quinta-feira, 23 de julho de 2009

Matéria Jornal Esquerda.Net (Portugal)


Recebi mensagem do professor Dalledone a qual apresento aos visitantes.

Minha gente,
o artigo abaixo foi republicado por um jornal eletrônico português, o Esquerda.Net, geralmente portador de matérias de oposição, preparadas por quadros qualificados ou altamente qualificados. É o porta-voz de uma frente de partidos e organizações dirigidas por forças que abrangem diversos segmentos progressistas de Portugal. Mas o interessante é que, neste caso, reproduzem um artigo de Paul Krugman sobre economia e meio ambiente, com predições catastróficas para os EUA e para o mundo, havendo uma clara preocupação com os destinos da Humanidade, preocupação esta que ultrapassa os limites de classe, isto é, da burguesia norte-americana. Enquanto isso, alguns grupos de esquerda, aqueles que viram setores da burguesia passar com uma bandeira de interesse de toda a Humanidade, mas que por despreparo não sabiam que bandeira era aquela, fazem o discurso de que só defendem o meio ambiente, quando isso interessar à classe operária e à classe camponesa..., esquecendo-se ou, mais exatamente, desconhecendo que Karl Marx dizia que a classe operária lideraria uma revolução social para a Humanidade e não para si. O discurso sectário é, na verdade, não um discurso de frações avançadas da classe operária, mas de frações da pequena burguesia radicalizada e ultraesquerdista, mascarada de defensora da classe operária. Na prática, acaba levando ao desvirtuamento do discurso do trabalhador e acaba defendendo a mesma coisa que o latifúndio e determinadas frações do capital monopolista. Por exemplo, no Brasil, dizer que é balela o discurso ambientalista de proteção da Amazônia é sinônimo direto de defender os interesses de grandes pecuaristas que atuam na região e que são os principais destruiidores da floresta amazônica. Essa gente e outros assemelhados, também, explora trabalho escravo. Desse modo, a ultraesquerda, que aparenta ser um agrupamento mais revolucionário dentre todos os mais revolucionários, na prática, defende os interesses mais espúrios do latifúndio voltado para a pecuária mais agressiva e mais letal para a Humanidade!!!! Os latifundiários agradecem!!!!!
Nilson Dalledone


Encanar a perna à rã
17-Jul-2009
por Paul Krugman*


O presidente Obama e a liderança no Congresso compreendem bem os problemas económicos e ambientais e no entanto pouco fazem para os travar. Porquê? É a isso que não sei responder

Estarão os EUA a encanar a perna à rã? Ou estará o país a tornar-se uma "rã cozida"?
Refiro-me, obviamente, à proverbial rã que, metida numa panela com água fria que é gradualmente aquecida, nunca se apercebe do perigo em que está e acaba por ser cozida viva. Bem, as rãs verdadeiras saltam da panela, mas adiante. A hipotética rã cozida é uma metáfora útil para um problema muito real: o da dificuldade que temos em reagir a desgraças que, gradual e insidiosamente, nos espreitam... E desgraças insidiosas são aquilo com que mais nos temos confrontado ultimamente.

Comecei a pensar em rãs cozidas recentemente, ao verificar o lamentável nível do debate sobre política económica e ambiental. Ambas são áreas em que há um substancial atraso nos resultados até que as medidas políticas surtam efeito - um ano ou mais no caso da economia e décadas no caso do planeta - e, no entanto, é muito difícil convencer as pessoas a fazerem o que é preciso para impedirem uma catástrofe anunciada.

Neste preciso momento, tanto a rã da economia como a do meio ambiente estão quietas, impávidas, enquanto a água vai aquecendo. Comecemos pela economia. No Inverno passado, a economia estava em crise aguda, parecendo haver fortes possibilidades de se vir a repetir a Grande Depressão. E houve uma reacção política razoavelmente forte sob a forma de um plano de estímulo à economia, o de Barack Obama, embora não tão forte como alguns desejariam.

Actualmente, porém, a crise aguda deu lugar a uma ameaça muito mais insidiosa. Para muitos dos que fazem previsões em economia, o crescimento do produto interno bruto está para acontecer em breve, se é que não aconteceu já. Mas tudo aponta para uma "recuperação sem empregos": em média, os analistas sondados pelo "The Wall Street Journal" estão persuadidos de que a taxa de desemprego vai continuar a aumentar no próximo ano e no fim de 2010 será tão alta como a actual.

Ora estar-se desempregado durante algumas semanas já é mau quanto baste; durante meses ou anos é bem pior. No entanto, é exactamente o que vai acontecer a milhões de norte-americanos se a média das previsões estiver certa - o que significa que muitos dos desempregados irão perder as poupanças, as casas e muito mais. Para impedirmos esse desfecho - e não esqueçamos que não se trata de uma opinião das Cassandras económicas, mas de previsões consensuais - precisamos de mais uma leva de estímulos fiscais muito em breve. Mas nem o Congresso nem, infelizmente, a administração Obama mostram quaisquer intenções de agir. Agora que acabou a queda livre, todo o sentido de premência parece ter desaparecido.

Este estado de coisas vai provavelmente mudar logo que a realidade da recuperação sem empregos se tornar flagrante.
Mas nessa altura já será tarde de mais para se evitar uma desgraça humana e social em câmara lenta. Mesmo assim, o problema da rã cozida da economia não é nada em
comparação
com o problema da necessidade de intervir nas alterações climáticas.

Ponhamos assim o problema: Se a previsão consensual dos peritos económicos é sombria, o consenso dos peritos em questões climáticas é absolutamente assustador. De momento, a previsão dos principais modelos climáticos - não o pior cenário, mas o mais provável - é a catástrofe total, um aumento de temperaturas tal que irá desregular totalmente a vida como a conhecemos, se continuarmos no caminho que vimos percorrendo até aqui. O modo de impedir essa catástrofe devia ser a questão política primordial do nosso tempo.

Mas não o é, porque a alteração climática é uma ameaça insidiosa e não uma crise que atrai as atenções. A verdadeira dimensão da catástrofe não será visível durante décadas, talvez gerações. Com efeito, passarão provavelmente muitos anos antes que a tendência ascendente das temperaturas se torne tão óbvia para o observador comum que faça calar os cépticos. Infelizmente, se esperarmos para agir até que a crise climática se torne assim tão óbvia, a catástrofe já se terá tornado inevitável.

Embora o Congresso tenha aprovado uma importante medida legislativa, em si um acontecimento político espantoso e animador, a legislação ficou muito aquém do que o planeta de facto precisa - e, apesar disso, espera-a uma forte oposição no Senado. E, sejamos claros: tanto o presidente como a liderança partidária no Congresso compreendem perfeitamente as questões económicas e ambientais. Portanto, se o actual contexto não produzir medidas para impedir a catástrofe, que contexto poderá produzi-las? É por isso que me continua a vir à cabeça a imagem das rãs cozidas.

*Economista Nobel 2008

Fonte: Exclusivo i/The New York Times

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