sábado, 24 de julho de 2010

No PT... quem diria.


Fundado em 1980 por um grupo que reunia intelectuais de esquerda, católicos da Teologia da Libertação e dirigentes sindicais, o Partido dos Trabalhadores, PT, mais tarde realizaria lutas indiscutiveis para a consolidação da democracia no Brasil e para uma mudança geral nos conceitos de exercício político.
Embora com grande afinidade junto a partidos comunistas e reunindo uma grande soma de marxistas impedidos de agirem pela repressão militar vivida pelo país na década de 70, o PT jamais se declarou marxista, apresentando um sinal de socialismo democrático e rejeitando os modelos soviético e chinês de socialismo.
O partido nasceu com uma postura crítica aos partidos social democratas e embora tenha suas bases incritas por grandes pensamentos marxistas, procurou não deixar de lado algumas idéias espontâneas de grupos sindicais que correspondem num grande percentual do DNA petista.
Como em diversos setores da política, o PT reúne contradições, embates internos e divisões entre seus membros, mas consolida-se como um partido de esqueda, de massas e de estreitos laços com a proposta socialista.
Hoje, detentor do poder na Presidência da República, resta a luta pela manutenção do projeto diante da substituição daquele que seria seu maior representante, o sindicalista Luis Inácio da Silva, o Lula, por sua substituta a ex-ministra Dilma Roussef.
Envolvido em algumas questões tidas como "prática da direita", como o denominado "mensalão", o PT sofreu vários golpes e muitos de seus grandes membros e sustentáculos, tiveram que se afastar da visibilidade e do governo.
Perdoado por boa parte de seus filiados e simpatizantes e reconhecido como desvio de momento, fruto de uma situação "pró governabilidade", o partido continuou realizando grandes mudanças no cenário nacional.
Durante seu governo, muitos membros da elite, praticantes contumazes de tirania e roubalheira, "chefes" e colarinhos brancos de toda ordem foram perseguidos, presos ou respondem na justiça.
Enfrentando uma contra-propaganda patrocinada por boa parte da mídia e fruto ainda de um resquício anti-comunista norte-americano reinante, o PT conserva um excelente índice de aprovação entre a população em geral.
Sem aglutinar os militantes da esquerda tida como "radical", que condenam a prática clientelista ou de proteção a setores do Capital, o partido continua sendo o oposto ao regime "direitista" que deseja voltar ao poder a todo o custo.
Num ampliado arco de aliança política, busca a eleição de governos como o de São Paulo, há 16 anos nas mãos do PSDB.
É neste partido, rico em história, contraditório, mas gigante em todas as suas esferas, que depois de 27 anos de militância política, eu me filiei.
Foi ontem durante uma visita de Ricardo Berzoini (ex-ministro da previdência e ex-presidente nacional do PT) à cidade, em uma plenária "ao ar livre" na Avenida Bady Bassit, convidado por meus companheiros Edimilson Gaspar e Carlos Henrique de Oliveira.
Minha história na participação política não é toda digna de orgulho.
Ex-fundador do PSDB, não por convicção, mas mais por ingenuidade, num momento em que grande parte dos integrantes do PMDB se dividiam entre PSDB (mais a esquerda) e PFL (à direita).  Fui mais tarde integrante do PPS, querendo acreditar ser aquele partido herdeiro do PCB de Prestes, filiado então diretamente ao PCB e partícipe de sua reconstrução na cidade de Rio Preto e por fim, militante do PSOL, por afinidade a boa parte de suas propostas e a gente séria como Pedro Roberto em Rio Preto e Plínio de Arruda em São Paulo.
Encontrei-me e dividi palanque com gente inesquecível.  Meu iniciador político o ex-vereador Carlos Feitosa, seu grande parceiro das brigas o advogado Waldemar Alves dos Santos, petistas históricos na cidade como Eni Fernandes e Marco Rillo, o velho Roberto Vasconcelos e tantos outros que deram suas energias na construção de projetos para Rio Preto.
Foi numa destas empreendidas que, integrante de uma ampla frente partidária, vim a fazer parte da Secretaria Municipal de Governo, convidado por Feitosa e Edinho Araújo, então prefeito.  A implantação e organização do Fórum de Associações de Moradores foi o ponto alto daquele instante.
Mas sempre estive próximo a petistas.  Constante e incansável eleitor de Lula, muitas vezes numa gritante infidelidade aos partidos que integrava.  Eleitor assíduo do Senador Suplicy.  Fui também propagandista de govenadores e deputados petistas umas cem vezes.  Nunca escondi minha simpatia pela estrela vermelha, tendo sido inclusive assessor da vereadora petista Eni Fernandes, na Câmara de Rio Preto.
Ser agora recebido no Partido dos Trabalhadores e a convite de grandes companheiros, numa ficha abonada pelo próprio ex-ministro e por um grande militante local, o guerreiro João Paulo Rillo, resgata um pouco desta minha imagem e devolve minha vontade de lutar pela causa "socialista", que nunca abandonei de fato.
Estou verdadeiramente feliz.

6 comentários:

  1. É camarada Carlos Alexandre, a vida é um espaço em que devemos construir compartilhamento social, tendo a razão e a emoção, e um compromisso com a transformação para melhor.Temos sempre que compartilhar esperanças entendendo que não há atalhos, somente realizar ações por uma necessidade, a democracia. Abraços cordiais.

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  2. Oi Carlinhos

    Estamos juntos há mais de 20 anos e sempre acompanhei sua trajetória política, mesmo que nos "bastidores". E ontem fiquei muito feliz de vê-lo entrar pela porta da frente no PT e com o devido reconhecimento de seus valores.

    Beijos

    Carol

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  3. Querido Carlinho.
    Desejo-lhe sucesso e vida repleta de atitudes afimartivas em prol daquilo que acredita.
    É tão bom lutar no que se crê.
    Há de se estar seguindo e seguindo; sempre.
    Moacir

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  4. Eu nao voto em Partidos, voto em pessoas, independetemente da sigla que levem, com excessão do PSDB que eu não voto nem morto. Eu considero o PT de São José do Rio Preto um partido inexistente, que serve apenas para dar base ás vontades eleitorais da família Rillo. Foi-se o tempo em que o partido era forte na cidade. Um partido que chegou a fazer 4 vereadores e pelo menos dois eles tiveram o seu espaço político tolhido para não serem ameaças ás candidaturas da família em questão. De qualquer forma parabéns pela sua filiação no PT, que se não tem a minha simpatia em Rio Preto, ainda tem o meu voto.

    Alexandre Ski

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  5. Caro amigo, já acompanho sua trajetória política a uns 20 anos, passamos juntos por algumas situações que se não nos orgulhamos, pelo sim, nos fez crescer e aprender, passagens essas já descritas em seu relato.
    Fico muito feliz de vê-lo ingressar no PT, como já dito pela porta da frente, partido que respeito por sua luta e pessoas que la povoam... Creio que mais do que você merecer, o PT local estará se fartando de um companheiro que sempre lutou pelo que acredita a maioria de seus membros locais.
    Que a caminhada seja proveitosa e a juntada de pessoas que acredito serem das mais sérias em nossa cidade, como, João Paulo Rillo, Marcos Rillo, Eni Fernandes e varios outros amigos que tenho dentro do PT, sera, muito mais gratificante e brilhante para todos com sua presenca.
    Parabens ao PT pela iniciativa e a voce por tudo que representa!
    Grande abraco.

    Rogerio Melo

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  6. Alexandre,
    não condeno você pela decisão de entrar no PT. Terá de ser político ou fisiológico, ou ainda ambas as coisas. Mas faça sempre, o que puder... Paciência! Que outras grandes alternativas existem no momento? Grupelhos de todo tipo sem uma proposta coerente?! Não importa... E enquanto estiver com eles use e abuse desse tom de discurso de que "estive preso a este grande grupo, atado por laços ideológicos, afetivos e até mesmo conflitantes" ... Tente um cargo e me convoque para algum tipo de assessoria!!!! kkkk Convide seu irmão, também. Saberemos usar o dinheiro!!!! rsrsrsrs
    Um abraço
    Boa sorte!
    Nilson

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