sexta-feira, 28 de maio de 2010

Programação da Rede Canção Nova


Artigo do Professor Marcelo, Mestre em Ciências Sociais pela UNESP de Araraquara e doutorando em Sociologia pela UNICAMP abrindo debate sobre discursos de setores na Igreja.

Vasculhem estes sites
http://padrepauloricardo.org/cnp/blog/magisterio-da-igreja-%E2%80%93-papa-condena-outra-vez-a-teologia-da-libertacao-2/
http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=4108
e vejam o quão reacionário é este movimento carismático e sua programação na Rede Canção Nova. É insuportável ver e ouvir tantas asneiras falseadas e propagadas como pura ideologia desprovida de dados a fim de aliciar as mentes dos fiéis cordeiros desprovidos de senso crítico, quais sejam, os telespectadores desavisados e sem o menor espírito científico.
O mote principal dos dois ditos teólogos no programa (ver vídeos no youtube) é difamar o comunismo e o marxismo e também a ciência, chegando ao absurdo de comparar este primeiro movimento como sendo pior que o nazismo.
Vindo de uma instituição chefiada por um papa ex-membro da SS nazista (o ex-cardeal Ratzinger), não é de se admirar. Baseiam-se em dados absurdos do escritor Soljenitsin de Arquipélago Gulag e outros piores que sabidamente foram financiados pelo ocidente, que tentam remontar de forma fictícia as "vítimas" do comunismo em cifras risíveis e pouco críveis de 60 a 100 milhões de pessoas (sic!). Não bastasse tomar o movimento e a teoria de Marx por uma deformação restrita no tempo (stalinismo), ainda distorcem os dados históricos e seus significados para montar um arquétipo assustador no velho mote das propagandas da guerra fria contra o lado comunista. Se este modus operandi é correto para o estabelecimento de uma ilação generalizante, então nos parece correto também avaliar a igreja pelas inúmeras guerras santas contra o islamismo nas cruzadas (e todo o sangue derramado) e nas torturas do tribunal do santo ofício, dando fim a inúmeros homens e mulheres dentre os quais muitos talentos e mentes científicas. Giordano Bruno que o diga.
A caça aos comunistas é uma atividade que emana sempre do conluio entre burguesia e clero. Os antigos inimigos do Ancient Régime, dão as mãos para manterem seus privilégios na modernidade contra o velho fantasma (que não ronda somente a Europa).
Estes representantes da Canção Nova, pe. Paulo Ricardo e "prof." Felipe Aquino, com seu programa Escola da Fé, ambos autênticas manifestações da mais pura e crua boçalidade da ideologia religiosa que busca renitentemente tutelar a consciência dos homens incautos, cultivando um espírito de tutela e dependência contraposto ao livre pensar. Mitigam a autonomia e liberdade da consciência com a ameaça da heresia. Constroem o espírito de sedimentação intelectual e de obediência servil aos cânones e dogmas eclesiásticos. Chegam ao absurdo, em tal programa (escola da fé), a veicular, na contramão de todo bom senso, que Marx e Engels eram ambos pertencentes a seitas satânicas. Estando nós no século XXI, isso parece duplamente insuportável. A primeira razão é que haja uma afirmação caluniosa tão rasteira, e a outra razão é saber que não só satanismo, mas também inúmeras outras crenças que remontam ao período neolítico, grassam em nosso meio e movimentam adeptos que compõe uma turba que chafurda no lodaçal do irracionalismo. Por certo Freud não errara ao avaliar que tal comportamento tivesse uma vinculação estreita com o espírito infantil de um povo. Uma completa falta de maturidade e ignorância que compõe um fértil terrono para todo tipo de manipulação e irresponsabilidade frente à realidade. Uma fertilidade que advém deste esterco abjeto que ainda aprisiona e suja o homem e seus olhos. Um esterco que cega porque visa mesmo a cegueira e não a elucidação do mundo. E é por isso que sangue por sangue, a história do comunismo foi e será sempre bem mais lívida do que a história das igrejas, que numa apenas falsa contradição, convive com a sujidade dos banhos de sangue, dos escândalos de pedofilia e comportamento desviante que atinge fiéis e seus pastores. Essa sujidade é conseqüência e não contradição da doutrina religiosa que prega a cegueira e a ignorância.
O capitalismo, embora na gênese tenha se valido e parasitado o racionalismo dos iluministas, é um sistema econômico-social que funciona muito bem com o irracionalismo e, ademais, exige-o. Seja o consumo irracional, sejam os fios ideológicos e religiosos que atam corpo e mente das marionetes fabricadas por tal sistema, ambas as formas de irracionalismo são elementos imanentes e constitutivos do capital, sem os quais o povo facilmente já teria quebrado suas algemas reais e fictícias.
Como Hamlet mesmo já houvera ponderado certa vez, pelas mãos de Shakespeare, que impede a mão de um homem munido de estilete dar cabo do sofrimento se não a crença forjada de outra vida e do suplício em danação eterna... O famoso monólogo que todos conhecem o início, mas não seu significado ao término. Ser ou não ser... A partir disso, é forçoso concluir que a ignorância é o alimento da perfídia. E as estatísticas provam que o homem religioso não é o mais isento a todos os crimes, mas o contrário. A religião anda de mãos dadas com os atos vis, e nestas mãos, ao invés das chagas da redenção de um cristo, o que vemos é o estigma da contradição perniciosa que sustenta a morte e a injustiça deste mundo.

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