sábado, 31 de outubro de 2009

DEUS E O COMUNISMO


Dando continuidade ao assunto "homenagem ao velho Vasco" e trazendo a discussão sobre temas voltados a comunismo, socialismo e capitalismo, ressuscito um artigo que escrevi para o jornal Folha de Rio Preto em abril de 2004. Naquele momento, fui questionado por um repórter sobre: Como um comunista pode ser ligado à religião?


Fui batizado na Basílica de Nossa Senhora de Aparecida, na Boa Vista em Rio Preto, logo ao nascer em 1968. Já na sequência (era prática), fui crismado. Aluno do Colégio São José, dirigido por Padres Agostinianos, fiz a primeira comunhão por lá nos idos de 1976.
Aos 16 anos, fui coordenador do JUCA, um grupo de jovens ligado à Igreja Católica na paróquia de São Judas Tadeu dos padres Combonianos, onde iniciei meus pensamentos políticos.
Ao longo de meus anos, ministrei cursos preparatórios para o Crisma, palestras em Cursos de Noivos, participei do movimento Construindo ligado ao Cursilho, dei catequese na (ainda em construção) paróquia do Menino Jesus de Praga, ligado ao Padre Jarbas com quem aprendi muita coisa.
Em 1998, criamos o GEAPOL na Paróquia da Maceno com apoio do Padre Valdecir e do Bispo D. Orani. Virei então Coordenador Diocesano da Pastoral Social.
Pronto. Este é o meu currículo na Igreja Católica. Devo dizer ainda que minha mãe é membro do Apostolado da Oração? Que meu pai é um ex-seminarista? Que ambos foram Cursilhistas e Coordenadores do Encontro de Casais com Cristo?
Penso que com estas informações aqui prestadas, ficam encerradas as dúvidas sobre minha atuação religiosa.
Mas, junto agora esta toada a outro relato.
Fui fundador na cidade de Rio Preto do PSDB, quando este partido ainda aglutinava o que o PMDB teve de melhor. Mais tarde, afastado por motivos óbvios, filiei-me ao PPS acreditando ser este o partido que herdara a história e glórias do PCB, golpeado em uma Assembléia ardilosamente elaborada por um grupo.
Recentemente, reorganizei sob a tutela de Roberto Vasconcellos e com auxilio de pessoas valiosíssimas, o PCB, verdadeiro partidão.
Criamos o Instituto Lúcia Galli para a formação política dos filiados.
Então vem a pergunta do amigo jornalista: "Não é incoerência? Um católico comunista?"
Então veja. Conversei com o Padre Jarbas, com o Padre Valdecir e com o próprio bispo D. Orani ao ingressar às fileiras do PCB. Todos compreenderam minha posição e não virão nenhum agravante. Mesmo assim, desliguei-me de minhas atribuições de dirigente nos grupos aos quais estava inserido.
Mas poderia ter ficado.
A verdade quanto ao caso é a seguinte: O Homem é o condutor do seu próprio destino. Cabe a ele transformar o mundo e a sociedade à sua volta, deixando de sofrer e minimizando o sofrimento do próximo. Promover condições de vida digna e igualdade, oportunidade e liberdade para todos. E a esta missão, devem dedicar-se os que se dizem comunistas e cristãos.
No entanto, quem entrega tudo como responsabilidade de um Criador, acaba por acreditar que o calvário é uma condição natural a ser enfrentada com resignação, sem reclamar e sem alterá-la.
O pensar desta forma, impede toda a ação de mudanças necessárias, pois o indivíduo que assim pensa, acredita alheias as coisas, independente de sua vontade ou força de luta.
O militante comunista, precisa ser um constante indignado, questionador, provocador e combatente das causas humanas. O marxismo-leninismo é a base da qual se criam estas orientações e formam, por exemplo, estruturas como o PCB.
Mas ao homem que é garantida a liberdade, também é dada a liberdade de crer e servir ao seu Deus, desde que este não seja limitador da liberdade, impedidor da dialética e o único e grande causador das mazelas humanas.

Um comentário:

  1. Caro Carlos,

    No marxismo -leninismo, temos que ter a consciência que o homem necessita dos bens materiais para a sua sobrevivença convivência social, no respeito ao outro e na construção de um mundo coletivo.Quanto a Deus temos que materializa-lo, assim como pensamos no materialismo histórico dialético. Deus materializado na nossa visão é fruto do pensar do homem, da criação do homem, e algo pra ser respeitado. Já na visão do capitalista ou idealista apenas cultuado em certas horas, depois voce sabe bem, como acontece, é falcatrua é roubo,e má gestão da coisa pública e todos são cristãos é uma vergonha. Não que todos hajam assim, porém temos que chamar atenção pra ética Cristã. Assim como nós temos a ética comunista da construção coletiva, e fazemos nosso auto-crítica cotidianamente.

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