Papai Real é aquele
que quando você nasceu passou noites a fio ao seu lado, às vezes com um
olho fechado e o outro aberto para ficar alerta caso precisa-se de algum
cuidado.
Esse homem o conhece mais que qualquer outro, pois o
acompanha desde os primeiros passos cambaleantes e os ensaios das primeiras
palavras.
Resumindo, não mede consequências para atender, na medida do
possível, um desejoso presente de sua parte.
Ah, disse com um sorriso sorrateiro, mas esse é você!
Sim - respondi - e o que você acha disso?
Ele pensou… pensou… e, finalmente, pôde concluir:
Bom, pelo ou menos você não mentiu para mim.
Somos professores e insistimos em propagar aos nossos
pupilos a imagem do Papai Noel. Enfeitamos as escolas com bolas e mais bolas,
via de regra com cores que não combinam em nada com o clima tropical de nosso
país e, absurdamente, colocamos Noel permeando uma bela árvore que, comumente,
também, não condiz com a magnífica variedade de espécies que o Brasil
oferece.
Sejamos mais originais, os verdadeiros papais são os reais
que acompanham as crianças todos os dias deixando-as e buscando-as na escola,
labutando para pagar o material didático e, quando podem, a mensalidade de uma
instituição particular.
Se quisermos construir cidadãos honestos, conscientes
da realidade que os cercam, sem ideias mágicas de entradas triunfantes pela
lareira, aproveitemos melhor o natal. Bom, de repente alguém pode retrucar que
a "verdadeira história" as crianças vão aprender conforme crescerem. Sinto informar que aí já é tarde demais, pois,
a essa altura, já aprenderam a mentir.
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