quinta-feira, 29 de julho de 2010

A história recente do Brasil

Como já coloquei, este Blog tem o objetivo de levantar o debate e divulgar o pensamento de todo aquele que se disponha a discutir as grandes questões que envolvem nossa existência e nossa felicidade.
Abro as portas a amigos que aqui depositam suas mensagens e inúmeras vezes não comunguei com este ou aquele pensamento.
Mas acredito salutar receber das pessoas sua posição, esclarecimentos e mesmo informações que tenham disponíveis por conta de sua formação, vivência ou mesmo pesquisa pessoal.
Por conta disso, essa semana aprovei todos os comentários que depositaram na sequência dos artigos veiculados e li com carinho e respeito aos inúmeros e-mails que recebi, mesmo aqueles que fizeram sua crítica a meus posicionamentos.
Ainda mais se tenho perspectivas e sonhos de que um dia o socialismo venha a brilhar em nossas terras, devo divulgar o pensamento de tantos que já trilham sua busca com ardor e a isso se dedicam.
É o caso do amigo Felipe Silva que envia o texto abaixo, o qual passo a divulgar aos amigos para suas análises, comentários ou debate.

A HISTÓRIA RECENTE DO BRASIL.


“A fome leva o povo a pensar com o estômago, a lógica das cestas básicas é manter a dominação” (Lula, 2000)

O Partido dos Trabalhadores crescia rapidamente na década de 1980. Perguntavam Vladimir Palmeira e Carlos Vainer em artigo publicado na Revista Teoria & Debates do PT (No. 08/1989): “O PT é ameaçador ou ameaçado?” Diziam estes petistas “o crescimento por que temos passado não é feito exclusivamente de acumulação de forças; um dos seus componentes fundamentais consiste na incorporação do PT de forças dinâmicas cada vez mais heterogêneas”. Ou seja, o PT era uma Frente de Esquerda composta de várias tendências anticapitalistas e socialistas. A história mudou e o petismo transformou-se no “lulismo sócio-neoliberal”. Hoje Dilma, Serra e Marina disputam o mesmo espaço político. São defensores do grande legado do período FHC: a política macroeconômica. Procuram convencer eleitorado que são os melhores para gerenciar o capitalismo dependente. Delfim Neto não para de elogiar: Lula “salvou” o Brasil da crise. Os lulistas têm demonstrado uma competência ímpar em administrar o capitalismo, “gerenciar a miséria”, os Movimentos Sociais, a CUT etc. Alertavam Vladimir e Vainer: “cresce o número de militantes petistas aferrados a posições burguesas, mandonistas, prepotentes embevecidos com as migalhas de poder burguês que detêm.” E hoje o pensamento único do continuísmo domina o cenário político, o lulismo se fortalece causando invejas aos seus opositores. Já há desesperados cerrando os dentes! Na mesma revista T&D dizia Florestan Fernandes: “O golpe de Estado de 1964 abriu a rota para o Desenvolvimento Econômico Acelerado. O setor militar tomou como meta a estabilidade política a qualquer preço, oferecendo ao grande capital estrangeiro e nacional uma oportunidade histórica única (1989).” E atualmente, em 2010, os títulos da “dívida interna” brasileira pagam os maiores juros do mundo! O Brasil transformou-se no destino de grandes especuladores internacionais que buscam alta rentabilidade, isenção tributária e total liberdade para super-explorar a classe obreira, os “bóias-frias” podam mais de 8 toneladas de cana/dia. Só no ano passado gastamos mais de um bilhão de reais de juros por dia em função da dívida pública. É óbvio que temos de reconhecer que FHC e Lula avançaram a educação, mas, segundo dados do PISA (2006), 70% dos jovens de 15 anos não têm noções básicas de matemática. Diz Pochmann: “O Chile possui 85% dos seus jovens no ensino médio. Para o Brasil atingir situação equivalente precisa incluir 5,7 milhões no ensino médio, o que exigiria a contratação de 510 mil docentes e a construção de 47 mil salas de aulas” (Fórum, 2009). Enquanto 36% do Orçamento Total são comprometidos com a Dívida Pública gastamos em educação só 2,8%. Grande parte do que se arrecada em impostos é para pagar o serviço da “dívida”! E quem ganha menos de 2 salários mínimos paga 49% de seus rendimentos em tributos enquanto o percentual não passa de 26% para quem ganha mais de 20 salários. Esta é uma das causas da miséria proletária.
Felipe Luiz Gomes e Silva- felipeluizgomes@terra.com.br

4 comentários:

  1. "Lúcida análise do professor sobre as reviravoltas e heterogeneidades do PT, o que nos leva a consideração de que os projetos políticos hegemônicos colocados para esta eleição não passam de uma continuidade do poder da burguesia nacional e internacional sobre nossas vidas, determinando a riqueza de alguns, conforto instável da classe média e pobreza da grande maioria da população.

    Só um comentário a respeito da introdução: Sobre considerar todas as opiniões e publicá-las, mesmo divergindo delas, isso se aplica ao texto do Felipe? Em que diverge? Sobre a heterogeneidade do PT ou sobre a grave carga onerosa em cima do proletariado no Brasil para saldar a incomensurável dívida interna? Ou será a explicitação de que os vultosos lucros bancários e dos demais capitais especulativos nada têm a ver com um "caminho petista para o socialismo"? Como declarar crença no socialismo para a humanidade fazendo campanha para quem declaradamente é devedor de Ford e não de Marx, como disse Lula na Folha de São Paulo ou que ata os movimentos sociais às amarras de uma política econômica e reformas voltadas para a burguesia? O PROUNI beneficia jovens carentes ou transfere riqueza pública para setores da burguesia degenerando o ensino de qualidade nas universidades públicas? Enfim, o que diverge naquilo que parece óbvio?"

    Abraços
    Marcelo

    ResponderExcluir
  2. "Lúcida análise do professor sobre as reviravoltas e heterogeneidades do PT, o que nos leva a consideração de que os projetos políticos hegemônicos colocados para esta eleição não passam de uma continuidade do poder da burguesia nacional e internacional sobre nossas vidas, determinando a riqueza de alguns, conforto instável da classe média e pobreza da grande maioria da população.

    Só um comentário a respeito da introdução: Sobre considerar todas as opiniões e publicá-las, mesmo divergindo delas, isso se aplica ao texto do Felipe? Em que diverge? Sobre a heterogeneidade do PT ou sobre a grave carga onerosa em cima do proletariado no Brasil para saldar a incomensurável dívida interna? Ou será a explicitação de que os vultosos lucros bancários e dos demais capitais especulativos nada têm a ver com um "caminho petista para o socialismo"? Como declarar crença no socialismo para a humanidade fazendo campanha para quem declaradamente é devedor de Ford e não de Marx, como disse Lula na Folha de São Paulo ou que ata os movimentos sociais às amarras de uma política econômica e reformas voltadas para a burguesia? O PROUNI beneficia jovens carentes ou transfere riqueza pública para setores da burguesia degenerando o ensino de qualidade nas universidades públicas? Enfim, o que diverge naquilo que parece óbvio?"

    Abraços
    Marcelo

    ResponderExcluir
  3. "Lúcida análise do professor sobre as reviravoltas e heterogeneidades do PT, o que nos leva a consideração de que os projetos políticos hegemônicos colocados para esta eleição não passam de uma continuidade do poder da burguesia nacional e internacional sobre nossas vidas, determinando a riqueza de alguns, conforto instável da classe média e pobreza da grande maioria da população.

    Só um comentário a respeito da introdução: Sobre considerar todas as opiniões e publicá-las, mesmo divergindo delas, isso se aplica ao texto do Felipe? Em que diverge? Sobre a heterogeneidade do PT ou sobre a grave carga onerosa em cima do proletariado no Brasil para saldar a incomensurável dívida interna? Ou será a explicitação de que os vultosos lucros bancários e dos demais capitais especulativos nada têm a ver com um "caminho petista para o socialismo"? Como declarar crença no socialismo para a humanidade fazendo campanha para quem declaradamente é devedor de Ford e não de Marx, como disse Lula na Folha de São Paulo ou que ata os movimentos sociais às amarras de uma política econômica e reformas voltadas para a burguesia? O PROUNI beneficia jovens carentes ou transfere riqueza pública para setores da burguesia degenerando o ensino de qualidade nas universidades públicas? Enfim, o que diverge naquilo que parece óbvio?"

    Abraços
    Marcelo

    ResponderExcluir
  4. Olá Marcelo -
    respondendo sua pergunta, por mais contraditório que pareça, não há nada na fala inicial da postagem, diretamente ligado ao texto do Professor Silva que sempre e gentilmente me tem brindado com sua opinião, via e-mail ou próprio blog.
    Eu nem tenho informações ou base suficientes para contradizê-lo em muitos dos pontos.
    Minha fala foi no sentido de incentivar as pessoas que eventualmente "passam por aqui" a deixarem suas impressões.
    Nesta semana que se passou, cerca de 50 pessoas me mandaram e-mails criticando um de meus posicionamentos, mas apenas meia dúzia se manifestou via comentário no blog.
    Ressalto que não me importo de publicar qualquer opinião, mesmo contrárias às minhas, pois a finalidade principal deste espaço é gerar o debate.
    Não sei se, por problemas na hora de postar ou outra questão, acabam desistindo e apelando para o e-mail. Mas para que não sobrassem dúvidas, aproveitei o texto do Professor para soltar meu apelo.
    Obrigado e abraços.
    Carlos Alexandre

    ResponderExcluir

Obrigado por contribuir com sua opinião. Nossos apontamentos só tem razão de existir se outros puderem participar.

Brasil da Esperança, Rio Preto da Esperança.

É na eleição municipal que a democracia fica mais evidente, pois é nas cidades que os cidadãos de um país podem se manifestar de maneira mai...