quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Use Filtro Solar


Estava com saudades de um bom descanso.  O feriado da Proclamação da República foi de puro refazimento.  Como foi bom dormir pra valer e descontrair depois de um período de trabalho árduo.  Acordei nesta segunda, pronto pra outra.

No feriadão, enquanto muitos se matavam para chegar ao litoral, em casa teve até reunião com os filhos para montar a árvore de natal.  E como ficou linda, viu?  O advento é esperado com alegria pela minha família.  Uma tradição que tratamos de defender apesar do tempo, do consumismo e outros costumes que a modernidade disponibiliza para desviar as atenções desta festa cristã.

Contudo, enquanto desfrutava deste ambiente de paz e aconchego entre os meus, um pequeno tumulto quase estragou tudo.  Causado pelo nosso querido Joaquim Barbosa, o “salvador da pátria” e atual “candidato a messias” da mídia direitista, seu ato deixou-me ainda com algum resquício de estresse.

Como se estivesse realizando um “grande ato”, soltou a prisão dos envolvidos no processo equivocadamente chamado de “mensalão” em pleno feriado, como se faz com os grandes e perigosos criminosos.  Isso não seria tão nefasto, se não fosse todo o contexto por trás desta atitude.

O pior estava por vir.  Gente dos mais diversos rincões da internet, acharam ânimo para os comentários mais variados no atual e unânime entretenimento chamado Facebook.

Um show de comentários chulos, sem fundamentos ou base, foi me provocando, provocando, até não aguentar mais.

Tanto que acabei por me deixar levar pela emoção e criei caso.  Foram muitos os comentários e brigas levados às últimas consequências por mim, que geralmente mantenho a calma e a temperança.

Claro, não sou perfeito.  Mas fico indignado com a ressonância sem convicção ou então eivada de preconceitos.

Fazendo uma analogia com futebol, digo sempre que existem dois tipos de torcedores no Brasil.  Os amantes do futebol, que torcem por seus times com seriedade, entendimento e paixão.  E há, por outro lado, os anti-corinthianos.  Estes não tem embasamento na sua discussão, bastando-lhes ser o que são, anti-corinthianos.  São aqueles que quando o Corinthians disputa a libertadores contra um time estrangeiro, torcem para o time estrangeiro.  Se o Corinthians joga contra o capeta esporte clube, torcem para o capeta EC.

Da mesma forma, existem as pessoas que discutem política com propriedade.  Tem lado, posição e mesmo convicção nas suas defesas.  São de direita ou esquerda e seguem o padrão esperado de sua classe ou formação.  Mas há, por outro lado, os anti-petistas, que confundem isso com anti-socialistas e anti-comunistas.  Acham que é tudo a mesma coisa, sem sequer saber o que é isso ou aquilo na concepção real.  Então fazem o ataque pelo ataque, "como seus pais sempre faziam" e dá-lhe besteiras, asneiras e ignorância. Daí não dá, né?

Aos 45 anos, tendo começado na militância política aos 15, acredito que fiz um bom trabalho.  Acertei e errei muito, mas aprendi bastante.  E enquanto boa parte dos amigos se deleitava nos barzinhos e sofás de suas casas, eu estava debatendo os problemas da cidade.  Fundei e refundei partidos, associações de bairros, entidades e grupos de debate.  Atuei em campanhas, pesquisas e outras frentes. Fui candidato, Secretário Municipal.  Penso que dá pra saber bem quem é quem e o que acontece nos bastidores da política em geral.  Isso faz com que criemos uma certa base para discussão séria e uma intolerância aos papos de botequim de gente que não está disposta a mudar nada, mas adora tacar pedra em tudo, porque é bonito ou está na moda.

Convicto, brigo, esbravejo e tento mostrar estas contradições.  O analfabetismo político e a ressonância aos instrumentos de controle de opinião pública me deixam feroz.

Aos poucos, vamos descobrindo que existe mais gente nesta situação de “alienação” do que imaginávamos.  De  vez em quando, aparece aquele amigo que dizia antigamente: “Votei em você”.  Ou então, “Gosto muito do seu jeito”.  E solta aquela: “Quem defende bandido é bandido”.   E por aí vai.

Pra não me aborrecer demais, pensei em apagar meu perfil do Facebook.  Pensei também em bloquear este ou aquele.  Mas não, né?  Seria a mesma coisa que ser contra as biografias não autorizadas...  Coisa de artista afetado que não tolera crítica ou só quer aparecer naquilo que lhe deixa bonito.  Não cola pra mim, não.

Então bato de frente.

Com relação a este assunto, abordei as dezenas de grandes julgamentos injustos e incorretos da história da humanidade.  Citei  Joana Darc,  Jacques DeMolay e o próprio Cristo.  Claro... guardadas as devidas proporções, mas mostrando como as turbas funcionam quando bem orquestradas por aqueles que tiveram seus interesses atingidos de perto.

Também mexi com os amigos que conheço e que vi defendendo Collor lá nos tempos de 89 quando o Caçador de Marajás virou presidente.  Os mesmos que depois do impeachement diziam: “Que bom que não votei nele”.  Vão ter que passar vergonha de novo quando as verdadeiras facetas do Sr. Barbosa forem mostradas.

Só sei que daí vou perdendo amigos.  Uns me bloqueiam, outros insultam, outros ameaçam não negociar mais comigo. 

Tudo isso destruindo meu descanso do feriado, enquanto Dilma subia ainda mais nas pesquisas e Aécio, Marina e outros, aumentam na rejeição.  Ai, ai, que dureza...

Hoje, ainda se pode ver algumas coisas fora de comum no Facebook.  Postagens agressivas e verdadeiramente ridículas, incitadoras de revoltas e violência como uma talzinha que falava em paulada nos manifestantes, morte aos prisioneiros do mensalão e o que o valha.  Nada digno de atenção, mas irritante.

Alguns, para tentar fugir do discurso vazio, passaram a afirmar que todos devem ser presos.  Petistas, PSDBistas e outros.  Mas não defendem com mesmo ardor a abertura do processo do Mensalão Mineiro, desprezado pela imprensa e pela justiça.  Não se revoltam quando o jornal bota manchete de corrupção “errando” o nome de propósito e incluindo o prefeito de São Paulo no lugar de Kassab.  Também não lembram que o mesmo Supremo do iluminado “Sr Joaquim” liberou Daniel Dantas e o médico estuprador de clientes,  entre outros.  Nem se perguntam sobre as denuncias que correm soltas sobre o filho que trabalha na Globo, o apartamento em Miami, a suposta surra na mulher etc.  Valeria pelo menos se perguntar, né?  Figura pública tem que se explicar, sempre, independente do seu cargo.

Mas vá lá.  Vamos ter novamente a mesma paciência histórica que é necessária para quem acredita que um dia grandes mudanças se verificarão.

Foi assim, no aguardo das condições objetivas, que muita revolução criou alma.

Só queria pedir aos que realmente são amigos, que não façam o coro das multidões teleguiadas.  Que não façam como a multidão que gritava: “Barrabás”, sem sequer conhecer um e outro.

Questione.  Avalie.  Compare.  Veja quem esteve no passado do lado de quem.  Como foi a história de vida deste ou daquele.  O que construiu ou combateu.  Afinal, não estaríamos discutindo isso aqui se esse ou aquele não tivesse tomado esta ou aquela atitude diante de uma ditadura assassina e irracional.

Claro.  Não sou ingênuo.  Sei que pessoas mudam.  Vi hoje mesmo o Senador tucano que foi militante do PCB defender o “ícone da moralidade” mais conhecido intimamente como JB do STF. “Ele agiu de forma muito correta” - Bradou o notório PSDBista.  Só faltou dizer: “Assim como tem agido ignorando os escândalos que envolvem o meu partido”. 

Gente como este cara, que foi até Ministro da Justiça, pasmem, não tem idéia de como sujou sua história de luta, que alguns de nós até admiramos no passado.  Que pena.

Mas são facilmente reconhecidos.  É só conversar com seus amigos mais próximos.  Eles contam como a pessoa realmente é.  Enquanto que os outros, permanecem com sua essência clara.  Sua postura de enfrentamento e transparência.

Na pior das hipóteses, pesquise, vá.  Verás que suas defesas se tornarão mais fortes à medida que embasadas.  Seus comentários melhor avaliados e respeitados até pelos seus contrários.

Mas tudo bem. Se for o caso, não esquenta. É só uma opinião minha, ok?  O importante mesmo é usar filtro solar.


Ser uma nova versão.

Muitas vezes eu me ponho a aconselhar pessoas.   Desde os filhos, companheira, amigos e até quem não pede conselho algum. Feio isso, né? A...