sábado, 28 de março de 2015

1º de Abril

Em muito menos de uma semana, chegaremos ao dia 1º de abril, popularmente conhecido como Dia da Mentira.
A história conta que, após adotar o Calendário Gregoriano, o rei Carlos IX, da França, teria então instituído o dia 1º de janeiro como o dia oficial do Ano Novo.  A data festiva, era comemorada até então, na semana entre 25 de março a 1º de abril.
Muita gente, revoltada com a mudança, continuou a comemorar o Ano Novo no primeiro dia de abril, o que os colocou em situação de chacota.  A tal ponto, que muitas pessoas marcavam festas inexistentes, enviando convites.  Como a festa não existia, muitos acabavam caindo na farsa do que ficou conhecido como o "dia da mentira".
Em que pese este episódio "brincalhão", a mentira tem encontrado grande guarida nos mais importantes meios de comunicação do mundo como jornais, revistas e televisão.
O Brasil, tem vivido com muita constância momentos e crises gerados pela mera distorção de fatos, ou então pelo acréscimo disso ou daquilo, dentro de uma notícia.
Quem leu o livro Chatô, do jornalista Fernando Moraes, teve a oportunidade de ver como o "chefe" dos Diários Associados comandava a "verdade" no país.  O que ele queria, no dia seguinte, virava fato inconteste.  Pouco antes dele, na Alemanha de Hitler, o maior propagandista do Nazismo, Joseph Goebbels, já havia dado provas do poder da mentira bem trabalhada.
Situações recentes chegam a cheirar tão mal quanto estas manipulações do passado.  A maior vergonha da mídia nacional atual, pode ter ficado por conta da capa da Revista Veja, saída à véspera da última eleição presidencial, que tentou amenizar alguns fatos e agravar outros, com objetivo claro de prejudicar a candidata do Partido dos Trabalhadores, que acabou eleita.  Além do texto, a imagem da capa funcionava como um "panfleto" de propaganda contra o voto em Dilma.
Mas longe desse ser o único episódio manipulador e descarado da falsa verdade nos meios de comunicação brasileiros.  Tantos outros já existiram que mencioná-los é uma questão de escolha.
Um grande "capitão" da Rede Globo de Televisão, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, declarou publicamente que a emissora ajudou a direcionar o debate do ano de 1989 entre Lula e Collor, favorecendo o candidato que mais tarde sofreu processo de impeachment orquestrado também com ampla participação do "canal" de TV da família Marinho.
Hoje, se um cidadão qualquer parar defronte ao aparelho televisor durante os programas de jornalismo com um cronômetro, será capaz de aferir a diferença entre uma notícia qualquer e notícias que colocam o governo em situação desfavorável.
Em que pese haver matérias aos borbotões para facilitar a vida destes péssimos profissionais da comunicação, não é feita uma averiguação profunda dos casos antes de apresentá-los como julgados.
A organização e inflamação de monumentais manifestações é outra das recentes especialidades destes veículos.  Ainda este mês de março, uma grande multidão foi levada às ruas, se não só, mas com grande apoio, propaganda antecipada e sugestão das emissoras, com destaque à Rede Globo.
Fica claro que não há o mesmo empenho quando o assunto é, por exemplo, a greve dos professores em São Paulo ou a triste situação dos funcionários públicos do Paraná, que também ganharam as ruas, mas cujos noticiários apenas passaram de leve na finalidade e nas imagens.
No manifesto do dia 15 de março, milhares ou milhões de pessoas, indignadas com a corrupção, caminharam junto com verdadeiros "doutores" no assunto.  Políticos da direita envolvidos em casos graves de corrupção, políticos que no passado ajudaram a impedir averiguações e investigações, estavam de braços dados com grandes paladinos da moral que mantinham ou mantiveram conta irregular em paraísos fiscais, situação escancarada no escândalo que envolve o HSBC.  Dentre estes, muitos proprietários de jornais, revistas e emissoras de televisão brasileiros.
Como mentem fácil, não?  E olhando nos olhos das vítimas.
A mentira não é, pelo menos até hoje, prerrogativa somente nossa.  A propaganda nociva contra países como Cuba, Venezuela, Argentina, Bolívia e outros, já fez vítimas entre países árabes e a própria Rússia em matérias jornalísticas, documentários, músicas, filmes e até desenhos animados. Quem são sempre os ditadores, os ridículos, os bandidos, os terroristas e quem são os mocinhos?
Será que um dia vamos poder confiar em algo que seja estampado no papel ou nas telas de led, sem termos que procurar contra-pontos em blogues ou outros meios?
Se falar mentira aumentasse realmente o nariz, viveríamos num mundo onde as telas de TV teriam que ter muito mais que 42 polegadas para enquadrar direito um âncora.

2 comentários:

  1. Infelizmente os valores estão perdidos em meio a tudo isso. Mas, é importante ter a determinação de que a verdade é sim a postura correta a ser adotada. “As pessoas não são nobres desde o nascimento, mas se enobrecem através de suas ações. As pessoas não são medíocres desde o seu nascimento, mas tornam-se assim através de suas ações. Se existem alguma diferença entre as pessoas, então essa diferença está somente nas suas realizações.” - Daisaku Ikeda

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  2. É mais ou menos o que tento refletir no post....http://julio-verdi.blogspot.com.br/2013/10/o-perigo-de-uma-falsa-informacao-nas.html....

    Abçs..

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