quinta-feira, 30 de outubro de 2014

"Uma derrota popular - não do governo"

Na data de hoje, a democracia levou “uns tapas” e vi gente que comemorou.
Eu me lembro quando ocupei uma Assessoria Especial no Governo Municipal de São José do Rio Preto.  A Administração era do Prefeito Edinho Araújo e o fato ocorreu na Secretaria de Governo, que até então era dirigida por Carlos Feitosa.
Resolvemos estabelecer uma interlocução direta com representantes da população para interpretar melhor as necessidades e solicitações, bem como, auscultar, via representantes diretos e escolhidos pelos moradores de determinados lugares, os apelos e angústias das pessoas.
Fomos então de bairro a bairro e encontramos os representantes de Associações de Moradores.  Mas era preciso constatar se aquela representação era legítima ou fruto de simples ausência de participação.
Para encurtar muito, a conversa, resta saber que oficializamos todas, provocando em muitas, novas eleições com divulgação e tempo para registro de chapas.
Em pouco tempo a cidade, de pouco menos que 500 mil habitantes, possuía um fórum de associações.
Logo, fizemos algo parecido com os Conselhos Municipais e sem alterar-lhes a conduta ou a eficiência, criamos mecanismos de ouvi-los mais diretamente.
Em ambos os casos, a Administração Pública se preparou para atende-los com menos burocracias e maior agilidade.  Estas associações e conselhos eram também consultados em eventuais tomadas drásticas de decisões.
Nem tudo era perfeito, mas sem dúvidas aquela foi uma política inovadora da representação popular.
Mais adiante, o fórum serviu para atuar junto ao Orçamento Participativo e na legalização e acompanhamento de loteamentos irregulares, que somavam, até então, mais de 100.  Uma população de praticamente 22 mil pessoas.
O projeto que a Câmara hoje recusou, sobre os Conselhos Populares, tinha princípios bastante semelhantes. 
Não se estavam criando novos conselhos, nem dando a estes conselhos, poderes diferentes dos que já possuem hoje. 
O que se pretendia era se preparar a Administração Federal para auscultar e trabalhar mais de perto, amplificando a consulta dos mesmos e facilitando o alcance de algumas políticas específicas.
Numa atitude compreensiva de quem está com “dor de cotovelos”, a retaliação veio como forma de “vingança” e a derrota foi, na verdade, da democracia e da representação popular efetiva.
Lamento, mas não há o que se fazer.  As manchetes dos jornais ampliaram o fato como “derrota do governo”, como se as eleições não tivessem terminado e este “golpe” restaurasse os ânimos da oposição que fica com o “prêmio de consolação”.
Entende-se no recado de que este é só o começo.  Mas fica a pergunta, de quanto a população e a democracia terão que pagar até que esta fúria inexplicável seja aplacada.

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