quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Mea Culpa


Encarar-se, diante de um espelho e poder sorrir tranquilamente, não é tão simples quanto parece.

Para isso é preciso que estejamos com a consciência muito limpa e termos feito a nossa parte.

Por exemplo, ao sair às ruas e cobrarmos um país mais justo, mais sério, mais humano, menos corrupto, nós deveríamos, no mínimo, fazer uma reflexão: “Estamos fazendo a nossa parte”?

E nem vou apelar ao moralismo com destaque a situações como cortar filas, levar uma vantagenzinha aqui ou ali.  Queria falar mesmo é de responsabilidade.

Claro e por favor, não estão inclusos neste meu discurso, os infinitos casos de trabalhadores menos favorecidos, as classes “mega” exploradas, tampouco os estudantes ou aqueles que não têm rendas como os desempregados de toda sorte, aposentados limitados pela sua já tão baixa receita.

Estou falando da classe média em geral e sobretudo dos “ricos” que, de certa forma, também participaram dos movimentos, seja marchando, seja achando corretas algumas palavras de ordem como “menos corrupção”.

Evidentemente, um país que deixa correr “pelo ralo” R$ 41,5 bilhões por ano em corrupção, precisa exigir que esta vergonha se acabe.

Contudo, o Brasil é o segundo maior país em sonegação de impostos.  São cerca de US$ 280 Bilhões por ano. 

São empresários e recebedores de grandes rendas que não pagam o que devem ao governo, ou seja, não colocam sua parte na mesa para ser repartida e transformar-se em infra estrutura e alimentar as Políticas Públicas.

São gente que não faz a sua parte e até vai à missa ou ao culto aos domingos.  Bate no peito para falar de maus políticos e ainda criticam, muitas vezes, desvios de verbas aqui ou ali.

Podemos nos perguntar como isso é possível se os impostos estão infiltrados em todo tipo de bem de consumo.  Podemos ainda justificar que isso ocorre pelo excesso de carga tributária praticada no país.

O fato é que a tributação é igual para todos, quando deveria ser maior em produtos supérfluos, utilizados bem mais pelas grandes fortunas, ou ainda o Imposto de Renda deveria ter alíquotas maiores, para rendas maiores.

Países tão “aclamados” pela nossa elite como a Suécia, por exemplo, ou o Reino Unido, chegam a cobrar mais de 50% de Imposto de Renda para as pessoas com altos recebimentos.

E já se sabe que justamente são as pessoas de altas rendas, as grandes fortunas, quem mais sonegam no Brasil.

Quando criaram a CPMF foi uma choradeira geral.  Isso porque era um imposto difícil de sonegar à medida que estava vinculado às movimentações financeiras.  Quem não se lembra?  Para os pobres não tinha problema, afinal, a movimentação deles sempre é muito pífia. Mas os “tubarões” deram um jeito de gritar o mais alto que puderam.

Tá certo.  É preciso também o país gastar menos.  Nosso tão sóbrio Congresso Nacional custa aos cofres públicos mais de R$ 7 bilhões ao ano.  Mais do que uma Copa do Mundo e todos os anos. 

Altos salários e benefícios aos membros do nosso Congresso poderiam ser sim reduzidos sem prejuízo de produção de resultados.  Há dezenas de exemplos em outros países.

Mas é bom lembrar que os políticos são eleitos em meio a população.  Eles não vêm de Marte ou Vênus.  São um extrato da nossa sociedade.  Sociedade que muitas vezes não administra suas empresas corretamente, não pagam dentro das faixas salariais definidas ou subtraem benefícios concretos, não registram seus funcionários, não dão notas fiscais, maquiam suas contabilidades.  E de novo, não estou falando do bom empresário ou do empresário honesto e sério que tem seu dinheiro merecidamente ganho.  Como se sabe, em toda regra existem exceções.

A bem da verdade e pelo bem do país, todos precisamos é fazer nossa autocrítica.   Só isso.

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